Em 21 e 22 de novembro fui a São Paulo, para a maratona de exposições.
O MASP, cuja programação raramente compensa os R$15,00 da entrada, desta vez estava valendo: além de outra exposição temática sobre o acervo (desta vez auto-retratos) - sempre é bom rever e sonhar com um tempo em que o mecenato brasileiro podia comprar Van Gogh, Rembrandt, Rafael, Gauguin, Monet, diga um nome... Mas o que valeu a entrada é uma exposição sobre arte contemporânea chinesa (China: Construção – Desconstrução), com um bom catálogo. Um dever de casa que ainda não fiz é uma comparação entre os nomes desta exposição (16 artistas) e os da exposição de alguns anos atrás no CCBB. Os artistas desta exposição são: Wang Qingsong, Yin Zhaoyang, Chen Bo, Wang Chengyun, Ma Jawei, Qiu Xiaofei, Ai Weiwei, Yin Xiuzhen, Xiong Yu, Zhou Wenzhong, Mao Yan e Liu Ding.
Na OCA (Parque Ibirapuera), uma exposição comemorativa dos 60 anos de MAM-SP. Excelente exposição, embora o andar térreo esteja com uma distribuição meio confusa, a qualidade das obras expostas é enorme. Muita coisa boa, mais de 500 obras em exposição, além do aspecto documental. Ao meu ver um dos pontos altos da exposição é rever a série trágica, do Flávio de Carvalho (que na verdade não está mais com o MAM e faz parte das obras do MAM doadas pelo Cecílio Matarazzo à USP, na manobra até hoje mal explicada que quase acabou com o Museu, que só a muito custo conseguiu, depois, se reerguer). Destaco também uma sala linda, em volta de vários trabalhos do Leonilson, perto de outra sala com várias Mira Schendel. Como se não bastasse, no subsolo um magistral ambiente do Frans Krajcberg, com várias esculturas enormes de madeira queimada e fotos contra a destruição do meio ambiente.
MAM-SP Depois de ver a exposição dos 60 anos do MAM, o próprio MAM ainda oferece coisas surpreendentes: o Projeto Parede, desta vez um belo mural do Barrio. Uma "exposição de curador" - "Cover = Reencenação + Repetição" (interessante, bom catálogo). E uma retrospectiva, com um bom catálogo, do músico suíço Walter Smetak (1913-1984), que se radicou na Bahia, foi citado por Caetano Veloso, Arto Lindsay (um dos curadores da mostra, com Jasmin Pinho), influenciou vários grupos musicais. Para mim uma surpresa ver que além de importante como músico, ele era um escultor, produzindo instrumentos musicais com sons diferentes e que funcionam como escultura, onde o espaço é conquistado pelo visual e pelo auditivo. Algo na linha do que hoje é feito pelo Chelpa Ferro, Paulo Vivacqua, Paulo Nenflidio e outros. E, na lojinha, uma barganha: "Abdias Pequeno", um múltiplo em resina do Sérgio Romagnolo (pequeno sim, cerca de 20cm de altura), com tiragem de 150 exemplares, por incríveis R$95,00.
28ª Bienal de São Paulo, a Bienal do Vazio. Bom, realmente, a visão do vazio do 2º andar é impressionante. Porém no final da visita fica muito pouco. Para mim, que amo pintura, é pouco ver apenas uma pintura (a pintura do chão da Dora Longo Bahia), bonita, e feita para ser pisada...
No CCBB, uma exposição, "Sobrevivência", de Eduardo Srur, na verdade espalhada por diversos monumentos públicos na cidade (um deles eu vi de perto, no Parque Trianon em frente ao MASP). São vinte e cinco esculturas “vestidas” com coletes e bóias salva-vidas, produzidos em escala proporcional a cada uma delas. E Brasil Brasileiro, que procura "festejar o conceito de brasilidade". Uma instalação do Nelson Leirner, no vão central, mostra uma "praia", com bananas e guardas-sol... Uma trilha sonora agradável, com músicas brasileiras, e é bom ver ou rever os Volpi, Guignard, Leonilson, Bonadei, Gerchman, Tarsila... pena: não tinha (ainda?) catálogo.
Na Pinacoteca de São Paulo uma retrospectiva da Maria Bonomi ("Gravura Peregrina"), muito bonita. Um trabalho forte, monumental. Ainda: instalações da artista espanhola Cristina Iglesias, "Eliseu Visconti: Arte e Design" e uma retrospectiva do (para mim desconhecido) modernista paulista Leopoldo Raimo.
Na Estação Pinacoteca, a razão maior de minha ida a SP, a exposição da Beatriz Milhazes. Um colírio para os olhos, um refrigério para a alma... A instalação nas janelas da sala do meio são vitrais de uma catedral pós-moderna, brasileira, universal. Um excelente catálogo. Além da Beatriz e do bom acervo (coleção José e Paulina Nemirovsky), uma boa exposição sobre artistas mexicanos ("A Era da divergência: Arte e cultura visual no México 1968 – 1997")
Paralela 08 nos galpões do Liceu de Artes e Ofícios, um espaço incrível, correndo em paralelo com a Bienal, com curadoria de Rodrigo Moura e organizada por 11 galerias paulistanas. É a quarta edição do evento e reúne obras de 61 artistas. Batizada pelo curador com o nome “De Perto e de Longe”, título emprestado de um livro de Claude Lévi Strauss, a “Paralela” conta com obras produzidas desde a década de 1970 e investiga o interesse dos artistas pela idéia de “lugar”. Uma excelente exposição, trabalhos com altíssima qualidade, difícil destacar alguns poucos sem cometer injustiças mas vamos lá: a instalação do Nuno Ramos (um trágico Goeldi ampliado - algo para uns 2x3m - cavado no chão e cheio de óleo queimado). O ambiente penetrável do Ernesto Neto. A cascata de garrafas PET da Márcia Xavier (na minha visita, um violento e inesperado temporal, entrando nos galpões em alguns lugares, ecoava a cascata). Um ambiente monumental, imenso vazio, com esculturas do Efraim Almeida. As "vanitas" do Saint Clair Cemin. Os quadros-letreiros do Rodrigo Matheus. Um cisne-escultura da Erika Verzutti. As pipocas de cerâmica espalhadas pelo chão, pisadas, presenças discretas, da Débora Bolsoni. A Paralela, ao contrário da Bienal, mostra como bem preencher um vazio, com trabalhos de qualidade, montagem sobria e uma proposta instigante.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
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