domingo, 29 de maio de 2016

Luiz Lopes Coelho, precursor da literatura policial brasileira




O escritor Luiz Lopes Coelho, morto em 1975, é pioneiro da literatura policial brasileira e referência no gênero para os leitores - e escritores como Rubem Fonseca e o jovem Raphael Montes. Acabei de ler/reler seus três livros de contos: "A morte no envelope" (1957), "O homem que matava quadros" (1961) e "A ideia de matar Belina" (1968), parte de uma pesquisa para meus novos trabalhos em ficção, e recomendo a leitura. A linguagem elegante, bem característica da época e do mundo onde transitam seus personagens - alta roda paulista com interseções com a marginalidade de bookmakers, empresários falidos, mulheres caça-dotes, sequestradores - é o sabor especial, embora alguns contos acabem ficando datados (sem spoilers...). O que acho melhor é "O homem que matava quadros", o conto que dá título ao livro é uma pequena obra-prima, e transportando o embate abstratos x figurativos para pintores x multimidias ou mesmo artistas x curadores se poderia dizer um texto contemporâneo. Os livros estão esgotados, mas achei na Estante Virtual por preços irrisórios, e um site do "Projeto Mão em Mão", da Prefeitura de São Paulo, disponibiliza grátis uma coletânea, "Ninguém morre duas vezes", boa para se chegar ao autor; porém para mim esta leitura fica melhor em livro, com o cheiro e o tato do papel, a ortografia da época e as capas como a do Eugênio Hirsch para a Editora Civilização Brasileira.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Terra de casas vazias

Terminei "Terra de casas vazias", o terceiro livro que leio do autor goiano André de Leones. Lançado em 2013 e mais ambicioso que os outros, é um romance que se estende por Brasília, São Paulo e Jerusalém, tem 5 núcleos nos quais os personagens se cruzam em sua busca por algo inatingível. Os outros livros dele que li até agora: "Hoje está um dia morto" (2006), prêmio no Concurso SESC e "Dentes negros" (2011), o que mais gostei. Achei "Terra de casas vazias" interessante, mas me parece que falta "algo", talvez a força que aparece na escrita dos outros; os personagens deste novo romance são bem caracterizados e tem seu fundo negro, muito negro; o enredo tem situações forte, mas para mim tudo parece um pouco inconsequente, como se a narrativa não aprofundasse. Os outros livros do autor que já estão na minha fila de leitura são: "Paz na terra entre os monstros" (2008) e "Como desaparecer completamente" (2010), que consegui bem barato na Estante Virtual. Este último foi parte do projeto "Amores Expressos", que enviou alguns escritores a cidades onde escreveram seus livros - e que nos trouxe entre outros os ótimos livros do Bernardo Carvalho, do Joca Reiners Terron, do Daniel Galera - mas o do André de Leones ao final não foi aceito pelo projeto e acabou sendo publicado pela Rocco; bom, estou curioso.