tag:blogger.com,1999:blog-70183682024-02-08T00:43:05.801-03:00Jozias BenedictoCrônicas & comentários sobre artes visuais, amigos, cultura, livros, música, viagens, viños & outros hedonismosJozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.comBlogger355125tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-27325771273375134342016-05-29T13:15:00.004-03:002016-05-29T13:15:48.310-03:00Luiz Lopes Coelho, precursor da literatura policial brasileira<div class="mvm fbPhotosPhotoOwnerButtons stat_elem" id="fbPhotoSnowliftOwnerButtons" style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqPp8Qixxj_f9xYFII7ZdrKJaSWI8O9z-OYlujneWIUaO9cJi6WsMKUNCqqM1kX7Fr1M6IdR6y8HjgF_4PnC3r3uUS1S9RJn23DuqUlbtQz9SI8TOUhQqmPf-tJoq2mhTYQ1ON/s1600/LLC+livros.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqPp8Qixxj_f9xYFII7ZdrKJaSWI8O9z-OYlujneWIUaO9cJi6WsMKUNCqqM1kX7Fr1M6IdR6y8HjgF_4PnC3r3uUS1S9RJn23DuqUlbtQz9SI8TOUhQqmPf-tJoq2mhTYQ1ON/s320/LLC+livros.jpg" width="320" /></a><div class="_51xa _3-8m _3-90" id="photosTruncatingUIButtonGroup" style="box-shadow: none; display: inline-block; margin-bottom: 4px; margin-right: 8px; margin-top: 4px; vertical-align: middle; white-space: nowrap;">
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<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" style="color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption"><div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_574b11e35b2bd6a41621718" style="display: inline;">
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<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" style="color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption"><div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
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<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" style="color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption"><div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
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<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" style="color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption"><div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
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O escritor <b>Luiz Lopes Coelho</b>, morto em 1975, é pioneiro da literatura policial brasileira e referência no gênero para os leitores - e escritores como Rubem Fonseca e o jovem <a data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100001235141901&extragetparams=%7B%22directed_target_id%22%3A0%7D" href="https://www.facebook.com/raphael.montes.31" style="color: #365899; cursor: pointer; text-decoration: none;">Raphael Montes</a>. Acabei de ler/reler seus três livros de contos: "A morte no envelope" (1957), "O homem que matava quadros" (1961) e "A ideia de matar Belina" (1968), parte de uma pesquisa para meus novos trabalhos em ficção, e<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"> recomendo a leitura. A linguagem elegante, bem característica da época e do mundo onde transitam seus personagens - alta roda paulista com interseções com a marginalidade de <i>bookmakers</i>, empresários falidos, mulheres caça-dotes, sequestradores - é o sabor especial, embora alguns contos acabem ficando datados (sem <i>spoilers</i>...). O que acho melhor é "O homem que matava quadros", o conto que dá título ao livro é uma pequena obra-prima, e transportando o embate abstratos x figurativos para pintores x multimidias ou mesmo artistas x curadores se poderia dizer um texto contemporâneo. Os livros estão esgotados, mas achei na Estante Virtual por preços irrisórios, e um site do "<a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.projetodemaoemmao.com.br%2Flivro-ninguem-morre-duas-vezes.asp&h=4AQE0FkFc&enc=AZPTARih3ghO38cqF5jeqhqQu20JTGf6X7nF1to_RV0_w16xplSv3ts2XJymUqtG92XSMbKbn8PCpk4rDju1a_RsIJ56y3rab4eprR9yzZCKgWGnC-0coy8dS5q9lnRVsCKvtTrUWtk-6uZxXN9uUecI&s=1">Projeto Mão em Mão</a>", da Prefeitura de São Paulo, disponibiliza grátis uma coletânea, "Ninguém morre duas vezes", boa para se chegar ao autor; porém para mim esta leitura fica melhor em livro, com o cheiro e o tato do papel, a ortografia da época e as capas como a do Eugênio Hirsch para a Editora Civilização Brasileira.<br /></span></div>
</span></span><div class="pts fbPhotoProductsTagList" id="fbPhotoSnowliftProductsTagList" style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; padding-top: 5px;">
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<div class="pts fbPhotoLegacyTagList" id="fbPhotoSnowliftLegacyTagList" style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; padding-top: 5px;">
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<div class="_51xa _3-8m _3-90" id="photosTruncatingUIButtonGroup" style="box-shadow: none; display: inline-block; margin-bottom: 4px; margin-right: 8px; margin-top: 4px; vertical-align: middle; white-space: nowrap;">
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<a class="_42ft _4jy0 fbPhotosPhotoActionsTag taggingOff photosTruncatingUIButton _4jy3 _517h _51sy" data-buttonname="tagPhoto" data-ft="{"tn":"+;"}" href="https://www.facebook.com/?ref=tn_tnmn&qsefr=1#" id="u_jsonp_11_h" role="button" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-color: #f6f7f9; border-bottom-left-radius: 2px; border-bottom-right-radius: 0px; border-top-left-radius: 2px; border-top-right-radius: 0px; border: 1px solid rgb(206, 208, 212); box-shadow: none; box-sizing: content-box; color: #4b4f56; cursor: pointer; display: inline-block; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; font-weight: bold; line-height: 22px; margin: 0px !important; opacity: 1; padding: 0px 8px; position: relative; text-decoration: none; text-shadow: none; vertical-align: middle; white-space: nowrap; z-index: 1;">Tag Photo</a></div>
<br />Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-6069457136958374802016-02-28T14:19:00.001-03:002016-02-28T14:19:09.251-03:00<h2>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px;">Terra de casas vazias</span></h2>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgApTh2mHMsKPfbJd8MsQFgR5Ia25koN1HEVwPBlnitno1yczecVeNljRJHLplyVsmlqJoGLaGKhXfvPsw9tQ_ZLL33NSl6u-w3d8L6jlFKMmDarO6X5eXRSyV8FYUqf66qWQsA/s1600/FullSizeRender.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgApTh2mHMsKPfbJd8MsQFgR5Ia25koN1HEVwPBlnitno1yczecVeNljRJHLplyVsmlqJoGLaGKhXfvPsw9tQ_ZLL33NSl6u-w3d8L6jlFKMmDarO6X5eXRSyV8FYUqf66qWQsA/s320/FullSizeRender.jpg" width="214" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px;">Terminei "Terra de casas vazias", o terceiro livro que leio do autor goiano André de Leones. Lançado em 2013 e mais ambicioso que os outros, é um romance que se estende por Brasília, São Paulo e Jerusalém, tem 5 núcleos nos quais os personagens se cruzam em sua busca por algo inatingível. Os outros livros dele que li até agora: "Hoje está um dia morto" (2006), prêmio no Concurso SESC e "Dentes negros" (2011), o que mais gostei. Achei "Terra de casas vazias" interessante, mas </span><span class="text_exposed_show" style="color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px;">me parece que falta "algo", talvez a força que aparece na escrita dos outros; os personagens deste novo romance são bem caracterizados e tem seu fundo negro, muito negro; o enredo tem situações forte, mas para mim tudo parece um pouco inconsequente, como se a narrativa não aprofundasse. Os outros livros do autor que já estão na minha fila de leitura são: "Paz na terra entre os monstros" (2008) e "Como desaparecer completamente" (2010), que consegui bem barato na Estante Virtual. Este último foi parte do projeto "Amores Expressos", que enviou alguns escritores a cidades onde escreveram seus livros - e que nos trouxe entre outros os ótimos livros do Bernardo Carvalho, do Joca Reiners Terron, do Daniel Galera - mas o do André de Leones ao final não foi aceito pelo projeto e acabou sendo publicado pela Rocco; bom, estou curioso.</span>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-56832784021016340752012-10-14T02:03:00.000-03:002012-10-14T02:35:29.725-03:00Narrativas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-X6fc18afM36CI0QgSUdSCLK3C4Y46kxD33Cp3pIQrnbx9APU2FkJwI6iYFC3BqsZqLVIek0qpAP7yeNJaCQpGJr5NXjiN6t9H93amrcrKwd3p3pJFLroht6KjAMTRZGe23S3/s1600/Transperformance+2.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-X6fc18afM36CI0QgSUdSCLK3C4Y46kxD33Cp3pIQrnbx9APU2FkJwI6iYFC3BqsZqLVIek0qpAP7yeNJaCQpGJr5NXjiN6t9H93amrcrKwd3p3pJFLroht6KjAMTRZGe23S3/s320/Transperformance+2.JPG" width="192" /></a><br />
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Muita coisa acontecendo. O tempo não para. Não para, mesmo, eu sei.<br />
Uma viagem, estive pela primeira vez em uma Documenta, em Kassel, uma exposição que aponta para o futuro. E para minha surpresa vejo que a Documenta mostra coisas que me são muito familiares. Uma arte sem formalismo, sem esteticismos. A volta da narrativa, da pesquisa, do texto, da historicidade, da memória. Uma exposição política, que ousa desafiar o circuito, ousa incorporar o passado, ousa questionar o mercado, a lógica do mercado.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb_FYBIYEePK3FFIJmLbYL0D_lSS2VIy1KRyTSMwZsA5lxgIXTXwhkclhnecfyF4PjuiT5qxNrBu8qqNnqNSAnMUwaRZAwQ6RG2BKpe-b4Xw7qtZmon7hTrtpLHbofCMjgIQp0/s1600/IMG_4391.JPG" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb_FYBIYEePK3FFIJmLbYL0D_lSS2VIy1KRyTSMwZsA5lxgIXTXwhkclhnecfyF4PjuiT5qxNrBu8qqNnqNSAnMUwaRZAwQ6RG2BKpe-b4Xw7qtZmon7hTrtpLHbofCMjgIQp0/s200/IMG_4391.JPG" /></a>Em conversas com pessoas que são importantes para mim e que respeito muito, me vem a coragem de ousar um trabalho novo, que, como meus trabalhos dos anos 1970 e 80, não tem medo da narrativa. Uma videoperformance, uma narração, um texto meu contado de uma maneira despojada, não é uma encenação, é uma narrativa, olhos nos olhos dos espectadores, simples assim.<br />
E está lá, até dezembro, na exposição Transperformance 2, na Oi Futuro, com curadoria da Marisa Flórido: "A dona de tudo". Na inauguração as pessoas faziam fila para ver/ouvir, 6min20seg, um texto tenso que escrevi há algum tempo e que agora vem à luz e me anima a retomar trilhas que já estavam em meus trabalhos antigos, que agora me parecem tão atuais, tão "para o futuro". Paradoxos do tempo, o verdadeiro futuro está ancorado em um verdadeiro passado, "what's past is prologue" (Will.S.). <br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqmUfX0wBrI7GZjgF4dFdb39vOckzKzQCLQOjWau9YmpBEIIfik12stsnpxE_2HFOF51DxDVNLdBTRDasXZ-xHEqKKJTL8jT4nzMZD_qT1lv7_hRNBHuO7imym-Z8R1E_7Yk_/s1600/IMG_4399.JPG" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqmUfX0wBrI7GZjgF4dFdb39vOckzKzQCLQOjWau9YmpBEIIfik12stsnpxE_2HFOF51DxDVNLdBTRDasXZ-xHEqKKJTL8jT4nzMZD_qT1lv7_hRNBHuO7imym-Z8R1E_7Yk_/s200/IMG_4399.JPG" /></a><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjjhapBvsWao6_3bGMXDNH0Gjh5mKB3P9MQmfhSQc1UoJdgqdD1G4vpNlTC8JLTkZc9s_-J6_BnlOFQ0jQvqFVFtyW0GylcQp7E2sFpEObftxTOrZeMyx4FO9VC6gl0hAAxYgR/s1600/IMG_4443.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjjhapBvsWao6_3bGMXDNH0Gjh5mKB3P9MQmfhSQc1UoJdgqdD1G4vpNlTC8JLTkZc9s_-J6_BnlOFQ0jQvqFVFtyW0GylcQp7E2sFpEObftxTOrZeMyx4FO9VC6gl0hAAxYgR/s320/IMG_4443.jpg" width="238" /></a>Para mim, uma retomada dos cadernos de xerox que mostrei na Galeria Macunaíma, das cópias heliográficas que mostrei no Parque Lage e na Radio-Novela nos pilotis da PUC, e uma junção dos textos (nos quais venho trabalhando com a Vivência Literária do Luiz Ruffato) com a pintura, o visual. Criar imagens, e também deixar livre o campo para o espectador/ouvinte criar suas imagens.<!--EndFragment--><br />
Escreveu Walter Benjamin: "Quem escuta uma história está em companhia do narrador; mesmo quem a lê partilha dessa companhia", e é isso o que eu quero mostrar nestes meus novos trabalhos, quero ser o narrador destas histórias para cada um dos ouvintes, individualmente, na luz tremeluzente de uma fogueira, como na Grécia o fez um poeta cego.<span style="font-family: Arial;"><br /></span>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-69911192616048369872012-03-29T05:56:00.000-03:002012-03-29T05:56:34.615-03:00Dobras e vincos, magia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWM8U-stJmoL_Zf5imYaTfzoAyUopzBoOCZ4vMIscMeNjRepHfQNqNCLVsefEZqT6KCNQK5BXFkjlOzGl_yes9GtQbJgsUCFi60Twi0F4I941d3jqU5nYZa1jQGjYDFxJW8mf4/s1600/LUGAR+DE+DOBRAS+E+VINCOS+frente.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="90" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWM8U-stJmoL_Zf5imYaTfzoAyUopzBoOCZ4vMIscMeNjRepHfQNqNCLVsefEZqT6KCNQK5BXFkjlOzGl_yes9GtQbJgsUCFi60Twi0F4I941d3jqU5nYZa1jQGjYDFxJW8mf4/s200/LUGAR+DE+DOBRAS+E+VINCOS+frente.gif" width="200" /></a></div>Gabriela é uma artista portuguesa que, por estes mistérios do mundo globalizado, está no Brasil e no Parque Lage como está em NYC e em Portugal, mas cujo trabalho remonta a lembranças de infância, a cheiros e vivências de um mundo talvez perdido talvez reencontrado pela arte.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBjnxkFr6mEoL87IWimAWc4V2Y8zlBvvwPv1uxvPHva16TM54SGrTRgAGj-07rRSkY7RxF1PH1_pQgCG9zYLd_WO58FlQBkIxt_SJILgsbgmIdhfcuHF80oFY7rPfpNnsxfDls/s1600/LUGAR+DE+DOBRAS+E+VINCOS+verso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="90" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBjnxkFr6mEoL87IWimAWc4V2Y8zlBvvwPv1uxvPHva16TM54SGrTRgAGj-07rRSkY7RxF1PH1_pQgCG9zYLd_WO58FlQBkIxt_SJILgsbgmIdhfcuHF80oFY7rPfpNnsxfDls/s200/LUGAR+DE+DOBRAS+E+VINCOS+verso.jpg" width="200" /></a></div>Gabriela me pede um texto sobre seu trabalho, penso, penso, e escrevo. Gosto do trabalho, gosto do jeito polido e discreto de Gabriela, gosto de conhecer mais sobre os artistas portugueses, tão perto de nós e ao mesmo tempo tão distantes, gosto de me sentir em uma viagem que talvez tenha começado séculos atrás, afinal o mundo globalizado do contemporâneo começou com as navegações portuguesas, com o "navegar é preciso". Pertos e distantes, faço meu dever de casa, um texto, vejo as imagens dos trabalhos de Gabriela, as dobras e vincos, e penso que as ondas dos tecidos que Gabriela representa em suas pinturas são as ondas e mares que, navegados, conquistados, trouxeram a nós, Império dos Trópicos, a sede do absoluto, a magia.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHCI9kO_KtxsLcyCiFIG3B1vt17Ag9r718hX0Nmhqp3czzLbRX-agL1w14iCZ3XvhVo8gD5lDqxv47BZM1itleLIWqOFEGkXOTclt65j1uRilWGm1Y7pdJsC_Mfg9VkKZCEBZJ/s1600/Sem+tu%CC%81lo,+te%CC%81cnica+mista,+100X150+-+Co%CC%81pia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="139" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHCI9kO_KtxsLcyCiFIG3B1vt17Ag9r718hX0Nmhqp3czzLbRX-agL1w14iCZ3XvhVo8gD5lDqxv47BZM1itleLIWqOFEGkXOTclt65j1uRilWGm1Y7pdJsC_Mfg9VkKZCEBZJ/s200/Sem+tu%CC%81lo,+te%CC%81cnica+mista,+100X150+-+Co%CC%81pia.jpg" width="200" /></a></div>É preciso.<br />
Sim, é. É preciso, mesmo que nos afoguemos neste mar impreciso, mas é preciso, totalmente.<br />
Aqui vai meu texto sobre o trabalho de Gabriela:<br />
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<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Fábrica de Magia<o:p></o:p></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">Visitar A Fábrica foi sempre um momento mágico para a menina. O pai comandava tudo, de sua sala. Na parede, reproduções de pinturas clássicas, santos, paisagens, naturezas mortas. O silêncio reverente, a calma e o aroma de mentol, de lavanda, de tempo, da sala do pai contrastavam com o barulho ritmado, o movimento incessante e o cheiro acre das salas das máquinas, onde gigantescas bobinas comandavam a dança do tecido: enrolar, desenrolar, cortar, vincar, enrolar, desenrolar... A Fábrica era toda em tons de cinza sob um sol ibérico, mas o tecido era multicor, e ao se movimentar nas bobinas adquiria novos reflexos, tonalidades vibrantes, brilhos como o de pedras preciosas, de penas de pavão, de carpas imperiais, de borboletas dos trópicos. As bobinas se movimentavam em seu ritmo, com vida própria, e os finos fios eram, por este movimento, unidos, trançados, transformados em luz, em cor. Em magia.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">Muito tempo depois, as bobinas da infância de Gabriela Simões Henriques (há décadas substituídas por outras tecnologias) voltam a se mover e a criar beleza, através do trabalho da artista. Não mais fios produzindo tecidos, não mais tecidos que enrolam, desenrolam, e sim: tela, papel, pincel, pigmentos, utilizados por Gabriela para, em suas pinturas, trazer ao espectador o encantamento sentido nas visitas à Fábrica e nunca esquecido. A menina talvez não soubesse, mas hoje a artista sabe, que o ritmo e o movimento das bobinas são arte, e uma arte mais viva que a que a menina via nos passeios aos museus ou nas reproduções na sala do pai na Fábrica.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">Em algumas das pinturas de Gabriela, as bobinas se mostram quase que realistas, com sugestões de volume; às vezes se dissolvem, aparecendo como movimento; e em outras como pura cor, luz, ou matéria pictórica, em abstrações. Como se aqueles momentos na Fábrica não coubessem em um só trabalho, em uma só técnica, em uma só linguagem; e que vivência infantil cabe inteira em uma só linguagem?<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">(A artista termina uma pintura, e olha para ela. No cavalete, a pintura retribui o olhar, e vê a artista. A menina também está presente no ateliê, e olha a pintura, e olha a artista, e fica feliz. Ao longe, talvez se ouça o ritmo de máquinas, ou será o Carnaval nos trópicos cheios de magia e borboletas azuis onde a artista agora mora?)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><!--EndFragment-->Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-80930836427400499092012-02-20T01:31:00.002-02:002012-02-22T20:02:35.152-02:00Lugar quente é... no Bola Preta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGmFp_dnGryrx_eCDSLp3XPxNYyZ59WI4smNaLHLrJ9tWBzH2zA0K0P4ot3BNozrVlwMXq3DCBiTlVWoMw_Pnaog24g2if-A5VdbcnkfICI_LteSCenpiSl8YtfundIz_A_EHh/s1600/403082_392308660784086_100000148671993_1787137_1620466362_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGmFp_dnGryrx_eCDSLp3XPxNYyZ59WI4smNaLHLrJ9tWBzH2zA0K0P4ot3BNozrVlwMXq3DCBiTlVWoMw_Pnaog24g2if-A5VdbcnkfICI_LteSCenpiSl8YtfundIz_A_EHh/s320/403082_392308660784086_100000148671993_1787137_1620466362_n.jpg" width="320" /></a></div>Um convite irrecusável, apesar da logística de acordar cedo e tudo o mais. Sair no Cordão do Bola Preta, em seu aniversário de 93 anos, mas não no chão e sim com "a Diretoria", em um carro, irrecusável... e o Bola Preta é a abertura do Carnaval carioca, mesmo com os blocos antecipados de 6a.feira, um Carnaval que nestes anos cada vez mais se transformou em um mega-evento (como tudo na sociedade do espetáculo).<br />
Convite irrecusável, lá estamos nós, minha paranóia me faz arquivar em casa o iPhone e levar um celular simplezinho, pouco dinheiro, documentos só o essencial. Bobagem, depois eu vi. Pois lá estamos, no caminhão com som e boca-livre de cerveja, água, maçãs e preciosos sanduíches, para quem madrugou às 6 da matina e ralou muito até que às 10h o cordão finalmente se movimentou. Um mar de pessoas, a Av.Rio Branco enchendo o cálculo é 1 milhão e meio de pessoas, mas às 10h as ruas perpendiculares também estavam todas cheias, a estimativa é de 2 milhões ou 2 milhões e meio. Um pouco de saudade de quando a passeata dos 100 mil enchia a mesma Rio Branco, mas o Cordão anda, chega de saudade, estamos aqui de cima dos carros e a multidão cada vez maior.<br />
(antes, esperando a concentração, conversando com Rafa, 27 anos, sorriso lindo, um biólogo que estuda direito e quer fazer direito ambiental, e que veio de Sampa para o Carnaval no Rio sem lenço sem documento, na segunda-feira a noite ele tem uma hospedagem mas até lá ele, jovem, circula e curte o Carnaval no Rio e as pessoas, não vai dormir, na mochila tudo o que precisa e no sorriso tudo o que tem, eu sei como é ficar dois ou três dias de Carnaval sem dormir, já fiz isso, e digo, Rafa, faz isso sim, você está na idade de fazer isso, um dia teu sorriso vai se fechar e você vai saber como a vida é pesada e como o Carnaval é isso, a <i>vanitas</i>, a carne que se vai e nos prepara para a morte, mas isso é um segredo que não te digo, não quero estragar teu primeiro Carnaval no Rio, este peso é meu e ainda não divido com você, mas se nos encontrarmos de novo, quem sabe? mas a multidão é cruel, a camisa azul-turquesa do time da URSS logo se perde no campo visual de quem está vendo tudo de cima, e perco)<br />
Perco para ganhar ou perder definitivamente. Padrões, bolas pretas sobre fundo branco, losangos, grupos fantasiados, rosa sobre verde, rosa sobre negro. Um grupo de negros parrudões faz a fantasia que os artistas adoram: simples camisetas brancas com furos circulares, as bolas pretas são a cor da pele. Correto, sensual, inesquecível.<br />
O Cordão segue. De cima, acompanhamos pessoas lindas, ou que para nós são lindas, grupos de rapazes, grupos de moças, grupos que bebem cerveja no latão, vodka, sacolé de cachaça, e seguem o cordão, se beijam, se abraçam, cantam. Como nos carnavais de antigamente, o Corso da Avenida, no mesmo lugar da Avenida é um Corso do terceiro milênio, mandamos beijos para os que estão na planície e eles nos mandam beijos. Como um corso, eu cheguei a sair em corsos no Carnaval dos anos 1960, ninguém fala sobre isso mas os corsos morreram com o aumento do preço da gasolina nos anos 1970, a OPEP acabou com os corsos e era tão bom, circular, a gente usava uma pic-up Ford, um motorista paciente, jovens cantando, a pic-up ia e vinha sempre pelo mesmo percurso, às vezes parava e a gente saía e ia beijar na boca alguém de outro carro ou mijar juntos no banheiro se olhando nos olhos, tudo é carnaval, mas tudo isso acabou, estou aqui no Carnaval de 2012 e não existe mais corso mas o Cordão do Bola Preta está lindo e vivo, e as pessoas cantam, gritam: "quem não chora não mama, meu bem..."<br />
Eu canto também, e grito, de cima vejo as pessoas sensualizadas e eu também estou sensualizado, queria descer mas elas me olham pois estou no carro, se eu descer acaba esta magia e vou ter que ir para a realidade de um sexo rápido em uma esquina, como já fiz tantas vezes. "Lugar quente é na cama, ou então, no Bola Preta".<br />
Uma diferença em relação aos eventos mais antigos (bom, eu desfilei em escola de samba, saí nas Bandas de Ipanema heróicas, curti muitos anos o Bloco do Feijão em Arraial do Cabo etc), eu acho, na verdade duas diferenças: a primeira, hoje tudo é um mega-evento, a Banda de Ipanema onde conheci o amor de minha vida nos anos 1970, tinha talvez 50, 100, 200 mil pessoas, hoje tem 2 milhões, acho que tudo embola: metrô, banheiros, tudo, mas não tem jeito de voltar atrás.<br />
Ah sim e outra diferença é que hoje são todos japoneses, 2 milhões de japoneses, que tiram suas fotos com o celular, se colocam a disposição para as fotos, o tempo todo posando. Não tenho problema em relação a isso, tirei muitas fotos com o celular velho, vou tentar postar aqui no blog, mas... É uma nova cultura, a dos japoneses, que só sabem se as férias foram boas quando vêm as fotinhas, rsrsrsr então tudo bem...<br />
Enfim enfim enfim<br />
Lugar quente é sim, no Bola Preta!!!!!!<br />
Enfim, enfim. Um dia lindo, céu azul, sol gostoso. É bom, foi bom. Acabou e dá vontade de sair de novo, ano que vem, no outro ano, para sempre, talvez encontrar de novo o sorriso aberto de alguém que está sem pouso, só curtindo seu primeiro Carnaval, e talvez guardar de novo, dele, o meu segredo: que a carne se vai.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-5609532364762289442011-06-04T00:27:00.001-03:002011-06-04T00:32:53.466-03:00Dona Paula<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj163CA91oF0vZcBNAotmyMLh1MMu0ynjFoUyNiIFRBaCXfbQ3S7vfzdlQywBfWwmm90I4MJyF8rp2zJDR1G4OcQxEl0hhxiH8WfR8s4rfyySUwn_1PlsZY67a1su0VCqgT0B5C/s1600/paula+rego+12.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj163CA91oF0vZcBNAotmyMLh1MMu0ynjFoUyNiIFRBaCXfbQ3S7vfzdlQywBfWwmm90I4MJyF8rp2zJDR1G4OcQxEl0hhxiH8WfR8s4rfyySUwn_1PlsZY67a1su0VCqgT0B5C/s200/paula+rego+12.jpg" width="200" /></a></div>Um pedido de uma amiga é uma ordem. Daniela Name pediu a quatro pintores cariocas algumas frases ("três frases, sintético mesmo", ordenou) para seu blog sobre a exposição da artista portuguesa Paula Rego na Pinacoteca de São Paulo. Os artistas: <b>Patrizia d´Angello</b>, <b>Bruno Miguel</b>, <b>Jozias Benedicto</b> e <b>Raul Leal</b>.<br />
Uma das super-exposições que vi em São Paulo na intensa semana da SP Arte. E que não virá ao Rio, shame! shame! Como a do Leonilson no Itaucultural de SP, maravilhosa, e a do Gerhard Richter (que está na Caixa Cultural de Brasília e que vai a São Paulo e até a Salvador). Será que é porque ainda somos um balneário? Enfim, nada que uma passagem com desconto ou com milhagem não resolva, mesmo se for uma ida bate-e-volta a SP como fiz em horários absurdos mas a preço mais-barato-que-o-Expresso-Cometa.<br />
Os textos estão no <a href="http://daniname.wordpress.com/2011/05/20/paula-rego/">blog da Daniela Name</a>, ao lado da análise, como sempre enriquecedora, feita sobre a trajetória e a obra da artista, complementada com boas imagens de algumas obras expostas.<br />
Aqui vai o meu texto, um registro apenas de uma exposição marcante, inesquecível, de um trabalho forte e visceral, ao mesmo tempo eterno e tão contemporâneo.<br />
"<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Lucida Grande', 'Lucida Sans Unicode', Arial, sans-serif; font-size: 12px;">Domínio técnico completo: óleo sobre colagem, tinta acrílica, desenho, pastel, gravura em ponta-seca, água-forte, lito. Mas o trabalho de Paula Rego é muito mais que isso, que o virtuosismo técnico. É o desvendar de um universo completo em sua estranheza e pervesidade, infantil e adulto, mulher e homem e andrógino, feto abortado e animais à espreita, personagens de contos de fada e de Sade. Em salas e quartos de classe média-alta, famílias se dedicam a jogos dúbios, de prazer e de horror, enquanto sobre o tapete passeia um inocente animal de estimação, um pequeno javali de dentes afilados ou a filha masturba a bota do pai ao engraxá-la. Bailarinas musculosas, um anti-Degas, ajeitam os tutus e se preparam para entrar em um palco que nunca aparece, o espetáculo é a espera do espetáculo. Mulheres que abortam, solitárias, dor e sangue discretos, recolhidos, fetos, bonecas destruídas, criaturas do mar. Azulejos portugueses, Portugal que lida com as décadas de brutal repressão e atraso, a tristeza do fado e a nostalgia de um antigo império hoje decadente, a herança moura, os muxarabis, as mulheres encarceradas. Uma exposição para ser vista e revista, com vagar, mergulhando neste mundo cruel e pulsante, ameaçador e ao mesmo tempo tão familiar, de histórias infantis, de dores e de sangrar. Ao mesmo tempo um mundo tão real: basta olhar em volta. Basta ter olhos e ver. Ou fechar os olhos e sonhar os pesadelos de Paula Rego."</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Lucida Grande', 'Lucida Sans Unicode', Arial, sans-serif; font-size: 12px;"><br />
</span><br />
<a href="http://daniname.wordpress.com/">Clique aqui para o blog da Daniela Name</a>, uma referência em comentários, notícias, tudo sobre arte<div><br />
</div>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-41219805334559382762011-04-21T01:42:00.010-03:002011-04-21T21:17:19.729-03:00Pinturas 2009-2011<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;"><i><span lang="EN-US">“</span></i></span>Admirava as pinturas medíocres, bandeiras de portas, cenários, telões de saltimbancos, letreiros, iluminuras populares; a literatura antiquada, (...) romances do tempo da avó, contos de fadas, almanaques infantis, óperas antigas, refrões simplórios, ritmos singelos.” </i>Uma estação no inferno, A.Rimbaud (citado por Eco, U. em “A História da Feiúra”)</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4Qhb1sVg1db01fYdGkm7tIlqIibDVCErD9T0J1GvPxmRbzUHMxvy1F-I-H9v4WH7sawBu_tirMfxlSEcpLUt9G4mw8N_zl4gREmJwUvLjhHO1NKxJ7RzTFiiLNM1WRXJEFWk/s1600/DSCN6902w.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4Qhb1sVg1db01fYdGkm7tIlqIibDVCErD9T0J1GvPxmRbzUHMxvy1F-I-H9v4WH7sawBu_tirMfxlSEcpLUt9G4mw8N_zl4gREmJwUvLjhHO1NKxJ7RzTFiiLNM1WRXJEFWk/s200/DSCN6902w.jpg" width="150" /></a></div>Revisando as pinturas que fiz a partir de 2009, anoto algumas características que me parecem comuns. Um exercício, busco ver estas muitas dezenas (centenas) de telas como um conjunto, em sua diversidade de temas e procedimentos, à semelhança da minha série Polkianas, exposta no Largo das Artes em fevereiro de 2011, onde as 35 pequenas telas se agrupam em uma só pintura.</div><div class="MsoNormal">Esta é exatamente uma primeira característica que está presente em meu trabalho: Ele se desenvolve em séries, se agrupa em polípticos, séries que não se encerram e que são sempre retomadas. Serialidade, repetição, multiplicidade, camadas. Obsessão em dividir, em contar as partes e em agrupá-las, em propor elementos em quantidades precisas, em números ímpares, o 3, o 7, o 12+1 (este uma metáfora da Última Ceia)... Pedaços de mundo que se agrupam em um todo, um todo que é bem maior que a soma das partes, uma completeza que está sempre em aberto. </div><div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4aTp44QYe4dAJd6FfTdGki6FgenNMATUfyPn9pcTXQITh4Lf6mKJ9Xj6Wk4kSIZXQeIzIsGZP1uxGcPR6IVcv6ee-ynoFGivsTsbCrmgLOQ4ekMLIjbaWNWNFkHQjMcOWdf5N/s1600/DSCN6954w.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4aTp44QYe4dAJd6FfTdGki6FgenNMATUfyPn9pcTXQITh4Lf6mKJ9Xj6Wk4kSIZXQeIzIsGZP1uxGcPR6IVcv6ee-ynoFGivsTsbCrmgLOQ4ekMLIjbaWNWNFkHQjMcOWdf5N/s200/DSCN6954w.jpg" width="150" /></a></div>Trabalho cada pintura em camadas, sobrepondo formas, manchas, técnicas, matérias, universos. Sobreponho citações de imagens da História da Arte e cito procedimentos de pintura, “estilos”: os gestuais da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">action-painting</i>, as cores fortes do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fauve</i>, as pinceladas do expressionismo abstrato... Os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">polka-dot</i> do Sigmar Polke, as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vanitas</i> do Philippe de Champaigne, os rostos e corpos que se desfazem como no Francis Bacon... A coexistência entre estas camadas nem sempre é pacífica, em muitos trabalhos me interessa mesmo o embate entre mundos pictóricos: o abstrato-orgânico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">versus</i> o geométrico-metálico. </div><div class="MsoNormal">Recorrentes em meu trabalho são as imagens do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kitsch</i>, em especial o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kitsch</i> religioso: sagrados corações, coroas de espinhos, mantos de nossa senhora aparecida, as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vanitas</i>. Fora do contexto de uma pintura sacra ou mística, no meu trabalho estes elementos não significam transcendência, ao contrário, estão pairando sobre a aridez de um mundo inóspito. </div><div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiubP3V-geX86RYj1zpNBP0SISm_FevmCot45oq8Tz7t4FWrPkNbX987MqI3inzT3mWcL0E3fnI6WJ1WtLdCtrGIYfUx8O8NzMKBQdpU3ViAz9R9cYoUh0lv86NQL1Z-7dVcyBT/s1600/DSCN6876w.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiubP3V-geX86RYj1zpNBP0SISm_FevmCot45oq8Tz7t4FWrPkNbX987MqI3inzT3mWcL0E3fnI6WJ1WtLdCtrGIYfUx8O8NzMKBQdpU3ViAz9R9cYoUh0lv86NQL1Z-7dVcyBT/s200/DSCN6876w.jpg" width="138" /></a></div>Utilizo uma paleta exuberante, tons fortes, cores falsas, berrantes, tons neon, tintas metálicas, superfícies cheias, texturas, matéria, pigmentos, excesso de acontecimentos. Passo longe do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">clean</i>. Tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Uma teatralidade de ópera: nos autorretratos eu sou eu e sou o Rei Sol, o Cardeal Richelieu, nas paisagens o trampolim de Icaraí é como um palco, há uma história que está sendo contada mas o que é fixado é o momento entre duas falas, o silêncio que precede a ária, a expectativa do salto mortal sem a rede de proteção.</div><div class="MsoNormal">Deixo muito espaço para o acaso, para o aleatório, para o erro. A mancha, o escorrido, o sem-controle. O feio. Trabalho com incertezas, muitas vezes buscando os limites da percepção: manchas que são figuras humanas ou não, paisagens apenas sugeridas, imagens dúbias, espaços dúbios. <br />
<br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">* * *<o:p></o:p></b></div><div class="MsoNormal">Sobre o que falam estas pinturas? São paisagens, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vanitas</i>, retratos e autorretratos. </div><div class="MsoNormal">As paisagens são praias com o esqueleto de uma construção, um trampolim. São ruínas de usinas nucleares, um mirante abandonado no alto de uma serra, pedaços da arquitetura modernista de Brasília. São cenários de um mundo destruído ou em destruição, onde o tempo está congelado. O apocalipse nuclear já veio e nós ainda não notamos. </div><div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqHTNgzspNzuqcGoF0R9XwNYfkxHJlcWVVaokmTvXBr8AlqSmPtyfMTZPsb_f8sEwbaczceg699E6jT652vVKppoxrMj4O2MZDHb_0DIblQjKpu8235zC8BB-wVqn6GvizRJCp/s1600/DSCN3820.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqHTNgzspNzuqcGoF0R9XwNYfkxHJlcWVVaokmTvXBr8AlqSmPtyfMTZPsb_f8sEwbaczceg699E6jT652vVKppoxrMj4O2MZDHb_0DIblQjKpu8235zC8BB-wVqn6GvizRJCp/s200/DSCN3820.JPG" width="200" /></a></div>As <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vanitas</i> repetem à exaustão uma cena clássica: sobre uma mesa, um crânio ladeado por um vaso com flores e uma ampulheta: em uma série com 50 pinturas dissequei a pintura de Philippe de Champaigne. Em outras pinturas, as caveiras de príncipes e imperatrizes dançam, esqueletos dos Habsburgos e dos Bragança. Crânios aparecem, ou se escondem no limite da percepção, em paisagens, em retratos. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Memento mori</i>, a vida como um teatro.</div><div class="MsoNormal">Retratos de ídolos mortos ou eternamente vivos, de estátuas de museu de cera, de crianças com lábios leporinos. Paródia de um expressionismo, de um Francis Bacon ou de um Lucian Freud ou de um Graham Sutherland – mas as carnes à mostra são de plástico, as cores são de um cenário de teatro, o sangue é puro Alizarim Crimson 346 Acrilex.</div><div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglQkQ3VtQcGM61qrR1u55wVlw6uDy6asdXMvJkd-RfibDAde_IQ4zwIkENkOKNXip6RpxKF2S72iohREf0yzjZq52uMqbnGvxs9k8ZHG2UTAdboNre0hUWtXk8pHXLTF6fXpq4/s1600/autoretratocomocr.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglQkQ3VtQcGM61qrR1u55wVlw6uDy6asdXMvJkd-RfibDAde_IQ4zwIkENkOKNXip6RpxKF2S72iohREf0yzjZq52uMqbnGvxs9k8ZHG2UTAdboNre0hUWtXk8pHXLTF6fXpq4/s200/autoretratocomocr.jpg" width="133" /></a></div>Dos retratos aos autorretratos, a teatralidade se exacerba: eu sou personagens, meu verdadeiro eu está na superfície, na tinta metálica que reflete o espectador, no rosa-neon que desmascara a seriedade do expressionismo. Um cardeal, um pintor com uma taça de vinho e uma tela em branco, um jogador de futebol e seu duplo, um homem com o coração exposto, com os olhos fechados, com os dentes arreganhados como um cão de guarda. Como o Rei Sol. Teatro.</div><div class="MsoNormal">Vendo o conjunto, observo que um tema se mostra presente em todo o meu trabalho: a transitoriedade. Não quero falar da morte de um indivíduo, da minha morte, da morte de alguém querido, não quero falar de um ponto de vista psicológico, não busco ser triste, não quero ser sério, ser deprimente. Luto, talvez; mas não melancolia. Não quero ser óbvio fazendo uma pintura sóbria em tons fechados: as minhas caveiras dançam, as cores explodem, busco exatamente este contraste. Busco falar da transitoriedade da vida e do Universo, dos papéis neste teatro de sombras. Nada é absoluto, as certezas se dissolvem em tinta e em pedaços de História, as imagens se apagam e reaparecem, as camadas se somam e ao fundo se vê restos de vidas neste palimpsesto em que vivemos. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">“We are dying, we are dying, we are all of us dying<o:p></o:p></span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">and nothing will stay the death-flood rising within us<o:p></o:p></span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">and soon it will rise on the world, on the outside world.”<o:p></o:p></span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span lang="EN-US">The Ship of Death, D.H.Lawrence<o:p></o:p></span></div>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-37606299841666954872011-04-10T04:09:00.001-03:002011-04-10T09:36:31.300-03:00KJ no RioSim, KJ. Palmas.<br />
Keith Jarrett no Municipal, retornando ao Rio depois de 22 anos. Não vi, perdi, não vou perder esta por nada no mundo. KJ e os improvisos de piano.<br />
(Adoro. <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/The_K%C3%B6ln_Concert">Köln Concert</a>, o CD que vendeu mais de 3,5 nilhões de CDs (eu comprei, meu CD sumiu, depois dei download na internet, como eu muitos, então os três milhões se multiplicam. Outros muitos outros. Mais de 60 CDs gravados, em solo ou com o grupo, standards, clássicos, improvisações. Para mim os melhores as improvisações, o concerto no Scala de Milão quando no meio dos improvisos ele toca um <i>Over the Rainbow</i>. Não precisa mais de nada, só isso).<br />
E lá está ele, todo de preto, e o piano, o piano. Ele esquenta aos poucos, como nós mortais; o primeiro improviso é delicado, inocente, como uma planta carnívora nos chama com a beleza e a leveza para um mundo onde seremos devorados pelas teclas que fluem, agora leves, inocentes, exageradamente inocentes, flores no campo. Depois ele esquenta, a segunda peça já tem os aromas terciários, como um vinho, como uma música que não é mais somente primavera, e assim vai.<br />
Hoje, peças curtas, muitas. Finalizações abruptas, como para marcar um universo de peças curtas. Ah um desejo de ouvir uma peça longa, um lado de um CD ou mais.<br />
Recebe as palmas com uma reverência, retorna ao palco e ao piano, aplausos consagradores, volta ao palco e toca um bis. Outro. Outro. Além da performance irrepreensível, ele trouxe uma sequencia de bis que é simplesmente divina, sem palavras, vejo tudo e entendo finalmente o que é deus. Palmas.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-75201074994654262882011-03-09T03:28:00.000-03:002011-03-09T03:28:29.825-03:00CinzasLembra-te que és pó.<br />
E ao pó retornarás. Um dia. Um carnaval.<br />
Um dia a gente dizia, para quem não quer curtir carnaval a melhor coisa é ficar no Rio, a cidade fica vazia, a praia fica ótima. Ah, mas nós queríamos curtir carnaval e enfrentávamos engarrafamentos monstruosos para a Região dos Lagos, lá era um carnaval feito de pequenos blocos de rua, lá tudo era nosso, tudo era sempre, tudo, tudo. No Rio, o carnaval era ver pela televisão o desfile das escolas e no máximo uma banda de Ipanema que desfilava contida entre as calçadas do bairro mágico.<br />
Hoje, é diferente, o Rio não fica mais vazio, cresceu no carnaval de rua, os blocos e bandas se espalham enormes, e não se consegue fugir do clamor das ruas, do som sincopado, do alaa-ô-ô-ôô...<br />
Mijar se tornou um problema, uma interdição, um crime hediondo.<br />
Penso que tudo mudou e tudo se renova, bebo uma latinha de vodka ice (prefiro não beber cerveja para não querer mijar), beijo na boca e me deixo beijar, e a vida segue. Mais um. Carnaval.<br />
(nas cinzas separo as contas, amanhã dia 10, não perder as datas dos pagamentos, programar a agenda para o resto de março, um mês que ficou tão curto, agendar médicos, apresentações de projetos, portfolios, enfim: cinzas)<br />
Respirar fundo, mais um, mais um ano. Obrigado, obrigado, obrigado, ainda não retornei. Ao pó.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-22803543373764008062011-03-07T13:57:00.000-03:002011-03-07T13:57:59.971-03:00Um outro Carnaval<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Era Carnaval, eu era uma criança. A melhor lança-perfume era a Rodo metálica, um cilindro dourado esguichando um líquido frio perfumadamente enjoativo. As crianças ganhavam a sua quota de Rodo metálica, os adultos adoravam, cheiravam, caiam, pediam para as crianças uma prise no lenço de linho, as crianças não entendiam qual a graça daquilo tudo. Eu matava formigas, saúvas, tanajuras com o jato de minha Rodo metálica, ou jogava aquele jato gelado na nuca de uma menina. Um dia imitei os adultos e fiquei cheirando um lenço gelado de Rodo metálica, achei horrível.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Era Carnaval, a cerveja era quente, não dava tempo de gelar, a gente comprava nos bares a garrafa grande de 600ml e bebíamos no gargalo, quente mesmo, eu não era mais uma criança e queria ser um adulto mas a melhor parte era quando íamos mijar juntos e trocávamos cerveja quente no gargalo, éramos muito jovens e não tinha problema em nada, mesmo quando nos beijamos no banheiro sujo do boteco bebendo cerveja quente enquanto mijávamos, depois voltamos cada um para a sua namorada, suados, era Carnaval.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Era Carnaval, a cerveja que nunca gelava e uma peixada, panelas cheirosas na cozinha, pirão, arroz de cuxá, quem sabe o que é isso? minha namorada olhou para mim, eu beijei o pescoço dela, linda, como uma fruta silvestre, taperebá açai cupuaçu, ela riu e deu um gole grande na sopa de peixe, me beijou e passou com a língua a sopa para a minha boca, ficamos nos beijando e trocando de bocas aquela peixada e eu pensei, agora sou um adulto, não preciso mais matar formigas com a minha Rodo metálica, é meio nojento mas a vida de adulto é toda ela nojenta.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Era Carnaval, e falaram no auto-falante do clube no meio do desfile, um carro, um Galaxie pegando fogo, no estacionamento, era o nosso, fomos correndo, um cigarro mal apagado talvez. e lá estava o carro pegando fogo como uma carruagem do deus Apolo, era Carnaval.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Um Carnaval destes eu falei, chamei, gritei, é impossível que o Carnaval acabe hoje, na terça-feira, eu quero eu desejo eu imploro a todos os meus amigos, amanhã minha casa está aberta para continuarmos o Carnaval que eu não acredito que possa acabar. No dia seguinte acordei perplexo, falei com minha família sobre a bobagem que eu tinha feito, a noite fechamos a casa e apagamos as luzes, vimos chegar vários carros, os que acreditaram em mim, buzinaram, pararam na porta, a campainha, e nós silenciosos dentro de casa.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Arraial do Cabo, o Bloco do Feijão, outros Carnavais onde parece que se vai encontrar outro grande amor mas aos poucos se vê que o amor é escasso. Pouco. Pessoas que nem lembro o nome, mas que beijei bem, e pessoas que lembro bem o nome mas que foram para outros universos, vou beijar-te agora não me leve a mal, tudo é Carnaval. E depois dormindo na rede sempre estendida na varanda.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Um Carnaval, ainda faziam bailes no Theatro Municipal, desfiles de fantasia de luxo ou originalidade. Faziam corso, circulando com os carros, a gasolina era barata. Nos blocos e bandas, as pessoas trepavam transavam faziam amor faziam sexo, meu amigo que hoje é avô dizia contava enumerava quantas bocas. Eu não. Vou beijar-te agora.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">No Bloco do Feijão é assim, os homens se vestem de mulher e as mulheres se vestem de homens. O segredo é, não sei qual é o segredo. Só sei que o mascarado ou mascarada tirou a máscara de clóvis, abriu a roupa de losangos e nos beijamos, e era lindo, como eu, e a noite foi nossa. Era Carnaval.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">No dia seguinte, na varanda da casa, contei minha história de amor no Carnaval. Ninguém acreditou. Eu sei como é isso, na verdade nem eu acreditei mesmo.</div>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-32368953429756906452011-01-23T03:30:00.002-02:002011-04-24T15:59:06.536-03:00Na madrugada<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9f3zIo_ioq4l8Z77xw_CjgUtHC0BB3HrTEDOwYW486fOOaO1qE0qKrQhicOMeAf3duJdnhu1eyup3bQAgVLXzILmMSdGqZvQIEFwNIWUgWVuE3vnrh-DG-eCNKkw9r2Kt7tgx/s1600/DSCN6948w.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9f3zIo_ioq4l8Z77xw_CjgUtHC0BB3HrTEDOwYW486fOOaO1qE0qKrQhicOMeAf3duJdnhu1eyup3bQAgVLXzILmMSdGqZvQIEFwNIWUgWVuE3vnrh-DG-eCNKkw9r2Kt7tgx/s200/DSCN6948w.jpg" width="134" /></a></div>É a hora em que os que estão com alguém dormem saciados. É a hora em que os lobos uivam famintos, a lua cheia adquire um tom de vermelho-sangue, a dama-da-noite recolhe seu perfume. Os que não estão com alguém continuam tomando chopp quente em pé e baixam o nível de exigência.<br />
É a hora em que são cometido os assassinatos, as invasões, os estupros, os incestos.<br />
No meu prédio tem um vigia, que deve estar dormindo. É a hora em que até os vigias mais sérios dormem, em que nas boates só ficam os solteiros, os que procuram e ficam até o final exatamente porque procuram.<br />
É a hora em que os sites de relacionamento na internet estão cheios de pessoas nuas, que se masturbam para o mundo, ou para o verdadeiro amor que nunca terão, que está sempre além, sempre. É a hora em que as crianças choram dormindo ou acordam com pesadelos.<br />
(uma noite eu acordei chorando, gritando, mais ou menos nesta hora, eu gritava e apontava para o teto da casa, eu via uma bruxa gargalhando entre as vigas, entre os caibros de madeira, no dia seguinte subiram e viram que as madeiras estavam carcomidas por milhares de cupins e que a casa ia ruir, depois reformaram a casa mas eu continuo até hoje vendo aquela bruxa, ela está comigo em todas as minhas madrugadas)<br />
É a hora em que os suicidas despencam de um andar alto segurando apertado na mão uma imagem de um santo. É a hora em que os santos entram em êxtase. É a hora em que o êxtase é fácil e vem como um preparativo para o sono ou para a morte.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOdlT76kicxFv9Q-Nk4lvS1QlG8dZ6ZIeFnP0l1C2LNRXiseiFneOQp_wiL80wsHi2of5S3LYAwKrUf9UyHwIn2zWxkf8jju-j6VHSAFTkvPbvckk72RXzk2-VExbXN4RfSpmA/s1600/DSCN6950w.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOdlT76kicxFv9Q-Nk4lvS1QlG8dZ6ZIeFnP0l1C2LNRXiseiFneOQp_wiL80wsHi2of5S3LYAwKrUf9UyHwIn2zWxkf8jju-j6VHSAFTkvPbvckk72RXzk2-VExbXN4RfSpmA/s200/DSCN6950w.jpg" width="149" /></a>O vigia deve estar dormindo, eu posso interfonar para ele e perguntar se está tudo bem, claro que ele vai demorar para atender, deve estar em um sono profundo, mas vai dizer que está tudo bem, evidente. É que ele não sabe, ele não viu a bruxa que ri sempre entre as vigas.<br />
Nos sites, webcams ligadas, todos procuram. Nos bares, chopps ligados, todos procuram. Nos becos escuros, na areia da praia, nas esquinas, todos procuram, sempre. Os suicidas também, os carentes, os destituídos de tudo, os que viram a novela e os que leram um livro, os que foram ao supermercado que abre 24 horas, os que foram à praia e os que ficaram em casa.<br />
(um dia, ele virá, como no apocalipse, brilhante mas ao mesmo tempo negro como a minha bruxa, e ordenará, cessem todos os chopps, cessem os sites de relacionamento, as webcams, cesse toda a espera, eu vim e estou aqui e sempre estarei pois sou o êxtase total, o princípio e o fim)<br />
Mas ninguém vai ouvir o que ele diz.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-34236685444750283092010-11-04T11:34:00.000-02:002010-11-04T11:34:08.289-02:00Dia de los Muertos<i>Happy-hour</i> em Ipanema, tantas <i>happy-hours</i>, penso em você, lembro de você, tanto tempo, tantas <i>happy-hours</i> que curtimos juntos, 20 anos é uma vida ou quase, e em um momento tudo se acaba, pra sempre; bebo e penso no rio, no Aqueronte, você está lá, na barca, e olha pra mim, e segue, a barca segue; você olha pra mim, a barca segue, a <i>happy-hour</i> no feriado do dia de Finados continua...<br />
<br />
<div><b>Elisa comenta:<br />
<i>Sempre continua, Jozias.<br />
Sempre.<br />
;) </i> </b></div><div> </div><div>Um dia, um dia, um dia, eu também seguirei nesta barca, aí estaremos juntos, de novo; por enquanto eu tenho que brincar que estou vivo, que você não me faz falta, tenho que seguir, mas você me faz muita falta, mesmo depois de tanto tempo. Não adianta chorar, a barca segue e te leva pra mais longe de mim, e eu continuo bebendo caipivodka e rindo, sou feliz, tenho amigos, mas sei que um dia estarei de novo com você em uma <i>happy-hour</i> sem tempo pra acabar.</div><div><br />
</div><div><br />
</div>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-88283119304982448172010-10-31T04:16:00.000-02:002010-10-31T04:16:12.525-02:00Sobre a dificuldade de escreverAmigos me perguntam, quando você vai postar no blog as impressões sobre a Bienal? sobre a visita a ateliês? sobre o trabalho de artistas novos? sobre tua vida, tua visão subjetiva dos acontecimentos, em um momento de ruptura? sobre a programação cultural no Rio, tão intensa? sobre teu trabalho? sobre os artistas que você está pesquisando, sobre <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Buren">Daniel Buren</a>, sobre <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Sigmar_Polke">Sigmar Polke</a>, sobre...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBBlqMA1-_I_vp99ZPCZB30xntcy-cGveOq8WhRDu272ftZyYDlO0ZZmAg2m4NbxbJsjIcSA0AW75h9-4qyukPiEdaUk9Z6ce4hXb3H3haCSvu4mvu2kcgz2BgStAWiYDVBClK/s1600/73456_1317029744132_1782401133_587034_3166991_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBBlqMA1-_I_vp99ZPCZB30xntcy-cGveOq8WhRDu272ftZyYDlO0ZZmAg2m4NbxbJsjIcSA0AW75h9-4qyukPiEdaUk9Z6ce4hXb3H3haCSvu4mvu2kcgz2BgStAWiYDVBClK/s320/73456_1317029744132_1782401133_587034_3166991_n.jpg" width="320" /></a></div>A exposição está fechando, o trabalho do artista está mudando, o ateliê não é mais o mesmo, teus sentimentos reais só tem sentido mediados pela poesia do texto, por que pesquisar estes artistas tão pesquisados quando novos artistas emergentes são lançados ou são recuperados, por que escrever sobre a Bienal de São Paulo sem os urubus quando nos países asiáticos dezenas de Bienais estão em exibição, por que mostrar/falar de pintura quando as outras mídias são as queridas da mídia, por que pintar (a cozinha, o demorado, o sutil, o permanente) quando o momento é do imediato, do provisório, do descartável. Por que. por que, por que?<br />
Muitas pautas, muitas trocas, muitas <i>deadlines</i>.<br />
A realidade de que, hoje, escrever um texto, um simples texto, 2 laudas, é um trabalho penoso. Bom, claro, acabou o trabalho penoso de datilografar, corrigir, redatilografar... os editores de texto são a maior invenção desde Mr.Gutemberg.<br />
Mas, paradoxalmente, o escrever se torna mais exigente. Checar as fontes, todas elas, estabelecer os <i>links</i>, procurar as imagens, preocupar-se com direitos de imagem (ainda na internet uma brincadeira, mas uma tendência forte para o futuro). A preocupação em ser politicamente correto. A auto-censura.<br />
Enfim, tudo isso para dizer que:<br />
<b>Dei um tempo no blog. </b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy7KFryh65MCpK5HAvFeSyGlpgojB45zJ37LFCFlR9B5BJmTwCVUZFUESXMEOWpgkuyf5gv7A2qlp5TQhWTeF3H-0U7TFSbMZX-Kva7_sgaxDQig7ehg9abL7kwUb8Zqin8CfZ/s1600/68778_1325624118986_1782401133_599983_2289425_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy7KFryh65MCpK5HAvFeSyGlpgojB45zJ37LFCFlR9B5BJmTwCVUZFUESXMEOWpgkuyf5gv7A2qlp5TQhWTeF3H-0U7TFSbMZX-Kva7_sgaxDQig7ehg9abL7kwUb8Zqin8CfZ/s320/68778_1325624118986_1782401133_599983_2289425_n.jpg" width="320" /></a></div>Não dei um tempo em criar, pelo contrário, estou pintando e desenhando sem parar, meu ateliê está vivo e movimentado (bom, um pouco sujinho demais, minha Ivanete tirou uma licença de 2 semanas para se casar de véu e grinalda e com tudo que tem direito), continuo visitando ateliês e exposições. Reflexão. Estou escrevendo também, bastante, os contos que discuto nos <i>workshop </i>com o <b>Luiz Ruffato </b>(e que não posto mais no blog para manter o ineditismo).<br />
Ou seja: não estou morto, pelo contrário.<br />
Apenas inaugurei a temporada de hibernação aqui no blog.<br />
Volto após hibernar.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-20798777741923751992010-09-28T02:29:00.000-03:002010-09-28T02:29:35.945-03:00Erotismo e Apropriação (Fábio Baroli)Em janeiro deste ano escrevi aqui no blog sobre uma "descoberta": <i>Narrativas Privadas</i>, série de pinturas do artista <b>Fábio Baroli</b>, de Brasília, que me impressionaram de maneira muito forte.<br />
Depois disso, conheci melhor o Fábio, conversamos bastante sobre arte, e em julho fui surpreendido com um convite do artista para escrever, com base no texto que escrevi para meu blog, uma apresentação de sua exposição individual no Centro Cultural Adamastor, em Guarulhos. Esta individual veio em decorrência da premiação recebida pelo artista no 9 Salão de Guarulhos (2009).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG6s__Wem32_Lo8YihxOWwgVeMwHcQndJelRBdJ2qPzdMeZge6Ne_PLVCWA0mGnl2KDOFawtT0neKfJd7WoaPNP4jp-_TriK7fRne1WMI4pbhbWr8H2lbbzvw4vUc-pWTP4PAG/s1600/planta+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG6s__Wem32_Lo8YihxOWwgVeMwHcQndJelRBdJ2qPzdMeZge6Ne_PLVCWA0mGnl2KDOFawtT0neKfJd7WoaPNP4jp-_TriK7fRne1WMI4pbhbWr8H2lbbzvw4vUc-pWTP4PAG/s320/planta+2.jpg" width="320" /></a></div>Foi uma encomenda interessante, transformar um texto escrito descontraidamente, em linguagem de blog, em outro texto que falasse sobre a obra do Fábio sem perder a informalidade, um texto "de artista para artista" e não um "texto crítico".<br />
<br />
A exposição ficou bem bonita, mostra um apanhado da obra do artista, incluindo além das pinturas alguns trabalhos de cunho mais conceitual, e aconteceu ao mesmo tempo da primeira individual do Fábio no Rio, no Anexo da <a href="http://www.lauramarsiaj.com.br/">Galeria Laura Marsiaj</a>, com boa repercussão. Na galeria do Rio foram apresentadas pinturas da série Narrativas Privadas; já em Guarulhos as demais séries, com as imagens fortes que descrevo em meu texto, causaram polêmica que teve que ser contornada para que a exposição fosse mantida.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vf7PKmpD7jqU8DFao4_dJxO_uOpyesK9bw7A5T7YNcmOR_GEfM-ukAchsEbrfo6eMVESglQLX_k54YZew8CklovLbIzW2vF83DwM6HRvwpy_1Wcs_pKTFM4WZKA4vyWPvNBd/s1600/planta+2_detalhe.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vf7PKmpD7jqU8DFao4_dJxO_uOpyesK9bw7A5T7YNcmOR_GEfM-ukAchsEbrfo6eMVESglQLX_k54YZew8CklovLbIzW2vF83DwM6HRvwpy_1Wcs_pKTFM4WZKA4vyWPvNBd/s320/planta+2_detalhe.jpg" width="320" /></a></div>As imagens deste post são o projeto do Fábio para sua exposição de Guarulhos, e dão bem a ideia do que foi a mostra. <br />
<br />
Segue também o texto que escrevi para essa exposição:<br />
<br />
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<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><b><span style="color: black; line-height: 115%;">Erotismo e Apropriação</span></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black; line-height: 115%;">Estava navegando na internet, sem compromisso, quando aquelas imagens me pegaram pelo pé, me derrubaram, me nocautearam. Assim descobri, como um <i>voyeur</i>, a pintura de <b>Fábio Baroli</b>.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><b><span style="color: black; line-height: 115%;">Narrativas Privadas</span></b></span><span class="apple-style-span"><span style="color: black; line-height: 115%;"> é uma série de pinturas concebidas a partir da apropriação de imagens de <i>sites</i> pornográficos. Homens e mulheres, distraídos, tomando seus banhos, com sexos e celulites à mostra, observados de longe, através de basculantes, pelo <i>voyeur</i>-pintor escondido, que se apropria de seus corpos e que ao pintá-los erotiza igualmente suas peles e os azulejos, as torneiras de metal gasto, os aparelhos de gilete. A sensualidade é minimizada, como se o artista "dissecasse" os corpos, ao invés de "expô-los". Os banhistas não são jovens nem belos, mas através da pintura o artista os retira de seus banheiros </span></span><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%;">vulgares<span style="color: black;">, e nos faz desejá-los, objetos de um olhar perverso polimórfico. O prazer de ver uma pintura, de possuir pela visão. </span></span></span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7SRTbgbzvoKZ6XuDPRVWHvTupCTqRKOy7KiXlbFhZ7MQpgaEifOsIOZxtCviRhSJ1HYUyAeeA3eo31YcOJt3QYqtDXFoKLSLlUXnLoCriuJV2G_NbFtDNc2oCX5huOAuXwf8u/s1600/planta_detalhe+em+angulo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7SRTbgbzvoKZ6XuDPRVWHvTupCTqRKOy7KiXlbFhZ7MQpgaEifOsIOZxtCviRhSJ1HYUyAeeA3eo31YcOJt3QYqtDXFoKLSLlUXnLoCriuJV2G_NbFtDNc2oCX5huOAuXwf8u/s320/planta_detalhe+em+angulo.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black; line-height: 115%;">Já na série <b>Semblantes</b> o artista se apropria da tradição da pintura de retratos: o modelo encara o espectador; o claro-escuro destaca a figura centralizada; há a semelhança com as feições do retratado; mas o que domina tudo é um pensamento contemporâneo. O <i>voyeurismo</i> dá lugar a um olhar direto e mútuo, a uma nudez de intimidade; uma intimidade que “filtra” o corpo nu, o torna familiar. São pinturas que congelam em bem pintados retratos o momento anterior ou posterior ao clímax do desejo ou a familiaridade de uma amizade muito intensa.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; line-height: 115%;">Outra série, as <b>Apropriações Textuais</b>, apresenta pinturas que tem a tensão de um erotismo rebelde. O artista de novo se apropria da tradição da História da Arte, a domina e a expõe em toda a crueza, em toda a força de um erotismo século XXI, pós-liberação sexual. Uma versão sangrenta, menstruada, da “Origem do Mundo”, de Courbet. Um homem empalado, um Cristo clássico, tem o rosto do artista e genitais expostos na altura do olhar do espectador. Uma cabeça decapitada, um autorretrato, exibida por um carrasco nu com vigor erótico explícito. No auto-erotismo escandaloso do “Autômato”, uma metáfora da própria pintura.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; line-height: 115%;">A forte carga de erotismo aparece também nos trabalhos de cunho conceitual, as <b>Intervenções</b>. “Telúrico” é um obelisco, uma árvore exageradamente fálica que foi construída nos jardins do <i>campus</i> da Universidade de Brasília. Em outra instalação, ao se apropriar da Catedral de Brasília “pintando-a” com luz, o artista transmuda o concreto armado em carne, vibrante em um escandaloso tom de rosa. O templo, monumento arquitetônico modernista, se torna uma gigantesca vulva multifacetada. </span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; line-height: 115%;">Na internet, inscreva-se em um <i>site</i> pornô, veja as câmeras de vídeo que a cada momento oferecem a intimidade de várias pessoas, em cidades ou países distantes ou talvez suas vizinhas. Escolha uma imagem, é fácil, basta um clique, e pronto, você está acompanhando todos os detalhes de um corpo desconhecido que se expõe <i>on-line</i> para dezenas, centenas de espectadores anônimos. Você não precisa dizer nada, basta olhar; e para apagar aquela pessoa de sua vida basta fechar a janela do computador.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: small;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; line-height: 115%;">O erotismo hoje se escancara pela mídia, pela internet; e se torna </span></span><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%;">banal<span style="color: black;">, nada mais surpreende. <span> </span>Mas ao internalizar o erotismo em sua pintura através do fetiche, da citação, da apropriação, <b>Fábio Baroli</b> consegue "se infiltrar" e "nocautear" o espectador desavisado, como eu naquela noite em que navegava descompromissadamente pela internet e fui parar em uma exposição de arte. </span></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><br />
<br />
<i><a href="http://joziasbenedicto.blogspot.com/2010/01/narrativas-privadas-pinturas-de-fabio.html">Clique aqui</a> para ler o post de janeiro de 2010 sobre o trabalho do Fábio Baroli</i>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-77987854828403967432010-09-16T10:51:00.001-03:002010-09-16T13:10:51.763-03:00Cenas de uma ocupação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCYnWQ24GLe6LLO3ZREQBUvjarD3Vrvui1YK3uT2PBI_VhhgpyS7j_Rm4cTcLz31mm2J0EzudJ6s1CL0052ItNHuBUTzBbzsMz7CKPPXMDmp4PJ0CyquYyBiTpsSt_NBN5O4Rh/s1600/DSCN6498.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCYnWQ24GLe6LLO3ZREQBUvjarD3Vrvui1YK3uT2PBI_VhhgpyS7j_Rm4cTcLz31mm2J0EzudJ6s1CL0052ItNHuBUTzBbzsMz7CKPPXMDmp4PJ0CyquYyBiTpsSt_NBN5O4Rh/s200/DSCN6498.jpg" width="150" /></a></div><b>O cenário:</b> Prédio neoclássico em ponto nobre do Rio, construído na década de 1920, por encomenda de Otávio Guinle, pelo arquiteto francês <b>Joseph Gire</b>, autor do Copacabana Palace e outros marcos históricos do Rio: o edifício A Noite, o Hotel Glória, o Palácio Laranjeiras, a mansão da ilha de Brocoió, o embarcadeiro da praça Mauá, entre outros. Um prédio com tudo o que uma construção de luxo da época tinha direito: vista para o mar, amplos espaços, pé-direito alto, simetrias, ornatos em mármore e ferro forjado, sancas, nichos, molduras douradas, tacos de madeira nobre, elevadores amplos, elevador de serviço com grades de ferro, daqueles tão comuns em Paris e, no último andar, uma <i>chambre-de-bonne</i> para cada apartamento. Um prédio surpreendentemente bem conservado em um Brasil e um Rio que odeiam as memórias do passado. Neste prédio, um apartamento que mantém os acabamentos luxuosos e que, recém-comprado, passará por uma planejada reforma para adequá-lo às necessidades de seus novos moradores.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5dNMdtjgDD68axu29qW8bvuQsQSYerHVM_6uC4iuN4nZ6aWMRp3Sf81qDsqMW_bB57ZSpC9vkgY5_89C0foJKWhSSSLfALZMyWet07f_DlZbnZT2qOBoPaR-04Yf__qhXZgmD/s1600/ocupa%C3%A7%C3%A3o+apto+fla.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5dNMdtjgDD68axu29qW8bvuQsQSYerHVM_6uC4iuN4nZ6aWMRp3Sf81qDsqMW_bB57ZSpC9vkgY5_89C0foJKWhSSSLfALZMyWet07f_DlZbnZT2qOBoPaR-04Yf__qhXZgmD/s200/ocupa%C3%A7%C3%A3o+apto+fla.jpg" width="200" /></a></div><b>Os personagens:</b> artistas plásticos/performers/músicos, um deles a proprietária do apartamento.<br />
<b>A ação</b>: Ocupar o local com instalações, performances, pinturas, esculturas, desenhos, ambientes, fotografias, propostas, vídeos, músicas, danças... por um final de semana inteiro<br />
<b>Cenas:</b><br />
Inicialmente tímidos diante do espaço, os artistas negociam seus espaços com os organizadores, apresentam suas propostas, discutem a logística, fazem incursões ao apartamento de cobertura do prédio (fechado há 25 anos) e ao bar próximo ao prédio, onde o croquete apresentado como autêntico do Alemão de Petrópolis é a sensação.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQwNp9SMdMQV-mDlCVfTZkndG8lP99MPAGu_Lt1QRW_7Lid8iTdvUjXxjczLcY5KA9o68McDcbPp2PD2nB535ldAkR-LkM84AmVp1DDoQyfyQNRwVtSN74Q2qRIB1WymdxbO_p/s1600/08092010(043).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQwNp9SMdMQV-mDlCVfTZkndG8lP99MPAGu_Lt1QRW_7Lid8iTdvUjXxjczLcY5KA9o68McDcbPp2PD2nB535ldAkR-LkM84AmVp1DDoQyfyQNRwVtSN74Q2qRIB1WymdxbO_p/s200/08092010(043).jpg" width="150" /></a></div>Aos poucos os trabalhos vão tomando forma, as propostas se modificam à medida em que se sente melhor o espaço, em que a interação entre trabalhos aponta para outros caminhos.<br />
Uma semana, cinco dias úteis de preparação, de uma 2a. até uma 6a.feira. Alguns trabalham em casa, e os que preparam suas instalações no local estranham: será que só nós estamos trabalhando? onde estão os outros? será que vai dar certo? será que o resultado final vai ser um conjunto harmônico, vai "ter uma cara" ou vai ser um agregado de divergências?<br />
O convívio estabelece alianças, cria amizades, propicia troca de informações, troca de energia. Descansa-se trabalhando, ou visitando o trabalho dos outros artistas. Para os lanches ou o chopp do final do expediente, o Bar da Praia bomba como talvez nunca tenha bombado. Segunda-feira, terça-feira...<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ7fhujU-V5Et662spBP0pIepkkhJeuNEsC0h5Oam3K2VeNVKHsHj5eicNOkJ5qm_IMLtjsxhpEnmVpoG98zFLME9GA0VxmA3qqpWmnF3VnvsHhPquQ9DFsGZSh4HJXVLgzxVt/s1600/DSCN6564.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ7fhujU-V5Et662spBP0pIepkkhJeuNEsC0h5Oam3K2VeNVKHsHj5eicNOkJ5qm_IMLtjsxhpEnmVpoG98zFLME9GA0VxmA3qqpWmnF3VnvsHhPquQ9DFsGZSh4HJXVLgzxVt/s200/DSCN6564.jpg" width="200" /></a>Sexta-feira no início da tarde, a maioria dos trabalhos está completa ou em fase final de instalação, mas a tal visão de conjunto ainda não se faz, talvez o barulho de artistas trabalhando ou conversando, talvez o lixo ainda por tirar, talvez os trabalhos que ainda não estão montados, uma certa sensação de uma coisa anárquica... Vou para casa, um banho, descansar um pouco antes da festa de abertura...<br />
...e ao chegar no apartamento vejo que, aparentemente como uma mágica, a luz se fez: a exposição flui, os trabalhos dialogam, se integram, se reforçam, há uma organização no que parecia um caos, há linhas de leitura que fazem "um desvio para o azul", "um desvio do rosa para o vermelho" e outros percursos, há até um bar na cozinha do apartamento com um eficiente <i>barman </i>preparando a melhor caipirinha de morango que jamais bebi em minha vida.<br />
Mágica? não, sincronicidade, e a atuação discreta e agregadora dos organizadores/curador.<br />
(Sonho com possível percurso: ao se abrir a porta<i> </i>do elevador, o tapete persa com corte de silhuetas de corpos humanos e uma misteriosa fotografia de um rosto-meio-vegetal dão as boas-vindas. No palaciano <i>hall </i>do apartamento uma cascata de pérolas, que pode ser uma arquitetura desconstruída ou uma infiltração, e sugestões de paisagem anacrônica pintadas nos nichos dourados das paredes se somam em uma minúscula gruta que expõe as entranhas do prédio em pérolas e pigmento azul.<br />
Desviando para o vermelho, passamos por uma saleta obsessivamente cor-de-rosa com pequenos faunos desafiando a gravidade e chegamos a outra sala com uma parede pintada com gestos também cor-de-rosa e uma cascata de maçãs vermelhas caindo das gavetas de um armário; um pano vermelho entra pela parede e se conseguirmos seguir por este pequeno buraco chegaremos a uma biblioteca ocupada por uma bateria e outros instrumentos de percussão, e uma pequena escultura; na parede, uma pintura feita de contas brilhantes e coloridas; na estante, uma coleção de pratos de porcelana pintados reconta a História do Brasil.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQrvvx4buTXIaMtHbBXiapyDVo8ewJ-FWMbB6RchmqXs_buICal9wFm4BMkFoG5erD271U9ABnhGgdmKY4GU_CBKLo2G4QfSowJ9p9UrGs0g2FrApX5ZPI-iyywdXSlegPgCB8/s1600/DSCN6607.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQrvvx4buTXIaMtHbBXiapyDVo8ewJ-FWMbB6RchmqXs_buICal9wFm4BMkFoG5erD271U9ABnhGgdmKY4GU_CBKLo2G4QfSowJ9p9UrGs0g2FrApX5ZPI-iyywdXSlegPgCB8/s200/DSCN6607.jpg" width="200" /></a>De novo no <i>hall</i>, o percurso para o azul leva a uma paisagem sugerida por discretas linhas em um enorme campo de azul brilhante, que confronta uma parede ocupada por uma dança erótica em traços livres de tinta azul, leves como as azaléias brancas de papel em vasos em frente à varanda; desta sala, o verdadeiro acesso à biblioteca; ou o acesso a outra sala dominada por gigantesco animal feito de pedaços de móveis antigos e penas e plumas brancas, onde um pequeno desenho da paisagem externa em uma parede preta é companheiro de instalações que fazem brotar da parede o interior de um processo construtivo moderno, vergalhões e tijolos.<br />
Volta-se ao <i>hall </i>marcado pelas pérolas, e o largo corredor/galeria que leva à antiga cozinha é palco de uma massiva instalação com fotos do desabitado apartamento de cobertura e com material recolhido em lixo. No meio do corredor, portas de correr levam a uma antiga sala de banquetes, hoje o espaço de performances, marcado por pinturas/desenhos que fazem referência a corpos.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUQE1lHCzMMoHaZh3FFQ3Ba-e8BaNHg4mivueQJYstv79g3pnovhmea8ltca_ALqbdojf-jinxw_xQmT6bUBJCZiCWqDAIhyIigKaV49TTAN9ZGbZXFmpGEd_HepPcfYk3S4JU/s1600/12092010(009).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUQE1lHCzMMoHaZh3FFQ3Ba-e8BaNHg4mivueQJYstv79g3pnovhmea8ltca_ALqbdojf-jinxw_xQmT6bUBJCZiCWqDAIhyIigKaV49TTAN9ZGbZXFmpGEd_HepPcfYk3S4JU/s200/12092010(009).jpg" width="150" /></a>Pelo apartamento, telas exibem videos, um deles mostra uma mulher de burca andando compulsivamente pelos corredores vazios do que parece o mesmo apartamento mas talvez seja outro apartamento no prédio; outro mostra um estranho despertar; mendigos à volta de uma fogueira; e outras imagens perturbadoras.<br />
Em uma pequena saleta, uma parede com buracos e textos de filósofos mostra como "<i>filosofar com um martelo</i>"; já em um dos banheiros, delicados desenhos feitos com lágrimas e maquilagem escorrida, um diálogo com as pérolas, com as flores de papel; com as pequenas placas de gesso que se esgueiram em diversos lugares mostrando desenhos da paisagem externa, de detalhes do interior ou do exterior do apartamento e os pequenos retratos sobre pedaços de fórmica de pessoas desconhecidas mas possíveis, reais, como os fantasmas, como o fantasma da mulher de burca que vagueia pelos corredores, como os pombos mortos no apartamento de cobertura, como as asas brancas que se estruturam em pedaços de móveis, e se volta ao início e se retorna em outro percurso, agora já um percurso mental de <i>links </i>e reflexões.)<br />
No fim de semana a visitação é grande, no cair da tarde o apartamento se transforma em uma <i>happy-hour</i>, à noite é uma festa. Mesmo com a concorrência de outros eventos importantes no Rio: exposições do Hélio Oiticica no Corredor Cultural, Santa Teresa de Portas Abertas... e a concorrência desleal do que é o evento mais importante para o Rio, um fim de semana com sol gostoso chamando para as praias.<br />
Gratificante.<br />
E também um exercício de despreendimento, de viver o efêmero: domingo à noite as portas se fecham, segunda-feira tudo está desmontado, daí a alguns dias as equipes de pedreiros entrarão, quebrando paredes, trocando azulejos, substituindo a fiação elétrica que passa com fios envoltos em papel dentro de tubos de ferro, atualizando as instalações hidráulicas que se entopem com o acúmulo de décadas...<br />
A partir de agora, só os registros da ocupação. Só a memória.<br />
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<b>Artistas:</b><br />
Abel Duarte<br />
Alessandro Sartore<br />
Aleteia Daneluz<br />
Bob N<br />
Bruna Lobo<br />
Claudia Bakker<br />
Edu Monteiro<br />
Evandro Machado<br />
Fernando de La Rocque<br />
Gimena Mello<br />
Hugo Richard<br />
Jozias Benedicto<br />
Kunja Bihari<br />
Leo Ayres<br />
Luar Maria<br />
Luiza Crosman<br />
Marcelo Rocha<br />
Matias Mesquita<br />
Moises Alcuna<br />
Natali Tubenchlak<br />
Nora Stephens<br />
Orlando Mollica<br />
Pontogor<br />
Rafael Inacio<br />
Robson<br />
Sandra Schechtman<br />
Simone Michelin<br />
Ursula Tautz<br />
Virginia Paiva<br />
Ze Carlos Garcia<br />
<br />
<b>Organização:</b><br />
Aleteia Daneluz<br />
Bob N<br />
<br />
<b>Barman:</b><br />
Ricardo<br />
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<b><a href="http://www.facebook.com/album.php?aid=29793&id=1782401133&l=89739b76bc">meus registros em foto</a></b><br />
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<b>Registros em vídeo:</b><br />
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<object height="525" width="660"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/SJBnD5RPRkI?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/SJBnD5RPRkI?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="660" height="525"></embed></object><br />
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<object height="525" width="660"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/SBjDXyv5od0?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/SBjDXyv5od0?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="660" height="525"></embed></object><br />
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<b>FaceArte publica uma versão resumida deste texto</b><br />
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</b>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-51227907856770119022010-09-08T09:30:00.000-03:002010-09-08T09:30:17.284-03:00Em busca do ouro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WtCZkN1_S_lcXyWa0-N8_zyV9_lkDqr9ZXcpns_CAzfrH34sV_tcnDx3oet_Btms4ygagUkKEv0xba16jf3US0iZ0wfsy0k1SQyNvIeBMoamTNphaJe91BRZYtD78we_PS9C/s1600/28082010(006).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WtCZkN1_S_lcXyWa0-N8_zyV9_lkDqr9ZXcpns_CAzfrH34sV_tcnDx3oet_Btms4ygagUkKEv0xba16jf3US0iZ0wfsy0k1SQyNvIeBMoamTNphaJe91BRZYtD78we_PS9C/s200/28082010(006).jpg" width="200" /></a></div>Chegar a Ouro Preto é como, de repente, estar dentro de uma paisagem de <b>Guignard</b>, é claro que já devem ter escrito isto antes mil vezes pois é a mais pura e óbvia verdade, não me importo, para que tentar ser original quando do alto destas montanhas tantos séculos me contemplam, tanto ouro tirado da terra, entregue aos Bragança ou contrabandeado nas trancinhas dos cabelos pixaim ou nas entranhas dos santos-do-pau-oco, tantos escravos mortos ou alforriados, em busca do ouro, do ouro preto.<br />
(o ouro encontrado na região tinha as pepitas escurecidas por uma camada de paládio, o que lhe dava uma tonalidade escurecida, característica, diferente da cor do ouro de outros lugares).<br />
O ônibus vem devagar, amanhece, eu estou totalmente aceso, a estrada é cheia de curvas, subidas, descidas; em uma curva do caminho se abre inesperada a paisagem, um panorama entremeado de névoa, neblinas, um sol insistindo em nascer, as montanhas que se sucedem em planos irregulares. Nos planos: palmeiras, igrejas, casas com telhas moldadas nas coxas dos escravos, rios, córregos, matas. E acima de tudo o céu onde provavelmente moram anjos e santos barrocos. Guignard puro.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjafE9ih8XXY_-vTSBeK9aGXakU-2TmqMiwGJ_wCwuayi2EIwOup9oQyY3IHkBbv1GRNioD-cyVzjtI4P069y6Ysg0FhHY5ONNj_So0rFVqxvkfsjwmM3nP82gn9v9fK0wZu17J/s1600/28082010(032).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjafE9ih8XXY_-vTSBeK9aGXakU-2TmqMiwGJ_wCwuayi2EIwOup9oQyY3IHkBbv1GRNioD-cyVzjtI4P069y6Ysg0FhHY5ONNj_So0rFVqxvkfsjwmM3nP82gn9v9fK0wZu17J/s200/28082010(032).jpg" width="200" /></a></div>Desço (aqui se desce e sobe o tempo todo) até a Praça Tiradentes, já é plena manhã com sol forte e céu azul, pego um mapa da cidade para programar passeios e, no lugar onde os pedaços de Tiradentes ficaram expostos, enquanto estudo o mapa, ouço conversas como música de fundo. No mais puro sotaque de mineiro, que sempre traz uma sensação de pureza, de ingenuidade, um rapaz conta para o outro o ciúme que sentia da mulher e como ela a traiu, o assunto passa abruptamente para como ele agora está "em condicional", o interlocutor pergunta "o que é condicional", ele explica. Com a impressão de que perdi para sempre alguma informação importante (provavelmente os detalhes de como a infiel foi morta), sigo minha descoberta de Ouro Preto, Vila Rica, a Imperial Cidade de Ouro Preto.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh28YZWQ9Td_u6ZCmpjHCaKUWfWY0S5C-cNnZpm3yvtcd_H0J1SOM5EydWKFldkpXj68U5Zx5fXWQYu9lEQVPleDBiQm_vahn9hYbL7QD-ivRtf3N7ntcftHoTq_skvK0EdT_wv/s1600/28082010(020).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh28YZWQ9Td_u6ZCmpjHCaKUWfWY0S5C-cNnZpm3yvtcd_H0J1SOM5EydWKFldkpXj68U5Zx5fXWQYu9lEQVPleDBiQm_vahn9hYbL7QD-ivRtf3N7ntcftHoTq_skvK0EdT_wv/s200/28082010(020).jpg" width="200" /></a>Para mim, apenas um lindo dia de sol, a sensação de caminhar sobre pedras, seguir o mapa até uma igreja, ficar deslumbrado com o poder, a grandiosidade das volutas barrocas, da pedra entalhada, dos dourados, dos azulejos, dos santos com roupas e cabelos de verdade e com olhos brilhantes de vidro; descobrir que as sacristias são mais bonitas que os altares-mor; desenhar em meu <i>moleskine </i>detalhes, detalhes, detalhes intermináveis; seguir o caminho, pelo mapa ou pedindo informações, uma cidade turística como outra qualquer, só que sem um MacDonalds, o que é um diferencial altamente positivo.<br />
Mas não é só isso, à medida em que sigo e converso ou ouço conversas, percebo presenças, sinto que o Tiradentes exposto na praça continua exposto, que a paisagem está cheia de grupos de turistas mas também está cheia de fantasmas, de vultos que se intui ou se percebe apenas com a visão periférica ou com os olhos fechados.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjk2zJ5sxg9Y2af-hIBOTMJ86ciTXXMUfQ-sXVi8QhtCDBT1Nfcu0uqqVqcuiYzRhfR5XNARfmowCDqDIxLpU4Y6_XGyDOqs2QsBwXDszDi9OJUZb8qIlJNSeqawl3UBPELlv-/s1600/28082010(101).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjk2zJ5sxg9Y2af-hIBOTMJ86ciTXXMUfQ-sXVi8QhtCDBT1Nfcu0uqqVqcuiYzRhfR5XNARfmowCDqDIxLpU4Y6_XGyDOqs2QsBwXDszDi9OJUZb8qIlJNSeqawl3UBPELlv-/s200/28082010(101).jpg" width="200" /></a>Vila Rica, o nome já nasceu com o indicativo da riqueza que foi sua glória e sua derrota: o garimpo. E a rica vila , uma serra pelada do período colonial, deve ter sido um lugar bem estranho para se viver.<br />
Há uma Vila Rica, expansiva, solar; no burburinho dos onibus escolares com turistas; nos garotos, as cuecas aparecendo sob as bermudas caídas, que tiram fotos com seus celulares e ao apito dos professores se aglomeram para ouvir as explicações sobre a história da cidade; nas famílias que fazem turismo ou festejam uma segunda lua-de-mel; nas igrejas cheias de fiéis mas mais cheias ainda de turistas que sempre querem fotografar; no movimento de estudantes que tomam café com pão de queijo no intervalo entre as aulas.<br />
E uma outra Ouro Preto, noturna, misteriosa, feita do sangue dos garimpos e dos escravos, dos inconfidentes, dos poetas, e que aparece em lugares insuspeitos; na conversa ao meu lado na praça; nos calouros que circulam pelas ruas com cartazes pendurados em seus corpos indicando sua situação (como os escravos); nos crimes; no Tiradentes esquartejado e exposto; nos becos onde você pode se perder para sempre; nas noites onde o barulho das festas ao longe mal esconde o rumor de correntes arrastadas, de matracas da Paixão de Cristo, de novenas e Te Deums, de açoites, castigos e orgasmos.<br />
Vila Rica começou com a Bandeira de Antônio Dias no final do século XVII, o primeiro bandeirante paulista a chegar na região, atraído pelas promessas de riqueza a partir do estranho ouro enegrecido. Um primitivo arraial se fundou no morro de São João com a celebração de uma primeira missa para um grupo pequeno, que depois se multiplicaria. O garimpo, terra de ninguém; as atividades tradicionais - agricultura, criação - são abandonadas pela busca do ouro, para que perder tempo plantando ou pastoreando quando em uma pepita se pode descobrir a riqueza instantânea?<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ6FoLYWN00Uz2g7m9H69kIpwUcWBhIh3KJ4xKjPtDClwS-QBuydonAQ8braEHpOKxruuyO_yS6Nm83Lftm5b93sJG13DXt9asZPW4Ww_p_f6eaX2hjwXgTx3D8BcgQuasy3b3/s1600/28082010(028).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ6FoLYWN00Uz2g7m9H69kIpwUcWBhIh3KJ4xKjPtDClwS-QBuydonAQ8braEHpOKxruuyO_yS6Nm83Lftm5b93sJG13DXt9asZPW4Ww_p_f6eaX2hjwXgTx3D8BcgQuasy3b3/s200/28082010(028).jpg" width="200" /></a>Assim, no início do século XVIII, a região passa pelo que se chamou de <b>A Grande Fome</b>. Dois forasteiros se matam a faca por uma cuia de farinha. Cheias dos rios em terríveis estações de chuvas agravaram a situação e provocam o êxodo de populações para outros arraiais, uma marcha de famintos que caíam de inanição nos caminhos do Rodeio. Fala-se que existiria até hoje um <b>Campo das Caveiras</b>, com centenas de mortos no esforço de subir a serra fugindo da cidade famélica. Escravos e ciganos, armados, assaltavam os vivos e saqueavam os mortos. O horror.<br />
Horror que continuou e talvez tenha tido seu auge na Inconfidência; penas cruéis: por enforcamento, amarrado a cavalos e arrastado pelas ruas, depois esquartejado. Tiradentes, enforcado em 1792, teve seu corpo esquartejado e os destroços espalhados pelos caminhos de Minas Gerais; outros, exílio da África; o poeta Cláudio Manuel da Costa encontrado morto na prisão, oficialmente por suicídio. A cabeça de Tiradentes foi exposta em plena Vila Rica, sumiu misteriosamente e nunca mais foi encontrada.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4YzhergBK_Wzvr61S94TBJ-p4oet_LAaJWkJqZ5Qz0HV5dedLsmQX8nx1hYma1sWa59cxeZmlClpKM6qxgiw7MwTK4rmVzF04V0nkl6J2ivP11kilSGGNLGtHZKStHabhOYFP/s1600/28082010(045).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4YzhergBK_Wzvr61S94TBJ-p4oet_LAaJWkJqZ5Qz0HV5dedLsmQX8nx1hYma1sWa59cxeZmlClpKM6qxgiw7MwTK4rmVzF04V0nkl6J2ivP11kilSGGNLGtHZKStHabhOYFP/s200/28082010(045).jpg" width="200" /></a></div>Já no século XXI, o horror foi outro, novas tecnologias na cidade colonial, um jogo de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Role-playing_game">RPG</a> (<i>role-playing game</i>) com toques de magia negra teria provocado o assassinato de uma jovem, a estudante Aline Silveira Soares, que foi a um evento em Ouro Preto, a "Festa do Doze", em 11 de outubro de 2001. Com duas amigas, ficaram hospedadas em uma república; no dia 13, um túmulo do cemitério de Ouro Preto foi violado; e no dia seguinte, o corpo de Aline foi encontrado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia; sobre um túmulo, despida, de braços abertos e pés cruzados, e com 17 ferimentos feitos a faca. Os acusados pelo crime são três rapazes, moradores da república, e uma jovem, prima da vítima.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSB81axjMbDZeA30nBkF8jZElK_BEinL8pZwVJpQpZ415zO_1qVig6_yza1_WG-xVMT-0LRkJS0ace9YIGjr3UVc64f3jh08rrG35jh9c5AXarhC5AWEye2gCCn8SgzEPYkWCX/s1600/30082010(001).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSB81axjMbDZeA30nBkF8jZElK_BEinL8pZwVJpQpZ415zO_1qVig6_yza1_WG-xVMT-0LRkJS0ace9YIGjr3UVc64f3jh08rrG35jh9c5AXarhC5AWEye2gCCn8SgzEPYkWCX/s200/30082010(001).jpg" width="200" /></a></div>As repúblicas em Ouro Preto são um capítulo a parte; se espalham pela cidade, cheia de estudantes; de todos os níveis, umas ricas e tradicionais, ocupam casas maravilhosas; outras menos poderosas, improvisadas até; só de moças, só de rapazes, mistas, GLS ou homofóbicas. São muito parecidas com as <i><a href="http://www.blogger.com/goog_1910073500">fraternities </a></i><a href="http://www.blogger.com/goog_1910073500">e </a><i><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Fraternities_and_sororities">sororities</a> </i>das universidades americanas, tão descritas em livros (<i>A História Secreta</i>, de <b>Donna Tartt</b>, é um deles, com sua trama de cumplicidades e estudos clássicos) e filmes (um dos melhores talvez o <i><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Dead_Poets_Society">Sociedade dos Poetas Morto</a>s</i>, do diretor <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Weir">Peter Weir</a></b>, além de longas séries de <b>terror+rir</b> de Pânico e aparentados). Uma experiência que, no Brasil, não é onipresente como na cultura norte-americana; na Universidade em que estudei o campus era uma ficção, se resumia às conversas nos pilotis; assim para mim foi uma experiência engraçada ficar hospedado em uma república.<br />
O ponto forte é a hospitalidade, a facilidade em se fazer amigos, a diversão sempre presente, a casa cheia todo o tempo. O que poderia ser um ponto fraco, a pouca privacidade, não cheguei a sentir; mesmo com a casa cheia há um cuidado com as individualidades. Enfim, uma boa experiência, como é interessante passear na noite na cidade e ver a movimentação nas repúblicas, o barulho de festas, a juventude. E também uma marca da cidade, de Minas, a interiorização: não há um "baixo Ouro Preto", como temos vários "baixos" no Rio, onde as pessoas vão para as ruas beber e confraternizar; as loucuras acontecem entre as paredes coloniais das repúblicas, das casas, das igrejas; sob a aparência tradicional, o desvio; sob as igrejas barrocas, o prazer, a transgressão, o êxtase.<br />
Como no crime das irmãs Poni, em 1962; as irmãs Ethel e Edina Poni, da chamada alta sociedade de Minas Gerais, assassinaram em uma pousada em Ouro Preto, a sangue frio, a nova companheira do ex-marido de Edina, o milionário Fernando Melo Viana Filho. Uma história de amor e ódio, de traição, de dinheiro, violência e impunidade; um assassinato cometido na frente de testemunhas, em público; enquanto Ethel segurava os braços de Maria de Lourdes Dias Calmon, Edina, campeã de tiro ao alvo dos clubes tradicionais de Belo Horizonte, dispara dois tiros de seu revolver calibre 32 na nuca da vítima. As duas senhoras foram presas algumas horas depois; para recebê-las, a cadeia de Ouro Preto foi reformada; o julgamento teve a participação de juristas importantes, e o conservadorismo da sociedade mineira foi determinante para acolher a tese da defesa, de coação moral irresistível, e absorver as acusadas, culpabilizando a vítima.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwteWpm3I_yJMqus0iU0sfWVzEcTsuCvXFkT78kVYku0cC-RM7lfxWBT9usUSdgq6-jmFD7JwkziE_LM4sE1Ylodp3LIBh9HSZW_UR2pulDCLHCHPPxFRgf2HuBIOtmG12Dvk3/s1600/28082010(062).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwteWpm3I_yJMqus0iU0sfWVzEcTsuCvXFkT78kVYku0cC-RM7lfxWBT9usUSdgq6-jmFD7JwkziE_LM4sE1Ylodp3LIBh9HSZW_UR2pulDCLHCHPPxFRgf2HuBIOtmG12Dvk3/s200/28082010(062).jpg" width="200" /></a>Segundo a defesa (o texto é uma pérola ao descrever o conservadorismo brasileiro da época, onde o divórcio ainda não era legalizado e as separações eram vistas com estranheza, um casal formado após um desquite era um casal pária, apontado na rua, os filhos de desquitados marginalizados nas brincadeiras com os filhos de famílias), "<i>a vida de Edina tornou-se uma via crucis, n’uma sucessão de sobressaltos e angústias, permanentemente oprimida e coagida por sua impiedosa rival (...) se viu obrigada a privar-se de comodidades e da vida de conforto que sempre teve – pois passou faltar-lhe o mínimo para a sua subsistência – Maria de Lourdes deixava seu emprego (...) anunciando aos quatro ventos que descobrira uma “mina de ouro” e não precisava exercer um ganha-pão honrado: foi engrossar o número daquelas que vivem da mais triste e mais antiga das profissões... (...) Continua acentuado o contraste entre ambas, após a desgraça visitar a morada de Edina, na pessoa da Calmon: enquanto esta fazia freqüentes viagens a Europa (...), ostentava jóias de um luxo asiático (...), requintando em sempre fazer chegar a Edina a notícia dos presentes caríssimos que recebia do Dr. Fernando (...). Edina a esposa </i><i>legítima, atravessava períodos de notórias privações, com os credores batendo-lhe humilhantemente às portas (...) com os próprios fornecedores de gêneros negando-lhe mais crédito e obrigando-a a ir as duras fainas do trabalho na propriedade agrícola do casal, onde se dedicava à fabricação de doce para vender junto ao seu círculo de relações. (...) Senhora da situação como se julgava, confiante de sua ascendência de fêmea moça sobre o amante sexagenário (em números redondos a Calmon tinha 30 anos e o dr. Fernando o dobro, passou ela a infernar a vida da acusada Edina atormentando-a, amargurando-a e levando-a ao desespero, através de freqüentes (...) telefonemas urbanos e interurbanos em que, utilizando de linguagem </i><i>sórdida, preservada na tradição das vivandeiras, à Edina dizia que devia conceder o desquite ao marido para que ele pudesse regularizar sua situação com ela; que Edina se convencesse que era uma mulher velha e superada, enquanto que ela tinha mocidade a oferecer a seu marido e coisas quejandas (...)</i>"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_4pQqhvqEN56GJSejSOEM64vn8zTJO2lsRQm0LT5dc2P98YLGM2O5O5-SqhWGWidwNlpuwggkXxPYYOcrs0ef4KsrvH_cUl9iN7NGjk93gzyST85h4o2kI3oKTlft0UxzUO2L/s1600/28082010(100).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_4pQqhvqEN56GJSejSOEM64vn8zTJO2lsRQm0LT5dc2P98YLGM2O5O5-SqhWGWidwNlpuwggkXxPYYOcrs0ef4KsrvH_cUl9iN7NGjk93gzyST85h4o2kI3oKTlft0UxzUO2L/s200/28082010(100).jpg" width="200" /></a></div>Estão todos lá, vagando, enquanto caminho pelas ladeiras, enquanto fotografo com meu celular as sombras, os azulejos e as fontes, enquanto bebemos uma <a href="http://www.cervejariabacker.com.br/">cerveja Backer</a>, enquanto vamos de república em república, os vultos nos perseguem e se escondem nos becos, os barulhos ao longe, as estrelas, o céu do Guignard.<br />
Sim, e o Museu Casa de Guignard, uma delícia; a casa onde o artista morou, uma casa muito simpática com um gostoso quintal, muito bem conservada e adaptada para um museu simples, sem grandiosidade, <i>cool </i>como o artista.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0P4H2Kr-sQlrbiJRgUUup1ad6mAKUNBUh-q1HG_ZBuY5ZNU_1SgKPtB2VyMyR38vJrwmUxqCkHiQvF03by1nAt5CDLEluHhzx5ZTFAoTvF478ZpSmCyvFz5j7UEKxATavP3IM/s1600/29082010(001).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0P4H2Kr-sQlrbiJRgUUup1ad6mAKUNBUh-q1HG_ZBuY5ZNU_1SgKPtB2VyMyR38vJrwmUxqCkHiQvF03by1nAt5CDLEluHhzx5ZTFAoTvF478ZpSmCyvFz5j7UEKxATavP3IM/s200/29082010(001).jpg" width="150" /></a></div>Museu com pouco acervo, nem meia dúzia de telas do Guignard (mas uma lindíssima, pintura sobre madeira, grande, com cores fortes); uma cama e outros objetos pintados pela artista; e uma coleção de pequenos desenhos, cartões, bilhetes de enamorado; apenas isso; mas não faz mal, se respira Guignard em toda parte, um lugar gostoso para se ficar horas como ficamos, e se sentir também um pouco enamorado por esta Ouro Preto de Guignard. Como esta casa fosse um par de parênteses, fosse como uma capa protetora a deixar fora o lado soturno, os espíritos.<br />
(Guignard também tem um lado negro, sabemos; depressivo, os complexos a partir dos lábios leporinos; mas sua obra dificilmente é soturna, mesmo nas cenas de noite, há uma transcendência, uma elevação, uma alegria quase ingênua. Outro artista, ligado a Ouro Preto, que transcendeu as limitações do físico foi certamente Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cuja deformação absolutamente não deixa marca na beleza de seus anjos. O barroco, a transcendência da pérola deformada, o êxtase)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiic3pMP2jKSpFRAkZlkrKRdZetob58u0xt1-BoQcvWl0yFl6RABBYhEORkZkoZLDanUykkEPC2j54RKeM2VNRVjBk4zyK1ap48sm-KKYV-dTO3hFYAzeo3_HoHoFkSanpgxLFT/s1600/28082010(105).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiic3pMP2jKSpFRAkZlkrKRdZetob58u0xt1-BoQcvWl0yFl6RABBYhEORkZkoZLDanUykkEPC2j54RKeM2VNRVjBk4zyK1ap48sm-KKYV-dTO3hFYAzeo3_HoHoFkSanpgxLFT/s200/28082010(105).jpg" width="200" /></a></div>E assim deixo Ouro Preto, já fazendo planos para voltar.<br />
Uma residência, registrando em meus <i>moleskines </i>os azulejos e azulejos das igrejas, quem sabe?<br />
Ou simplesmente voltar, sem motivo, sem desculpa, pois a vida é boa e melhor ainda se se consegue rever o passado e tornar realidade algo que ficou inconcluso há tantos anos. Ou séculos.<br />
Buscando o ouro e o encontrando.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-66783654710631066932010-08-25T00:42:00.007-03:002010-09-17T12:10:44.680-03:00Ao vencedor, as baratas"<i>Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. (...) trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro (...) No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.</i>" (Êxodo 32:2-6) <br />
Adorar um animal de ouro. No Antigo Testamento, um bezerro, feito com as jóias de ouro do povo. Ouro para o bem do Brasil, nos anos 1960, derreter alianças, pulseiras de bebê e cordões de Agnus Dei, para salvar o país do perigo comunista. Fotos da atriz Julie Christie ao ganhar seu Oscar em 1966, com um vestido dourado, beijando impudicamente a estatueta dourada. Cenas do garimpo da Serra Pelada, homens chafurdando em barro e pepitas do precioso metal, riqueza instantânea ou pobreza continuada.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAG9vs58x7ayj4wGBQ-onqIfa2YB-Umv8QM1KWpfxX05Ez_5XiCQJkN9KmeMkRfOIC8ChK14DuMIbV-6LfTWvmExj7ad5gYpY3zNdHMR5pbo6YMbjo-X4Llxq20b4Q6XaAT9az/s1600/fdlr1.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAG9vs58x7ayj4wGBQ-onqIfa2YB-Umv8QM1KWpfxX05Ez_5XiCQJkN9KmeMkRfOIC8ChK14DuMIbV-6LfTWvmExj7ad5gYpY3zNdHMR5pbo6YMbjo-X4Llxq20b4Q6XaAT9az/s200/fdlr1.JPG" width="200" /></a></div>Hoje, uma inversão: o ouro, o objeto máximo de desejo e idolatria, se associa ao inseto mais repugnante, habitante dos esgotos e dos becos escuros e úmidos. As baratas de ouro do artista <b>Fernando de La Rocque</b> não são objetos de adoração, não são ícones de um mundo estático, hieraquizado; são objetos de arte, de uma arte que associa o desejo à repunância para questionar os limites da própria arte, as contradições da sociedade que endeusa artistas midiáticos, que transformou a arte em espetáculo e os museus em mausoléus.<br />
Com simplicidade, Fernando fala de seu processo de trabalho.<br />
Da visão modernista do artista como um ser especial, do trabalho de arte como uma ligação entre o divino e o humano, do gesto criador como o sopro de Deus em Adão, da Arte como Expressão e Transcendência (tudo com maíusculas), temos um artista que sai pela noite urbana com sua mochilinha, um spray de tinta dourada; sua caça, os insetos rastejantes; sua obra, as baratas douradas. Baratas que ele devolve à liberdade ou que envia, por Sedex, uma <i>Nasty-Mail-Art</i>.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUPJlgkQlrRQlg_kMSuR_o-NWd7be8gUrnmQKBmL9yc2dl5XINN7wmSdTPClhZ2_SyzHKuZBjv2tqpEd2e6ebxWlUn8DoG8vHFbzVrIEHGRAgpLQ42gK-bCyrrINh4ZfPhc4-1/s1600/fdlr2.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUPJlgkQlrRQlg_kMSuR_o-NWd7be8gUrnmQKBmL9yc2dl5XINN7wmSdTPClhZ2_SyzHKuZBjv2tqpEd2e6ebxWlUn8DoG8vHFbzVrIEHGRAgpLQ42gK-bCyrrINh4ZfPhc4-1/s320/fdlr2.JPG" /></a></div>São as baratas do Fernando de La Rocque que estão na exposição "<i>Barata de ouro -- Expressionante</i>", no Espaço Cultural Sergio Porto, no Rio, até dia 29. Baratas de plástico pintadas de ouro em estojos, uma mais <i>sexy </i>em um estojo de cetim cor-de-rosa; uma pequena pintura expressionista de uma barata, com moldura <i>kitsch</i>; desenhos de baratas douradas sobre papel; vídeos; troca de emails do artista sobre o projeto das baratas. Multiplicidade de formas, de midias; simplicidade; contemporaneidade. Interessante também é conversar com o artista sobre seu trabalho, vê-lo ensaiando uns passos de dança no Fosfobox, ou melhor, ver sua entrevista no programa do Jô Soares (está no Youtube, coloquei o <i>link </i>abaixo), para sentir que é um artista comprometido com seu trabalho e, ao mesmo tempo, comprometido com uma visão de mundo, com um trabalho que procura alternativas, que não se conforma ao espaço tradicional das categorias (pintura, desenho, escultura, artes aplicadas), das galerias, do circuito de arte. Sempre com leveza, <i>witty </i>e doce, e sem abrir mão de seu pensamento, de sua proposta.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_Vmv_QGVnkGvkZ6n2Jc2S-Gs5ryeiPJo3zURhd9WcZKAU6JjKjuKYAxChwqwaxOndRFfnWaz9yByNPs19h-Ps1xhBAgSkYcYhaXB0DQw6Mn8NnPdsqPDGNMIWO42d-8-Krb4h/s1600/fdlr3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="136" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_Vmv_QGVnkGvkZ6n2Jc2S-Gs5ryeiPJo3zURhd9WcZKAU6JjKjuKYAxChwqwaxOndRFfnWaz9yByNPs19h-Ps1xhBAgSkYcYhaXB0DQw6Mn8NnPdsqPDGNMIWO42d-8-Krb4h/s200/fdlr3.jpg" width="200" /></a></div>Interessante também acompanhar o trabalho do artista, questionador, e ao mesmo tempo leve, com humor e ironia. Os objetos-esculturas feitos de canudos de plástico usados: são pedras que respiram, são galáxias ou nuvens, são cérebros ou pulmões; são pop e contemporâneos. "<i>Colônias</i>", instalação com "azulejos pseudo-coloniais", uma parede externa da Galeria Gentil Carioca coberta pelo que parece um padrão típico de azulejo colonial; vista de perto, vê-se que o inocente padrão na verdade é uma suruba infinita, explícita, em azul e branco; um passante reclama, vai à Polícia, registra um B.O.; a discussão chega aos jornais, e não estamos no obscurantismo medieval e sim no Terceiro Milênio em um País Tropical. Enfim.<br />
Este é o trabalho do Fernando de La Rocque: instigante, leve, irônico, contestador e acima de tudo contemporâneo. <br />
<br />
<i>Clique aqui para <a href="http://fernandodelarocque.blogspot.com/"><b>Larocque</b></a>, o blog do artista</i><br />
<br />
<i>Entrevista do artista no programa do Jô Soares, parte 1 e parte 2:</i><br />
<object height="360" width="580"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_ELXvqpJyUM?fs=1&hl=pt_BR&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/_ELXvqpJyUM?fs=1&hl=pt_BR&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="580" height="360"></embed></object><br />
<object height="360" width="580"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/HRzEBby8Wlk?fs=1&hl=pt_BR&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/HRzEBby8Wlk?fs=1&hl=pt_BR&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="580" height="360"></embed></object><br />
<br />
<i>Julie Christie, o filme "Darling" é de 1965 e o Oscar em 1966, no vídeo não aparece o tal beijo, objeto das fotos, proféticas de uma época de idolatria e materialismo.</i><br />
<object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/9-xnf1GucBU?fs=1&hl=pt_BR&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/9-xnf1GucBU?fs=1&hl=pt_BR&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="445" height="364"></embed></object>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-73648778583145852812010-08-23T00:16:00.001-03:002010-08-23T00:18:02.746-03:00O paradoxo e a maratona<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij_6-CPcY8j1wUEZd2wDdB_3POX7wIiuWlH243Nzu6bW-UX7kbDwelbNqqtxxNyYeSr6U20M8hi_wjBdTUSgdUiYPdbjZA6-ZJHhLdQRvK2VcWdgXVvkJPOPUwg_O4f9Yc9N2T/s1600/20082010(033).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij_6-CPcY8j1wUEZd2wDdB_3POX7wIiuWlH243Nzu6bW-UX7kbDwelbNqqtxxNyYeSr6U20M8hi_wjBdTUSgdUiYPdbjZA6-ZJHhLdQRvK2VcWdgXVvkJPOPUwg_O4f9Yc9N2T/s320/20082010(033).jpg" width="240" /></a></div>Observei em minha vida recente um paradoxo: quando eu morava em Brasília e vinha ao Rio e a São Paulo com o tempo contado, conseguia ver todas as exposições de arte importantes nas duas cidades, além das (poucas) em Brasília. Agora que voltei a morar no Rio, vejo que não consigo me manter atualizado no movimento de exposições na cidade, e também minhas idas a São Paulo estão sendo mais raras.<br />
Para romper este paradoxo, só outra invenção dos gregos, a maratona. E retomei o hábito de dedicar um dia inteiro para ver todas as exposições, ou quase todas, e depois cair na cama morto de cansaço. Valeu à pena, já que eu corria sério risco de perder algumas boas exposições, em seus últimos dias .<br />
Comecei pelo <b>CCBB</b>, que abriu sua <b>Sala A Contemporânea</b> com uma boa instalação da artista <b>Mariana Manhães</b>. São, máquinas, robôs, que se movimentam, gemem, chiam, mostram imagens, um <i>high-tech</i> que é <i>low-tech</i>, com fios, curcuitos, conexões e engrenagens a vista. Impossível não lembrar das máquinas da <b>Rebecca Horn</b> na mesma sala há algumas semanas; irônicas máquinas, nos trabalhos das duas artistas; mas também muitas diferenças, na elegância apolínea da alemã e na brasilidade macunaímica (se é que posso usar estes termos quando falo de mecanismos) da instalção da Mariana.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFJ4yVY95nMyEgWqsntRt6X1iEq7PsDcOg3YuAFE8gLLldcE_vSvTc-bWnMBsKPWNoPArcfhCHQSFfZIW8IEUeSaBWjPM1ujyiqHVVP7s_X4BxpwUlzoYVEbLPtlqHDiNEBI7/s1600/20082010.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFJ4yVY95nMyEgWqsntRt6X1iEq7PsDcOg3YuAFE8gLLldcE_vSvTc-bWnMBsKPWNoPArcfhCHQSFfZIW8IEUeSaBWjPM1ujyiqHVVP7s_X4BxpwUlzoYVEbLPtlqHDiNEBI7/s200/20082010.jpg" width="200" /></a></div>Ainda no <b>CCBB</b>, retrospectiva da <b>Anita Malfatti</b>, com cerca de 120 obras. Um mistério para mim, a trajetória da artista paulista: das obras fortes do início de sua carreira até os anos 1920, para o trabalho com boa técnica mas insípido e <i>kitsch </i>do restante da carreira. O <i>turning point</i> teria sido o famoso artigo de Monteiro Lobato, <i>Paranóia ou Mistificação</i>; mas o artigo é de 1917 e vemos ainda bons trabalhos de Anita até meados dos anos 1920. Uma leitura feminista talvez aponte como causa o massacre da mulher: família burguesa empobrecida com a morte precoce do pai, uma menina com problemas físicos de nascença (atrofia no braço e mão direita), portanto "incapaz" para um bom casamento, tem que se sustentar através de aulas e de pinturas submetidas ao gosto dos compradores. Muitas outras leituras são possíveis, e nunca este mistério fica tão evidente como em uma retrospectiva.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFzNR9_QcH1IYwzF8Teb04hHorFW0RYTpNNAFC2mIpskMDXD68-FDSBdHXEc2PTKX0oDP9P5pjLm3N4BMVJtpDQZs6whvJIxS7rCbZ-6VE4FbGFKUPPIPGtzo5aex4tson-tzE/s1600/20082010(028).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFzNR9_QcH1IYwzF8Teb04hHorFW0RYTpNNAFC2mIpskMDXD68-FDSBdHXEc2PTKX0oDP9P5pjLm3N4BMVJtpDQZs6whvJIxS7rCbZ-6VE4FbGFKUPPIPGtzo5aex4tson-tzE/s200/20082010(028).jpg" width="200" /></a></div>Na <b>Casa França Brasil</b>, <i>A Céu Aberto</i>, uma exposição com a proposta de criar novos espaços expositivos na instituição, voltados para o exterior do magnífico prédio. Uma frase do artista <b>Leonilson</b>, "<i>Observar e dar chance à minha curiosidade</i>", dá o mote da exposição, que é bem feliz em sua proposta. Os demais artistas são <b>Geléia da Rocinha</b>, <b>Paulo Vivacqua</b> e <b>Smael</b>. Já nos espaços internos, instalações do <b>Chelpa Ferro</b> e do <b>Cadu Costa</b>, exploram a sonoridade.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikw80ilTXYrgiJc1-WTnejDjYwBHPlK1mu9BuIRQng5ZhP3U44LtpSWug41-rIWxz0siib-JX1lYNVVrDKP52vMnOR1aa5GXMt16_aZk8XANsJDETDU6AaAEXGfvXE4HK0wq_V/s1600/20082010(009).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikw80ilTXYrgiJc1-WTnejDjYwBHPlK1mu9BuIRQng5ZhP3U44LtpSWug41-rIWxz0siib-JX1lYNVVrDKP52vMnOR1aa5GXMt16_aZk8XANsJDETDU6AaAEXGfvXE4HK0wq_V/s200/20082010(009).jpg" width="200" /></a></div>A instalação do Chelpa é uma versão da apresentada na Galeria Progetti, e a do Cadu é uma gigantesca caixa de música/órgão de foles, com martelos (ferramentas comuns), que, acionados pelo espectador através de um mecanismo giratório, provocam um som de avalanche. Tenho um trabalho do artista, <i>Pour Elise</i>, onde a música de uma caixinha de música é transformada em uma gravura; e vejo neste gigantesco mecanismo como o artista explora sempre de forma precisa e eficaz as ideias de sua pesquisa. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPVcSuLzSHAMQp5FczN1kjpp_4OVB9apNSU1CB50sgzrY_WIjstL-ge5nD6j5bYItKNisgOIxA60bofMoc48TXjNvMSbiZ0SS53TuLLpbxKvpnUmYjVNHlpRtFaClgG2mUyeBZ/s1600/20082010(004).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPVcSuLzSHAMQp5FczN1kjpp_4OVB9apNSU1CB50sgzrY_WIjstL-ge5nD6j5bYItKNisgOIxA60bofMoc48TXjNvMSbiZ0SS53TuLLpbxKvpnUmYjVNHlpRtFaClgG2mUyeBZ/s200/20082010(004).jpg" width="200" /></a></div>No <b>Centro Cultural dos Correios</b>, revejo a exposição <i>Goeldi, O Encantador das Sombras</i>. Rever é uma maneira de dizer, vi esta exposição em Brasília, no Centro Cultural da Caixa, em uma versão reduzida; aqui, é como ver uma nova exposição: com muito mais obras, a montagem se utiliza muito bem do amplo espaço da instituição, são feitas oficinas e apresentações didáticas, há um catálogo não muito extenso mas muito bem produzido. E os <i>highlights </i>para mim são a remontagem do ateliê do artista, primorosa, com matrizes de gravuras, instrumentos de trabalho e até, requintes, jornais da época; e a exibição do filme "<i>O Guarda-Chuva Vermelho</i>", feito pela artista <b>Lygia Pape</b> como um tributo ao gravador, ela, também uma artista com xilos maravilhosas. Sim, e o fantástico trabalho do Goeldi, os urubus, os guarda-chuvas, as caveiras, os peixes, os jogadores de cartas e os ladrões, os urubus, um mundo tenebroso e ameaçador, onde o perigo, a morte, vem dos cantos, dos becos escuros, das chuvas, dos objetos que revoam carregados por um vendaval. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUHMNPIs-AsVj1I41BrYVEmkCQsEo51tvYXS0GNnIRijQ5l6XBXSl9is18yaHRBvznhTrsEz3UrjWubjySU-odgpC8jxwuSnnrghd7f__fTVixA2iQRkJpnxw-3f1KEBTY9Lrc/s1600/20082010(030).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUHMNPIs-AsVj1I41BrYVEmkCQsEo51tvYXS0GNnIRijQ5l6XBXSl9is18yaHRBvznhTrsEz3UrjWubjySU-odgpC8jxwuSnnrghd7f__fTVixA2iQRkJpnxw-3f1KEBTY9Lrc/s200/20082010(030).jpg" width="150" /></a></div>Na <b>Galeria LGC Arte Contemporânea</b>, a exposição de <b>Frederico Dalton</b>, <i>Exceções Recorrentes</i>, com curadoria do artista <b>Oswaldo Carvalho</b>. As questões apresentadas pelo artista são muito atuais, por exemplo: "<i>O que significa realmente ser “minoria” hoje?</i>", "<i>A arte ainda pode ser considerada uma situação de exceção</i>?" e ao tratar estes temas usando midias contemporâneas porém ultrapassadas - projeção de slides - o artista faz um contraponto a uma arte integrada, que se coloca sistematicamente <i>up-to-date</i>. Um pouco "<i>vai Carlos, ser gauche na vida</i>", um pouco o <i>low-tech</i> que certamente dialoga com a Mariana Manhães, com o Cadu e o Chelpa Ferro, todos em um círculo de menos de 200m de diâmetro; como dialoga com o <b>Matta-Clark</b>, no Paço há pouco mais de um mês. Mas ao meu ver o parentesco é maior com o artista americano, ao privilegiar os destituídos, as exceções, as minorias, o fusca que se move como uma borboleta, os projetores de slides, o não à obsolescência planejada, ao <i>high-tech</i>, ao mundo pasteurizado onde parece que cada vez mais se está sem alternativa. Uma exceção pode ser uma alternativa, ainda mais se é recorrente.<br />
Uma andada do Corredor Cultural até a área da Praça Tiradentes. O Centro do Rio é mesmo delicioso, principalmente em um dia de sol, mas sem calor; se podemos parar nos camelôs e dar asas à imaginação, se o Halls que em todos os lugares custa 1 real aqui sai por 2 por 1 real, bem, só pode ser mercadoria roubada, mas enfim, encho minha mochila com Halls, o pretinho, o que engasga mais, e chego totalmente engasgado a minha próxima parada:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1hc9QjeZwjUe-ouEAvlZ06hYwYltIk4-_prHeyyMm-7p7p_r0_MiTjOmtyUfAWsTvuViUhXJ6A0sYSBPWCcwj14Xo8d7XkFvGiXaykbCsBLLqS6i-OoUJ7PYjWaFYyGXQ1AU/s1600/20082010(035).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1hc9QjeZwjUe-ouEAvlZ06hYwYltIk4-_prHeyyMm-7p7p_r0_MiTjOmtyUfAWsTvuViUhXJ6A0sYSBPWCcwj14Xo8d7XkFvGiXaykbCsBLLqS6i-OoUJ7PYjWaFYyGXQ1AU/s200/20082010(035).jpg" width="200" /></a></div><b>Largo das Artes</b>, rever a exposição do <b>Gilvan Nunes</b>. O espaço do Largo é talvez o mais maravilhoso dos espaços de galerias de arte cariocas, com a vantagem que é autêntico, não é um <i>loft-Disney</i>. E agora com um algo a mais, o andar de baixo é ocupado por um sebo dos bons que tem um café/restaurante delicioso.<br />
Bom, mas para os artistas, qualquer artista, é um desafio, aquele espaço enorme, o pé direito alto, a área central onde cabe até uma montagem de Aída, com elefantes e tudo. E o Gilvan se saiu super-bem deste desafio, ocupou muito bem o espaço; são pinturas enormes, muito coloridas; serigrafias obssessivamente cheias; pequenas telas; tudo muito bonito, dá vontade de rever, de ter. Lindas pinturas, matéricas, coloridíssimas, ornamentos; algo como uma Milhazes-rascante; as pinturas com apropriações de bibelôs são um achado; e saí da exposição sentindo que tem tudo a ver, o Centro da Cidade, o Saara, o colorido desta cidade tropical e destas pinturas que tudo incorporam e tudo transfiguram em tinta e gesto.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRgKb9kSldElnXjdbt2JZDqkQehNv9yTrJm3ovTWLX4z6tzJgg2xrby9YzG1EWAGYp8o4zl-gGfl-wCPnRahBqlvVo5xtT3y1-bpJuIKwg2Uf08KC2F0XjVTMQAEFMzsVJYp2k/s1600/20082010(039).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRgKb9kSldElnXjdbt2JZDqkQehNv9yTrJm3ovTWLX4z6tzJgg2xrby9YzG1EWAGYp8o4zl-gGfl-wCPnRahBqlvVo5xtT3y1-bpJuIKwg2Uf08KC2F0XjVTMQAEFMzsVJYp2k/s200/20082010(039).jpg" width="200" /></a></div>Na <b>Gentil Carioca</b>, <b>Fabiano Gonper</b>, “<i>Do Sujeito. Do Poder. Da Arte</i>”, com desenhos, videodesenhos, fotografias, obras gráficas e uma escultura. Um bom trabalho, coerente, antenado. As pessoas são desenhadas como contornos, esculpidas como manchas bidemensionais; nas obras gráficas o preto invade as figuras, e as relações de poder ficam evidenciadas. <br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyPq4xdtUSlVCnUbT2Gw1fMDBZO-VAg-U5B5UM5QrAMdb4rMKxaY1l_RGslZKkeWswUhCOOGPFRsRfzA3ToRx_Vw0w9FFDoPgKlwq2uIP3wj2YePUW6w-u0PwvyRu88UJPc3Ws/s1600/20082010(037).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyPq4xdtUSlVCnUbT2Gw1fMDBZO-VAg-U5B5UM5QrAMdb4rMKxaY1l_RGslZKkeWswUhCOOGPFRsRfzA3ToRx_Vw0w9FFDoPgKlwq2uIP3wj2YePUW6w-u0PwvyRu88UJPc3Ws/s200/20082010(037).jpg" width="150" /></a>Na <b>Durex</b>, o artista plástico <b>Mauro Espíndola</b> apresenta a exposição "<i>Nactividade</i>", com desenhos e pinturas que lidam com questões de identidade, particularidade e universalidade, a partir de fotografias. Um trabalho bonito e pleno de significados. As relações entre fotografia e memoria, entre pintura e fotografia, entre permanente e efêmero, entre o indivíduo e a família/sociedade, estão muito presentes e são bem resolvidas.<br />
Na <b>Caixa Cultural</b>, uma exposição sobre os móveis do arquiteto <b>Sérgio Rodrigues</b>, bem montada e bem interessante. Gosto dos móveis e tudo o mais do arquiteto, para mim eles tem a cara dos anos 1960, da revista Senhor, do clube Costa Brava, da Garota de Ipanema (o filme), de uma espontaneidade (a Cadeira Mole) que depois foi atropelada pelos anos 1970, pela contra-cultura, pelos hippies, pelas drogas, pelo Pop. E o arquiteto se renova, trocou o jacarandá pelas madeiras certificadas, e está tudo lá, na exposição.<br />
Metrô até Copacabana, uma parada para ver <b>Sergio Allevato</b> na <b>Artur Fidalgo</b>. À primeira vista são aquarelas de botânica; mas olhando bem, o artista enxerta nas formas vegetais outras formas, de personagens da Disney, da Hanna Barbera, da Hello Kitty. <br />
Outras estações de metrô e chego em Ipanema, revejo as Galerias Amarelonegro e Laura Marsiaj, mas, exausto, deixo a Galeria Laura Alvim para outro dia.<br />
Na <b>Amarelonegro</b>, além das coleções de múltiplos que são mostradas por demanda, a boa coletiva <i><b style="font-weight: normal;">Além do Horizonte – Paisagens Contemporâneas</b></i>, com curadoria da <b>Daniela Name</b> e obras de artistas contemporâneos relacionadas à paisagem: <b>Álvaro Seixas</b>, <b>Bob N</b>, <b>Bruno Miguel</b>, <b>Danielle Carcav</b>, <b>Deborah Engel</b>, <b>Estela Sokol</b>, <b>Gisele Camargo</b>, <b>Leo Ayres</b>, <b>Luiza Baldan</b>, <b>Pedro Varela</b>, <b>Rafael Alonso</b> e <b>Raul Leal</b>. Bons artistas, um bom conjunto e uma boa montagem, aproveitando bem o novo espaço da Galeria.<br />
Na <b>Laura Marsiaj</b>, a exposição “<i>Fechar os Olhos Para Ver</i>”, da <b>Ana Miguel</b>, traz frases gravadas, gravuras e objetos, a temática e as soluções bem próprias do trabalho da artista, me sinto um pouco como a Alice, uma criança enorme em um mundo estranho. No Anexo, em "<i>A Casa Sem Paisagem</i>", <b>Daniel Murgel</b> mostra trabalhos que discutem relações do comportamento do homem com seu <i>habitat</i>, a casa. As duas exposições dialogam entre si, embora bem diferentes, a sutileza da Ana é contraponto à assertividade do Daniel, e se complementam neste diálogo.<br />
Cansado, encerro minha maratona, mas sei que muita coisa ficou de fora e que na semana que vem o dever me chama. Ou o prazer, dá na mesma.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-39009555383062467202010-08-11T15:42:00.002-03:002010-08-11T18:44:26.849-03:00Amores virtuais<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTEG9l6xmV3jOZzlVc9tSnoD1btQFqrgyVI1E3Wilw1EbV9TH2d-S2miEwWv2x_yrFNH6pC2SOVwpRTzEWeXdb-Fg1oS4csTuO2JM4Fib3yEOf8zW8r4MwqIX6cO5ggcdU-YOl/s1600/11082010.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTEG9l6xmV3jOZzlVc9tSnoD1btQFqrgyVI1E3Wilw1EbV9TH2d-S2miEwWv2x_yrFNH6pC2SOVwpRTzEWeXdb-Fg1oS4csTuO2JM4Fib3yEOf8zW8r4MwqIX6cO5ggcdU-YOl/s320/11082010.jpg" width="320" /></a>A melhor parte é o beijo. Eu acho.<br />
"Conhecer alguém" pela internet na verdade é "desconhecer" alguém. Ou melhor, é conhecer (ou ignorar) um pouco mais sobre nossas próprias fantasias.<br />
Melhorou muito, a tecnologia. Encontrei um grande amor, nos idos longínquos de 1998, teclando em uma coisa chamada <b>mIRC</b>: texto apenas, lento, limitado, mas presente em todos os lugares e com espaço para todas as tendências, um verdadeiro fusca. Hoje, com banda larga, <b>SMS</b>, <b>3G</b>, Blackberrys, iPhones, <b>voIP </b>e outras coisas que a cada momento aparecem, para nos fazem gastar mais e mais, é claro que este "conhecer" estaria facilitado, pelo menos em tese.<br />
Na verdade, as pistas que o real a cada momento nos dá sobre as pessoas, no mundo virtual são apenas fragmentos onde se despositam camadas e camadas de fantasias, de inconsciente pessoal e coletivo.<br />
Começa se se escrever este palimpsesto de nossa "imagem virtual", nosso avatar, com a escolha do <i>nick</i>. Estratégia de <i>marketing</i>, um nome que signifique muito e que pouco signifique, que demonstre o que pretendemos, o que buscamos, mas que ao mesmo tempo esteja aberto para outras interpretações. Que seja fácil de guardar e de recuperar nas filas infindáveis de avatares que se acumulam nas chamadas "listas de amigos" dos <i>sites </i>de relacionamento ou dos canais de <i>chat</i>: "dominador", "A3", "coroaprocura69", "Krente_gostosa", "casado45", "meninamorena", "ursinholindo", "20pegar"... Um leve toque de humor ajuda a fixar a marca, e o céu da imaginação e das fantasias é o limite.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Mni4PxSkJoZneh1jmPftrnMsgCXcJ2rjILYM5I1INsLDrz0d1YGRkDza0L11L5hSJCd0Q2WAiHMydHP3YrdhocLNJbfW_AvRCY2YSNgE0BVm1sCeT_H3I-eHwhia_0fQqohc/s1600/11082010(003).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Mni4PxSkJoZneh1jmPftrnMsgCXcJ2rjILYM5I1INsLDrz0d1YGRkDza0L11L5hSJCd0Q2WAiHMydHP3YrdhocLNJbfW_AvRCY2YSNgE0BVm1sCeT_H3I-eHwhia_0fQqohc/s320/11082010(003).jpg" width="320" /></a>Um avatar pode ter tudo ou nada a ver com o eu real ou o eu social: características físicas, sociais, até mesmo o gênero e preferências. Pessoalmente acho pouco prático usar um avatar completamente diferente de mim, assim como também acho pouco prático mudar de avatar a cada momento, começar tudo de novo com nova personalidade. Mas há os que vivem disso, e é engraçado encontrar alguém um dia para descobrir que é no mundo real a mesma pessoa com quem você teclou há alguns anos, só que completamente diferente no mundo virtual. No mundo da fantasia, mesmo o da política midiática, metamorfoses extremas e radicais são possíveis, basta dizer <i>Shazam!</i> ou escrever uma Carta aos Brasileiros.<br />
Alguns <i>sites </i>são o anonimato do anonimato, neles você não precisa se inscrever, pode ter novo <i>nick </i>a cada momento, basta entrar nas salas segundo sua preferência: amizade, encontros, namoro, sexo, troca de imagens eróticas, por idade, por local. Desnecessário dizer que as mais cheias são as de sexo.<br />
Ao meu ver, o mais interessante e democrático é esta possibilidade de segmentação. O que os avós diziam "um chinelo velho para um pé cansado", e eu chamo da <i>Teoria do Shopping</i> (um dia escreverei sobre esta teoria aqui no blog). Ou a <i><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Say">Lei de Say</a></i>, das minhas aulas de Economia: a demanda cria sua própria oferta. <i>Something for everyone</i>, do capitalismo globalizado do Terceiro Milênio: se há alguém procurando alguma coisa, por mais específica que seja, logo haverá um nicho onde estarão conectadas as demais pessoas que procuram a mesma coisa, e, mesmo que sejam meia dúzia de gatos-pingados, logo estarão no nicho os ofertantes para aquela demanda. Por exemplo, fantasias, fetiches. As pessoas que acham que não encontrariam parceiros por estarem fora dos padrões de perfeição da mídia descobrem que há nichos para elas, e que, mais inesperado, são assediadas por pessoas totalmente dentro ds padrões, que no mundo real elas teriam até medo de chegar perto. Diferente do mundo real onde a censura sobre o desejo é constante, o mundo virtual é o Éden do desejo, sem nenhuma maçã a vista, a não ser os<b><a href="http://www.apple.com/"> iMac</a></b>.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_XXjwcYi9mp2dB8zl0EqvwR2Dubk0qtmnxawawJESrAod_8afNtLg7Cmb1JOFl4tJxJX8TgS7_7iDmk0bLv-1RXQexPo8MlzxB3-HhatJceMqPcKV08tFmZGzj6uCc-vihd_/s1600/11082010(005).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_XXjwcYi9mp2dB8zl0EqvwR2Dubk0qtmnxawawJESrAod_8afNtLg7Cmb1JOFl4tJxJX8TgS7_7iDmk0bLv-1RXQexPo8MlzxB3-HhatJceMqPcKV08tFmZGzj6uCc-vihd_/s320/11082010(005).jpg" width="320" /></a>Outros <i>sites</i>, pagos ou gratuitos, oferecem a possibilidade de você se cadastrar, criar um perfil descrevendo suas características reais ou idealizadas, armazenar fotos reais ou falsas, trocar mensagens, pesquisar outros avatares segundo características desejadas... <br />
Encontrado alguém interessante, após o bate-papo básico, talvez seja a hora de conversar na <i>webcam</i>. Momento difícil, onde a beleza descrita no perfil talvez não resista à inclemência do olho eletrônico, onde os gatos se tornam menos pardos. Conversar e, se o contato foi ruim, excluir ou bloquear ou simplesmente ignorar; se, pelo contrário, há alguma leve promessa, continuar conversando, quem sabe um namoro à distância, um sexo virtual.<br />
Mas mesmo com toda a luz das <i>webcams</i>, mesmo que o sexo virtual pareça real, ainda é o palimpsesto: uma imagem fugidia de outra pessoa que não tocamos, não cheiramos, e que cobrimos com nossas fantasias; imagem de uma tela de computador que é mais pálida que a imagem de nossos sonhos, que alimenta nossos desejos e deles se alimenta, que nos faz ver o que queremos ver, o que precisamos ver.<br />
A maioria dos contatos fica nisso, no virtual. No escuro, na tela, são tudo, príncipes, princesas, brilhantes, incansáveis, insaciáveis; porém, como vampiros, sabem no íntimo que a luz do sol os tornará em pó; seu leito-caixão é o computador, sua pátria uma distante terra do Nunca. Inventar desculpas para evitar encontros, desmarcar de última hora, dar bolos, e o recurso final de sumir, bloquear, deletar.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXxUivtlKm-rwSs_MbhalXVpZyme9yrKvtBk_s8ABA7V8gK2wA4uv-A564dHaFIzawjcfa-sN6fxeztmMDgELn07RItWCLosSVDh-CQ7-p_n5RFCzoOTbP-CtRTvFxmRUiimKP/s1600/11082010(007).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXxUivtlKm-rwSs_MbhalXVpZyme9yrKvtBk_s8ABA7V8gK2wA4uv-A564dHaFIzawjcfa-sN6fxeztmMDgELn07RItWCLosSVDh-CQ7-p_n5RFCzoOTbP-CtRTvFxmRUiimKP/s320/11082010(007).jpg" /></a>Os contatos se fazem em ondas, vão e vem. Um dia é o amor de sua vida, mas logo aparecem outros contatos e daí a uma semana você tem que puxar pela memória para lembrar quem era mesmo aquela pessoa, aquela ligação interurbana na conta do celular feita de madrugada. É como tentar lembrar no dia seguinte de uma festa onde você bebeu demais e flertou demais, só que é o tempo todo assim. E quando reaparece um contato, não há por que cobrar: "sumiu?" é uma cobrança que, além de chata, é totalmente sem sentido no mundo virtual, onde as pessoas são só vultos, fantasmas.<br />
Mas alguns poucos contatos sobrevivem, ultrapassam esta prisão do virtual, e um encontro se faz. Nervosismo. Estou bem? estou exageradamente bem e devo baixar um pouco o tom? Precauções, Listerine, levar pouco dinheiro, deixar alguém avisado, usar roupa de baixo limpa. Comprar camisinhas, sabe-se lá? Tensão quanto a chegar cedo demais, a chegar tarde demais, a esperar pelo outro que não vem; ou desistir muito cedo, ir embora e perder definitivamente sua chance na vida. Tudo isso para, no máximo, uma conversa sem-graça em um café ou um bar, com uma pessoa com a qual você não tem a menor intimidade embora provavelmente já conheça, pela webcam, tudo sobre sua nudez; examinando um ao outro, buscando a palavra que traga àquele bar o momento mágico que viveram no mundo virtual.<br />
Algumas vezes acontece, proporcionalmente poucas, e se evolui para um contato físico. A maioria das vezes, porém, é procurar desculpas, ou, melhor ainda, sair pela tangente, pois é, uma semana cheia no trabalho mas te ligo de novo para outro encontro, pode esperar sentado em frente ao computador.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQIESNHqnEtEy-yRK6P196ShzcwQTGbPxpMOFJ8lUVfV2WFuT5FrSM8FwLxEZnvfcAmI99L3jJzUexT-b9PzBtXYE5u3ARmnPF_lAKZH8CVveuROxzr2uuDYO4lZjeuvqO1KHt/s1600/11082010(001).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQIESNHqnEtEy-yRK6P196ShzcwQTGbPxpMOFJ8lUVfV2WFuT5FrSM8FwLxEZnvfcAmI99L3jJzUexT-b9PzBtXYE5u3ARmnPF_lAKZH8CVveuROxzr2uuDYO4lZjeuvqO1KHt/s320/11082010(001).jpg" /></a>O primeiro beijo. Enquanto beijam, as pessoas não falam, não olham. Assim, o conhecer o outro que era estritamente verbal e visual, mediado por teclados, <i>webcams</i>, celulares, cede espaço ao mundo real, dos aromas, sensações táteis, peso e leveza, gostos ácidos e amargos, molhados, ritmos e silêncios. A melhor parte, realmente.<br />
(depois do beijo, o sexo que nunca é como era o sexo virtual fantasiado, claro, a realidade cobra seu preço)<br />
E depois do sexo, antes mesmo do se lavar, o preciso contar uma coisa: maridos ou mulheres ciumentos ou acomodados, namorados insensíveis, problemas com os filhos, sonhos arquivados ou perdidos para sempre. Minha vontade é sempre de dizer: não fale, não diga nada. O pior de tudo é quando se fala aquelas duas palavras que atraem catástrofes, que assustam e dispersam multidões: "meu amor"... Mas é preciso falar, há o medo, expectativas, será que vamos nos ver outra vez? Ou será que arranjei alguém que vai ficar no meu pé? Será que eu não devia ter me comportado melhor, ou, pelo contrário, me soltado mais? Será? Será?<br />
Os mais gentis mandam um email ou telefonam depois, mesmo quando não querem mais se ver. Os menos educados nem se despedem direito. Os mais carentes demoram a perceber que foram bloqueados.<br />
Mas nem tudo está perdido. Não foi desta vez, mas quem sabe na próxima encontro meu verdadeiro amor?Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-86720014531774995252010-08-05T02:44:00.001-03:002010-08-05T02:49:04.865-03:00Os Salões de Arte e os novos Novíssimos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsoMdAG-YxDYFPasy_51omqBw1EGubBRvagCtS-Uj7NFrQNAH2xaHJxex10yoXP_pohQNWANtYbz-6vtRvfLoDveP9QZIWzxDr8wffMUtdZ0KkvnQ-KHxJih1_m6g2M6DJJdRo/s1600/28072010(007).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsoMdAG-YxDYFPasy_51omqBw1EGubBRvagCtS-Uj7NFrQNAH2xaHJxex10yoXP_pohQNWANtYbz-6vtRvfLoDveP9QZIWzxDr8wffMUtdZ0KkvnQ-KHxJih1_m6g2M6DJJdRo/s200/28072010(007).jpg" width="200" /></a></div>Uma festa, a abertura dos Novíssimos 2010, na Galeria do Ibeu, em Copacabana, Rio. Adoro Copacabana, o prédio onde está o <a href="http://www.ibeu.com.br/">Ibeu </a>é um clássico, a exposição é muito boa, muita gente no vernissage, e eu, o inquieto olheiro, não consigo desviar o foco dos bons trabalhos mostrados para viajar no passado.<br />
A exposição dos Novíssimos está impecável, as premiações foram totalmente acertadas: <b>Daniel Lanes</b> é o premiado que fará uma individual na Galeria em 2011, e <b>Rafael Adorján</b> uma menção honrosa, estraá em um evento de fotografia que a Galeria do Ibeu programa também para 2011.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5S-euCi8OqKMBCWQHJPujZwl3rApL9bgSlc6SEAPiiyrUuTEPAKsW4iTUKn54lg-4SdxZR95_MRjtfvVmUIuYDDSDyFbeAuYDGjju6x6BYYvx7AvgIifVP1Iy7eW-ZlugInl7/s1600/28072010(016).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5S-euCi8OqKMBCWQHJPujZwl3rApL9bgSlc6SEAPiiyrUuTEPAKsW4iTUKn54lg-4SdxZR95_MRjtfvVmUIuYDDSDyFbeAuYDGjju6x6BYYvx7AvgIifVP1Iy7eW-ZlugInl7/s200/28072010(016).jpg" width="200" /></a>Muitos outros artistas bons, muitos amigos, outros que conheci ali mesmo; uma alegria especial para mim, a maravilhosa pintura da <b>Danielle Carcav</b>, tão admirada, após a exposição virá para minha coleção, eu poderei olhar para aquelas florações cor-de-rosa até o final dos meus dias. Enfim, o artista M.N. (também lá, com lindas pinturas) diz que eu tenho um toque de Midas, será?<br />
Mas aqui não quero falar sobre os Novíssimos e sim sobre os Salões de Arte, uma instituição cada vez mais anacrônica (sua irrelevância já constatada por Marcel Duchamp com a Fonte). Uma expoaição como o Novíssimos mostra uma alternativa para um Salão do século XXI; outras alternativas existem; mas a questão básica é: inserção dos novos artistas no circuito.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGkyqwSncHdHBKt1IeUIR2kZg1u5oEpKYPLbjZrM-lClF2hgZLzyv44YinLKBmKrdblfpBO5JqkpBpIgTKElvQ6yCmtMq8AYODi2jclmsoTq0SiKxZz3UFyvqQu5aVRJmg41pR/s1600/28072010(006).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGkyqwSncHdHBKt1IeUIR2kZg1u5oEpKYPLbjZrM-lClF2hgZLzyv44YinLKBmKrdblfpBO5JqkpBpIgTKElvQ6yCmtMq8AYODi2jclmsoTq0SiKxZz3UFyvqQu5aVRJmg41pR/s200/28072010(006).jpg" width="200" /></a></div>Antigamente, muito antigamente, a unica maneira de um jovem artista entrar no circuito de artes no Brasil era através da participação em Salões.<br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Nem falo de uma época pré-histórica, pré-anos 1950-60, dos Salões de Belas Artes, que estavam intimamente atrelados ao <i>establishment</i>: professores eram jurados e os alunos que se destacavam, talvez não só pela qualidade em seguir os parâmetros da Academia mas também pela cordialidade e outros critérios pessoais, recebiam os prêmios, o maior dos quais as Viagens ao Exterior, aí entendido como Paris.</div><br />
Falo dos anos 1970, quando o Salão de Belas Artes foi expurgado do academicismo e se transformou, por lei federal, no Salão Nacional de Artes. Do Salão Carioca, da Prefeitura do Rio.<br />
E também de Salões da iniciativa privada, como o Salão da Bússula, patrocinado por uma empresa de publicidade cuja logomarca era uma bússula (coisa tão pré-<i>design</i>). Dos Salões de Verão patrocinados pelo então grande Jornal do Brasil; em um deles o jovem artista <b>Antonio Manoel</b> se inscreveu, ele, seu corpo, como obra; a proposta era que o prêmio de aquisição significaria que o <a href="http://www.mamrio.com.br/"><b>MAM</b></a>, beneficiário das obras adquiridas, deveria prover a subsistência do artista, como obra, pelo resto de sua vida; na abertura do Salão o artista ficou nu no Museu; as fotos são emblemáticas; e em uma época em que ainda não se falava, no Brasil, de <i>performance</i>, e onde a repressão era sufocante, não só a repressão da ditadura como a repressão sexual de uma classe média pré-liberação sexual.<br />
Um pouco mais tarde, ainda anos 1970, quando a maioria dos artistas no Brasil estava entregue ao sistema (o <i>boom </i>da Bolsa incentivado pelo Delfim Neto criou uma bolha de galerias de arte em lugares nobres do Rio e São Paulo), um grupo de artistas no Rio começa a questionar o circuito de artes.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9uugMtRpndTNlJpe55bhjEIaVxJM4-EBhzJ8EwREKLHD9_xICmFXgfklFrdCJKIBR268XWn7NwdJWsM665mqqvjo8runld8ADsDipZOOBR992jccr-Jmy4vDmau3fYWdX5jz/s1600/m-2177.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9uugMtRpndTNlJpe55bhjEIaVxJM4-EBhzJ8EwREKLHD9_xICmFXgfklFrdCJKIBR268XWn7NwdJWsM665mqqvjo8runld8ADsDipZOOBR992jccr-Jmy4vDmau3fYWdX5jz/s200/m-2177.jpg" width="200" /></a>No Rio, um dos Salões preparados com toda a pompa pelo mesmo Jornal do Brasil foi boicotado pelos artistas, um manifesto com assinaturas dos artistas foi distribuído aos convidados, à burguesia que frequentava as festas da Condessa Pereira Carneiro, aos intelectuais que contestavam a ditadura mas que não viam a ditadura do circuito de artes. Minha assinatura está lá, neste manifesto, ao lado dos então também jovens artistas <b>Paulo Herkenhoff </b>e <b>Fernando Cocchiarale</b>, tenho a documentação guardada em algum armário aqui em casa, se os cupins não comeram.<br />
Como o fogo comeu o MAM em 1978. As dores do parto do moderno gerando o contemporâneo e do contemporâneo matando em lenta agonia o moderno.<br />
Sim, todos os Salões que citei eram no Rio de Janeiro. São Paulo era o templo dos consagrados, as Bienais; mas para os jovens artistas a entrada no circuito eram os Salões no Rio. Uma unica exceção, o Paraná, com uma política cultural própria, e bons Salões e boas mostras temáticas, como as mostras de desenhos, muito valorizado na época, mesclando artistas convidados e artistas selecionados.<br />
No final desta década e início dos anos 1980 a Funarte começa a incentivar a descentralização: exposições itinerantes, salões em pequenas cidades, mas ainda um movimento tímido, tudo muito distante e difícil. Um projeto da Funarte, o Projeto Arco-Íris (sem segundas intenções, na época o <i>rainbow </i>ainda não tinha sido apropriado como símbolo do movimento <i>gay</i>) levou trabalhos de uma meia dúzia de jovens artistas, eu estava lá com 3 ou 4 aquarelas, em lugares como Itajubá, Teresina e Belém; recebemos depois <i>clipping </i>dos jornais locais que exaltavam os artistas como redentores da cultura local; em Itajubá eu fui, com o Chico Fortunato, e fomos recebidos com banda de música e todas as honras de visitantes ilustres.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSBzSlKXhQzQXUbAvpbw6Rof4euiTvsygCWvr_TJsAn0Fs_0i08hsjdseC6H-wlB54CD0adJWG-GQTFimiTta2vAXvSxFZ4LLVdMgKXu2MfklIZ6oS65-cZiPA5CzUPuOtcH3_/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSBzSlKXhQzQXUbAvpbw6Rof4euiTvsygCWvr_TJsAn0Fs_0i08hsjdseC6H-wlB54CD0adJWG-GQTFimiTta2vAXvSxFZ4LLVdMgKXu2MfklIZ6oS65-cZiPA5CzUPuOtcH3_/s320/images.jpg" /></a></div>Participar de um salão nesta época era muito complicado, em termos de logística. Fotos de trabalhos com qualidade eram caras, em preto e branco, coloridas então totalmente fora do orçamento de um artista jovem. Assim, você se inscrevia e tinha que mandar, na inscrição, os trabalhos, físicos, com moldura. Se o Salão era no Rio, tudo bem, você podia pegar um ônibus até o local da inscrição carregando aquela tralha; os trabalhos não eram avaliados a partir do dossiê (na verdade o dossiê era apenas o currículo e as fichas de inscrição) e sim "ao vivo"; e os trabalhos rejeitados eram "jogados" em um porão com a humilhante letra "R" em vermelho no verso; e lá você ia ter que resgatá-los, voltando de ônibus com eles, o peso das letras "R" era de toneladas.<br />
Acidentes: uma pintora, E.S., minha namorada na época, foi aceita em um Salão de Verão com uma bonita pintura. Na semana da montagem do Salão, o crítico Roberto Pontual liga para ela, totalmente fora de si; nos trabalhos de montagem, outro trabalho, pesado, caiu sobre a pintura dela e cortou a tela; três cortes grandes, profundos; as opções eram retirá-la do Salão; ou ela refazer a tela. Disciplinada, ela repintou a obra; como era uma pintura mais conceitual, foi possível; a tela nova foi exposta e ganhou um prêmio de aquisição; deve estar nos subterrâneos do MAM; a original, um Fontana-like, está comigo (se os cupins não comeram).<br />
Tudo isto que escrevi é um preâmbulo para dizer de como hoje o contexto está diferente.<br />
Acabaram-se totalmente os Salões Nacionais. Os salões regionais e locais hoje tem uma programação intensa, uma consequencia das leis de incentivo à cultura e da política de descentralização cultural do Ministério da Cultura, que pode ter seus excessos (supervalorizar o regional em detrimento da contemporaneidade) mas que significa descentralização do fluxo de recursos.<br />
Ao mesmo tempo, os salões regionais/locais deixam de ser provincianos, pois as novas tecnologias facilitam a inscrição de artistas de todo o país. Para participar em um salão no Pará, por exemplo, hoje basta mandar o dossiê, por email ou Sedex; nos anos 1970-80 eu teria que mandar três trabalhos, com moldura, vidro; pesados, pela Varig-Cargas, para o Pará, um custo alto; e que poderiam ser recusados (frete de retorno a cobrar). Para mim, na época, participar em salões fora do Rio só como artista convidado, e assim mesmo só em alguns, os mais conceituados.<br />
Então, hoje, temos para os artistas jovens um circuito intenso de salões pelo Brasil afora; e nenhum salão no centro irradiador de cultura que é, ainda, o Rio de Janeiro.<br />
Pensei nisso tudo entre chopps e bolinhos de bacalhau na velha <b>Adega Pérola</b>, saindo da abertura da exposição <b>Novíssimos</b> e esperando a hora de entrar no Fosfobox para a festa do Saulo Laudares, desta vez com o artista convidado Heleno Bernardi. Minha <i>madeleine </i>foram os bolinhos de bacalhau, me levaram por um breve momento aos anos 1970 (não fosse a visão do fantasma de um antigo garoto-prodígio, precoce autor de uma peça de sucesso e hoje, trôpego em suas muletas, um lobisomem pelas madrugadas de Copacabana), e me trouxeram de volta a uma atualidade bem diferente.<br />
Melhor ou pior, não dá para comparar, diferente; a tecnologia certamente facilitou a vida, mas abriu novos desafios. No final das contas, a instituição "Salão de Arte" está aí, mais viva que nunca, e ninguém mais contesta. Enfim.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-48019195217465784412010-07-23T09:46:00.000-03:002010-07-23T09:46:20.618-03:00Obras completas (lendo Freud)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig3PQEGWlCZXMn0jARfERwvtGnFmKOHLxBmGoO0kLhPso9V9eWs1dXHkvf_bPwm-rdA9qC8s62yPRRryvZBtLjNzdvs0CYr1mHv3KF6em3CkPrxKBBMXhuZhwDA3sTO0oDC6gu/s1600/Livros2.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig3PQEGWlCZXMn0jARfERwvtGnFmKOHLxBmGoO0kLhPso9V9eWs1dXHkvf_bPwm-rdA9qC8s62yPRRryvZBtLjNzdvs0CYr1mHv3KF6em3CkPrxKBBMXhuZhwDA3sTO0oDC6gu/s320/Livros2.jpeg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Como um leitor obsessivo desde o <b>Thesouro da Juventude</b> que ganhei com meus 4 ou 5 anos de idade, e ainda como um colecionador também obsessivo, um de meus objetos de desejo tinha que ser "<b>Obras Completas</b>". </div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Quando eu não tinha muito dinheiro, ficava namorando as edições em papel bíblia da editora <b>Aguilar</b>, e uma de minhas primeiras ousadias quando comecei a trabalhar com um salário melhor foi comprar, em prestações, o <b>Fernando Pessoa</b>, obra poética completa, edição de 1977, tenho e leio até hoje. Abro agora, em 2010, e um cartão postal de 1982 marca a página 601, onde leio "<i>The rain outside was cold in Hadrian's soul./The boy lay dead</i> (...)"</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">O livreiro, com um indefinível sotaque meio espanhol, vendia as coleções da Aguilar, dicionários, coleções infantis; ia de sala em sala no prédio do Ministério da Fazenda, no centro do Rio; era antes do cheque-pré, eu acho, pois ele voltava todo o final de mês para cobrar a prestação e trazer novas tentações.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">O <b>Machado de Assis</b> completo, também em papel bíblia da Aguilar, comprei após um bom namoro, em um sebo em Ipanema que não existe mais; edição de 1959, ainda perfeita a menos da ortografia um tanto desatualizada, sem problema, não embaça o texto maravilhoso. Outros da Aguilar, em feiras do livro, sebos ou então em gestos de audácia, parcelando no cartão: o <b>Lima Barreto</b>, o <b>João Cabral</b>, o <b>Eça de Queiroz</b> (em 4 volumes, um só de cartas!), o maravilhoso <b>Augusto dos Anjos</b>... mais recentemente, dois sonhos: o <b>Guimarães Rosa</b> e o teatro completo de <b>Shakespeare</b> que a <b>Bárbara Heliodora</b> vem traduzindo, em volumes parcimoniosamente entregues.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">E uma lista de desejos que continua ativa: o <b>Murilo Mendes</b>, o teatro do <b>Nélson Rodrigues</b>... </div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">O <b>Borges </b>completo não é em papel bíblia mas é uma edição muito boa, comprei aos poucos, me desesperando pois achava que iam tirar de circulação ou esgotar a qualquer momento, e são só quatro volumes. O último (os Prefácios) comprei em um encontro que marquei pela internet, no Rio Sul. Enquanto esperava, entrei em uma livraria e lá estava, com desconto, o volume dos Prefácios do Borges. Como resistir? depois levei o livro para o jantar e para o motel, com medo de esquecê-lo no meio da noitada de sexo selvagem e beijos românticos. Nunca mais vi a figura, mas o livro está aqui, na minha estante, livros são muito melhores que paixões desenfreadas.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Outro objeto de desejo eu consegui, em uma tarde de sábado de tédio em Brasília, na Livraria Cultura do Park Shopping: os três volumes da série <i><a href="http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/10749/O-cru-e-o-cozido-(vol-1).aspx">Mitológicas</a> </i>do <b>Claude Lévi-Strauss</b> ("<i>O Cru e o Cozido</i>", "<i>Do Mel às Cinzas</i>" e "<i>A Origem dos Modos à Mesa</i>"). Eu tinha que comprar, ou o ar seco do Planalto me mumificaria. Edições pequenas, já esgotadas; e Seu Cosac ainda nos deve o quarto volume da série, "<i>O Homem Nu</i>".</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Neste meu quadro quase clínico de colecionador, que Freud deve certamente explicar, um dos objetos mais fortes de desejo para mim sempre foram as obras completas dele mesmo, <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud">Sigmund Freud</a></b>.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2KvmmFR7hoL_N25WEshHGdt9mtfu3mFcsr0IR6s1pHOIU1MSNKRBkAygA0sAnbqK1VBRpJ4VqqRJjGo5KF3qGVJgxzGQCUOsOtKraF7o1lntyESSc3vFi7QPg0Qct3dQYpXwU/s1600/freud.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2KvmmFR7hoL_N25WEshHGdt9mtfu3mFcsr0IR6s1pHOIU1MSNKRBkAygA0sAnbqK1VBRpJ4VqqRJjGo5KF3qGVJgxzGQCUOsOtKraF7o1lntyESSc3vFi7QPg0Qct3dQYpXwU/s320/freud.jpg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Vi em vários sebos, avaliei, pensei até em comprar em espanhol pois era a melhor opção em termos de preço, era quase um projeto de casal pois neste época eu era metade de um casal (talvez a metade mais fraca pois depois fui deixado). Novamente solteiro, ter as obras completas de Freud passou a ser desejo só meu, ao mesmo tempo fácil (existe, em vários sebos, a um preço razoável) e dificil (sim, não é só ter, é preciso ler, claro, e eu imaginava que sem a outra metade para me ajudar na leitura eu iria achar tudo muito dificil, um universo nublado e impenetrável como um pesadelo sem interpretação analítica).</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Enfim, foi editada recentemente uma nova tradução das obras do Freud, diretamente do alemão pelo Paulo César de Souza, pela Companhia das Letras, os volumes estão sendo publicados aos poucos, um projeto gráfico simples e bonito, claro que comprei os três primeiros volumes já lançados.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">E aí começa o desafio: vai enfeitar a estante para "um dia"? ou vou ler logo? ou tentar ler, uma leitura que deve ser dificilima, desistir?</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Comecei pelo volume "azul", com escritos de 1911-1913, e caio logo no <b>Caso Schreber</b>, "<i>observações psicanalíticas sobre um caso de paranóia relatado em autobiografia</i>".</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"> Parece impenetrável, não é. Para minha surpresa, Ele, o Pai, escreve com a fluidez de um cronista de jornal, as ideias são expostas de forma clara, a linguagem é precisa e agradável, a postura não é arrogante, o texto é lido e entendido por mim, leigo em <i>psi</i> apesar dos anos que ralei deitado em divãs.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Há algumas lacunas, claro, coisas que talvez estejam mais bem explicadas em outros textos (eu chego lá), mas no geral a leitura é boa, é um pouco como ler um conto policial, pistas escondidas são decifradas, de uma forma muito <i>cool</i>.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Algumas coisas são totalmente datadas, afinal acho que no Terceiro Milênio não há mais mulheres com histeria, e pensar em desejos homosexuais criando paranóia é tão anacrônico como fraque e cartola; mas ler Freud absolutamente não é datado, como ler Proust também não é.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Sigo no volume "azul", ainda tenho para ler o "laranja" e o "verde" em casa, e comprarei e lerei os demais, à medida em que forem lançados, claro, até ter as Obras Completas em casa (e matar de inveja a metade do casal que se foi).</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Pouco tempo depois, na abertura de uma exposição na Gávea, encontro uma amiga, artista plástica, com o marido, ele um psicanalista; os grupos se fazem e se desfazem com a "conversa de artistas" e o vinho branco, e eu conto para o marido de minha amiga a minha conquista: li um artigo inteiro do Freud e não achei difícil.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">A conversa de pé de <i>venissage </i>rendeu, o analista (vamos chamá-lo, à maneira de S.F., de Sr. D.) concorda que muitos dos textos do Pai são fáceis de ler, mais ainda, gostosos de ler, são os textos que ele usava para divulgar suas ideias; alertou-me que vou esbarrar, nas Obras Completas, em textos mais difíceis, mais técnicos; mas que para o que eu persigo posso tranquilamente deixar estes de lado, seguir pelos caminhos mais fáceis e depois retornar aos mais áridos, ou não.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">O Sr. D. concorda com a minha visão de que algumas coisas são datadas; ler Freud hoje é muito diferente do que foi lê-lo na época; o impacto de suas ideias foi imenso, mas elas foram aos poucos assimiladas; e hoje "tudo" no mundo reflete S.F., o que amortece um pouco a força do original. Impossível, hoje, pensar na vida sem ter incorporada a visão-Freud. da vida.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Acontece com todos os revolucionários, sua diluição é parte de sua vitória. Como <b>Duchamp</b>, hoje é impossível pensar arte como se pensava antes dos <i>ready-made</i>; mas ao mesmo tempo, ele, Duchamp, já se tornou "um dado", sua ação já está no mundo e qualquer garoto de primeiro ano da EBA já quer (já pode) ir muito além do <i>ready-made</i>.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Mas sobre minha observação de que não existem mais mulheres histéricas, o Sr. D. foi <i>witty </i>e preciso: "<i>Jozias, existem sim, elas hoje só não desmaiam mais; elas detonam o cartão de crédito do marido</i>". É verdade. Nada melhor do que conversar com quem entende.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-72499912454961224632010-07-18T00:16:00.002-03:002010-07-18T01:17:49.812-03:00Muitos cavalos, muitos textos, muito trabalhoHoje, sábado chuvoso no Rio, vontade de ficar na cama mas um compromisso me acorda cedo; elétrico, enfrento a chuva e o metrô para o <b>Laboratório de Vivência Literária</b>, um <i>workshop </i>de dia inteiro com o escritor <b>Luiz Ruffato</b>, na <a href="http://www.estacaodasletras.com.br/"><b>Estação das Letras</b></a>.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0wEywMEmZfMn6-aYxnCncdUzulvI4M4sZUMa55rj1cy8DFKg14c6NmSaa9RQrQIzJ9KyHcVa8qmFU9CTI01jlNrRFeg_nuEACVe7dIQ7dnjzEyeNHYyBrM09KY-6y0oKR_ZBc/s1600/vanitas+pc.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0wEywMEmZfMn6-aYxnCncdUzulvI4M4sZUMa55rj1cy8DFKg14c6NmSaa9RQrQIzJ9KyHcVa8qmFU9CTI01jlNrRFeg_nuEACVe7dIQ7dnjzEyeNHYyBrM09KY-6y0oKR_ZBc/s200/vanitas+pc.jpg" width="200" /></a></div>Como preparação para a atividade, os participantes deveriam levar um texto, de preferência um conto, com até 6000 caracteres (ah meu Deus, sempre este stress de contar toques), e isso em uma semana que para mim foi cheia de trabalhos, cursos e eventos, além de uma inesperada noitada de 5a.feira depois da abertura de uma exposição. É bom sair, em companhia agradável, beber, chegar em casa com o dia claro; mas a 6a.feira, o dia em que eu contava para burilar meu texto, se tornou muito curta. Paciência.<br />
Eu vasculhei meus arquivos no computador, incrível, tantos textos inacabados ou enormes, muito acima das duas laudas. Muitos fragmentos, para desenvolver ou dar um sentido só tendo uma 6a.feira de 48 horas. Muitos textos "fortes", politicamente incorretos, e eu não quero repetir a experiência de ter sido tão patrulhado na Oficina de Crônicas que fiz no início do ano.<br />
Finalmente, um texto que é um fragmento de um trabalho maior, um romance que planejei em meu exílio em Brasília e que deixei de lado ao voltar ao Rio. O título (provisório, claro) do romance é "<i>Doce B. e o Tigrão</i>". Risos, o efeito meio cômico é o desejado mesmo.<br />
E o trecho com mais 12 mil caracteres, incluindo espaços, tem as cartas que o narrador troca com sua sogra e seu irmão, e que narram sua adaptação em uma nova vida, tentando esquecer sua tragédia; e que pouco a pouco são substituídas por emails que são a transição do narrador para novos interesses, e a preparação para a entrada em cena de um novo personagem, o Tigrão. Ufa.<br />
Dito assim, difícil fazer caber o texto nos 6 mil caracteres, mas foi o que fiz na 6a.feira: cortar, cortar, cortar. Cortar o irmão, no romance faz muito sentido mas neste conto que estou produzindo não acrescenta, só dispersa. Resumir as cartas a apenas três, três momentos chave na nova vida que o narrador procura desesperadamente. Finalizar com o que no romance está em outro trecho, a descrição da tragédia.<br />
E, ao final, ver que faz sentido. Nada como trabalhar com restrições de número de toques e com <i>deadlines</i>.<br />
Tarefa cumprida, meu texto impresso a tempo, protegido da chuva e também no <i>pen-driver</i> para maior segurança, aqui estou eu.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1jm86UZkclTF4tvQ3X3u0jJj0L9f0AxD3dXjeZe5EHZTep__Im1QbNAk3zOmc4PHU1rEghRR6hENzREVh92efotWsvRaKfneed7dG-duXXKICXyTd_d1ZNDI6lFk50HKpkgwh/s1600/luizruffato_resenha.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1jm86UZkclTF4tvQ3X3u0jJj0L9f0AxD3dXjeZe5EHZTep__Im1QbNAk3zOmc4PHU1rEghRR6hENzREVh92efotWsvRaKfneed7dG-duXXKICXyTd_d1ZNDI6lFk50HKpkgwh/s200/luizruffato_resenha.jpg" width="133" /></a></div>Li pouco, muito pouco, do escritor Luiz Ruffato. Apenas o livro da coleção <b>Amores Expressos</b>, <i>Estive em Lisboa e Lembrei de Você</i>, muito bom. E agora, motivado pela expectativa do <i>workshop</i>, comecei a ler seu principal livro, <i>Eles eram muitos cavalos</i>. Uma pauleira. Um livro que se começa e não se consegue parar, um clima de tensão constante; um mosaico, um caleidoscópio, uma cidade e seus personagens, cada personagem falando em sua própria linguagem e tudo se somando em uma cacofonia de uma São Paulo, uma megalópolis que poderia ser qualquer outra, ou não.<br />
Treze alunos, doze textos (uma moça não conseguiu escrever, diz; outra ia ceder para ela um dos dois textos que trouxe, mas desiste). Tiradas as cópias dos textos, cada um começa a ler o seu; vem os comentários, inicialmente tímidos, cortezes; depois mais incisivos, mas sempre pertinentes. Ruffato é um bom moderador, mais que isso, é um leitor muito sagaz, nesta primeira leitura, rápida, ele extrai do texto as fragilidades, as inconsistências e os pontos positivos; não dói, pelo contrário, é desafiante ouvir que meu texto, de certa forma feito meio que "nas coxas", pode ser melhorado, com um trabalho de alguma reescrita.<br />
Os textos lidos vão de uma densa viagem interior sobre um relacionamento a uma seca descrição de uma tarde em um bar de periferia; entre estes extremos, textos que dão vontade de continuar a ler, ou que são pesados mas que podem servir de base para um novo trabalho; ou que são totalmente perfeitos em seu humor e o que poderia ser (ou não) memória de um final de adolescência e passagem para a vida adulta.<br />
O trabalho flui bem, o medo que eu tinha de não se conseguir ler e comentar todos os textos se mostra infundado, terminamos apenas 10 minutos depois do horário marcado, e ainda tive o prazer de, no breve intervalo para o almoço, comer um quibe na mesa do escritor e ouvir alguns <i>causos </i>interessantes de Minas Gerais.<br />
Três dos participantes do <i>workshop </i>já são veteranos desta atividade com o Ruffato, e a qualidade de seus textos mostra isso, esta evolução. Bom, vou reescrever meu texto, e volto no próximo com outro texto mais bem trabalhado.<br />
E algumas lições que levo para casa, a partir do que nos disse Luiz Ruffato:<br />
<b>a) </b>Ler muito<br />
<b>b)</b> Buscar interlocutores, outros escritores com os quais me identifico<br />
<b>c)</b> Escrever sempre<br />
<b>d)</b> Disciplina<br />
<b>e)</b> Reescrever<br />
<b>f)</b> Tentar sempre compreender que história está tentando ser contada<br />
E o meu conto? Em princípio, <i>Três Cartas e uma Memória</i>. Vou reescrever, e quando achar que está razoável, publico aqui no blog.<br />
Enquanto isso, disciplina; e as lições acima valem também para pintura. O que faz a pintura é o que faz o bom texto: trabalho, trabalho disciplinado e prazeroso, que envolve o corpo e alimenta o espírito, que exige estar sempre ligado, sempre buscando os interlocutores, na literatura e na história da arte.<br />
Um árduo caminho, uma escada íngreme e estreita, a sensação do ar cada vez mais rarefeito e o prazer de (1) chegar lá (2) ver que ainda há mais escada para escalar, e que o "lá" é sempre além.<br />
<br />
<br />
Clique aqui para ler as crônicas que produzi na Oficina de Crônicas, <i><a href="http://joziasbenedicto.blogspot.com/2010/02/dever-de-casa.html">Dever de Casa</a></i> e <i><a href="http://joziasbenedicto.blogspot.com/2010/03/carnaval-de-antigamente.html">Carnaval de Antigamente</a></i>.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-10179713426908666822010-07-13T23:42:00.000-03:002010-07-13T23:42:22.930-03:00Bárbara & Gordon & RebeccaÚltimos dias para correr e ver duas exposições, no Rio, que estão se encerrando, uma delas nesta semana e a outra na próxima.<br />
As duas exposições estão em dois polos do Corredor Cultural do Rio de Janeiro, entre elas uma andada em uma linha quase reta de menos de um quilômetro, passando pelo <a href="http://www.centrodacidade.com.br/acontece/vs_arcoteles.htm">Arco do Teles</a>, onde sempre eu escuto os gemidos de Bárbara dos Prazeres.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQnh_30l6CCZX16khc8kqUcMaHswQEi0ifO8bfWY_q5_fpliOl0facCtCXGZ5BQv7eYajyY__1ztudcpxB9Ve0rKxJ0Lbenwn1X6SisZ_nGU2DP-SeKR5q-a-Mfr3udhRb2NYV/s1600/Arco+do+Teles.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQnh_30l6CCZX16khc8kqUcMaHswQEi0ifO8bfWY_q5_fpliOl0facCtCXGZ5BQv7eYajyY__1ztudcpxB9Ve0rKxJ0Lbenwn1X6SisZ_nGU2DP-SeKR5q-a-Mfr3udhRb2NYV/s320/Arco+do+Teles.jpg" /></a></div>Bárbara morava na rua, nos anos 1800, abrigada sob o mesmo Arco dos Teles sob o qual eu caminho em meu circuito artístico. O Arco, que milagrosamente escapou quase incólume da especulação imobiliária que arrasou o Rio de Janeiro. Antes da especulação imobiliária, o arrasa-quarteirões para o desmonte do morro do Castelo, e a construção da Av.Pres.Vargas; lá mesmo, na atual <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a_Quinze_de_Novembro_(Rio_de_Janeiro)">Praça XV</a> (o antigo <i>Largo do Paço</i>, o <i>Largo do Terreiro do Polé</i>), desfigurado, asfixiado com a Perimetral, vendo depois surgir o espigão da Universidade Cândido Mendes no pátio do Convento do Carmo.<br />
O Arco escapou, se olhamos só para baixo, pois em cima dele se plantou um edifício horrível, acho que pela força de Bárbara dos Prazeres, que lá morava e ainda mora, e cujos suspiros de gozo eu sempre ouço.<br />
Ouço mesmo, não é força de expressão. Eu sei. Eu a sinto, em baixo do Arco, e o Largo do Paço cheio de movimento diurno, navios chegam, a família Real no Paço, o comércio na Rua Larga, marinheiros chegam e saem a todo o momento no atracadouro, o Príncipe de Bragança é um jovem audacioso e sensual, depois a jovem Imperatriz é uma Habsburgo, depois, depois...<br />
Bárbara, em seu posto, sob o Arco, é o verdadeiro centro de tudo; talvez uma noite mesmo o impetuoso Bragança tenha ido gozar entre as coxas quentes de Bárbara; mas se não ele, os nobres e os marinheiros, os embaixadores e os clérigos, os jovens e os velhos, certamente, gozaram, e alimentaram com seu gozo os gemidos que eu hoje ainda ouço.<br />
O que ficou na história não é muito simpático a Bárbara. Eu sei, mentiras perpetuadas. Os historiadores são uns porcos chauvinistas, contam a história do ponto de vista dos vencedores, dos machos, dos caretas. Uma questão de gênero, que só apareceu recentemente.<br />
Assim, dizem os <a href="http://www.serqueira.com.br/mapas/feit2.htm">historiadores</a> que ela era uma bruxa, que matou o marido e os amantes, que tinha sífilis (bom, isso bem provável, pelo estilo de vida, se fosse hoje certamente seria HIV+) e/ou lepra, e que raptava crianças abandonadas para matá-las em rituais satânicos, bebendo o sangue dos enjeitados para conseguir a cura de suas mazelas. Uma <a href="http://www.serialkiller.com.br/">serial-kille</a>r <i>avant la lettre</i>, talvez. De linda dos Prazeres passou a ser vista como vampira, tornou-se "a Onça" dos pesadelos das crianças, até que simplesmente desapareceu, morta certamente, mas continuou por décadas a frequentar os pesadelos dos cariocas.<br />
Eu sei, para mim tudo mentira, quando eu passo pelo Arco do Telles vindo do Espaço Cultural do Paço e indo para o CCBB, ela sussurra em meus ouvidos, eu a ouço, a sinto; peço sua bênção; quando bebo um chopp ou um vinho em algum vernissage na área sempre deixo algum trago para ela; e agradeço a ela por eu estar de novo, ali, mais uma vez; não a vejo, ainda, mas um dia quem sabe?<br />
Ela, para mim, é a verdadeira dona do Arco do Telles; foi ela quem o preservou da especulação imobiliária , ela cuida de tudo. Assim, para mim foi ela quem fez com que, em pleno 2010, duas exposições muito importantes, e inéditas no Rio, se encontrassem nas duas extremidades do "seu" corredor: <i>Desfazer o Espaço</i>, de Gordon Matta-Clark, no Paço Imperial, e <i>Rebelião em Silêncio</i>, de Rebecca Horn, no CCBB. Não é pouca coisa, é de primeira.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEievrYXUPKl6vYHYkLc0p78b6y47I7WQYZ0tfqUiNr6YB86auomkh6koxFzPGUGmAEsX4qhJiGCN12FendUbEnPon17_WyLatNMGOW2HHrI0ukXRD87-yZ4beyWR-kk1HCS7a8L/s1600/gordon-matta-clark1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEievrYXUPKl6vYHYkLc0p78b6y47I7WQYZ0tfqUiNr6YB86auomkh6koxFzPGUGmAEsX4qhJiGCN12FendUbEnPon17_WyLatNMGOW2HHrI0ukXRD87-yZ4beyWR-kk1HCS7a8L/s200/gordon-matta-clark1.jpg" width="173" /></a></div><b><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Gordon_Matta-Clark">Gordon Matta-Clark</a></b> desenvolveu seu trabalho, jovem, nos anos 1970, e morreu prematuramente em 1978, com 35 anos. Tem o frescor da juventude, e mais ainda, de quem foi jovem naquela década mágica, quando ser jovem era mais do que um adjetivo (o <i>jovem </i>artista), ser jovem era ser o motor do mundo, em um mundo das gerações anteriores que caía aos pedaços em tanto conformismo, no auge da Guerra Fria; e um mundo que seria dos jovens, só seria salvo pelos jovens na medida em que eles recusassem os paradigmas das gerações anteriores.<br />
(tudo isso aconteceu, talvez Matta-Clark nem imaginasse, ao fazer seus trabalhos, que seria possível tanta mudanca, tantas conquistas e ao mesmo tempo tantos retrocessos: a liberação feminina aconteceu, as minorias ganharam visibilidade, a ecologia passou a ser discutida seriamente, a Guerra Fria se acabou, o Muro de Berlin caiu, a internet possibilitou comunicação universal instantânea, veio a globalização com novas formas de dominação; o terrorismo internacional tem poderes de submeter até as grandes potências; o fundamentalismo e o obscurantismo não diminuiriam, pelo contrário, são mais fortes e poderosos; o circuito da arte incorporou no <i>mainstream</i> o que antes era radical; o radical se banalizou).<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpK10ymajMjVFjJito3K2iMfgMy4lPgLzivcQbxr6gnCnkAcu2tDJEoXa0DVHwJHQ2RaXkPideGn5FZThTItElg2PtlWp3-JVqGVMoy2oMUF8Gr6wdqpyFpsif0BHteCRB91xC/s1600/gordon-matta-clark.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="161" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpK10ymajMjVFjJito3K2iMfgMy4lPgLzivcQbxr6gnCnkAcu2tDJEoXa0DVHwJHQ2RaXkPideGn5FZThTItElg2PtlWp3-JVqGVMoy2oMUF8Gr6wdqpyFpsif0BHteCRB91xC/s200/gordon-matta-clark.jpg" width="200" /></a></div>Matta-Clark fazia intervenções, mas não eram intervenções banais. Ele simplesmente cortava uma casa ao meio; depois retirava parte dos alicerces de uma das metades da casa; e esta caía um pouco, na lateral, oblíqua, na medida apenas para expor a fenda entre as partes, como uma coisa sobre-humana e ao mesmo tempo tão simples; e o interior da casa, visto através da fenda, recebia sol, luz, como nunca.<br />
Ele levava sol, luz, a lugares e conceitos escuros, ele levava um novo olhar e uma nova forma de vida, utópica e possível, a um meio artístico e um <i>establishment </i>que se caracterizavam pelo conservadorismo mais arraigado.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikbJ3vR5LvP9eNf2B6iWZByhDIr0DrVPKzGCXZR7rCEzMDzs_u7mVJcbSRYlI0nhA6MSNpZOVkq22nkVfeJGIs9pTklVeYusOYZKS3t-_x7GhFP9iMBTd38YCzSkI1K1KxPvM6/s1600/gordon-matta-clark2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikbJ3vR5LvP9eNf2B6iWZByhDIr0DrVPKzGCXZR7rCEzMDzs_u7mVJcbSRYlI0nhA6MSNpZOVkq22nkVfeJGIs9pTklVeYusOYZKS3t-_x7GhFP9iMBTd38YCzSkI1K1KxPvM6/s200/gordon-matta-clark2.jpg" width="136" /></a></div>Arte é vida, e para o artista americano, arte é penetrar nas brechas, é propor e viabilizar alternativas; não é pintar telas abstrato-expressionistas para as <i>penthouses </i>dos <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_Rockefeller">Rockefellers</a> ou para os <i>lobbies </i>das grandes Corporações. Ao realizar suas efêmeras intervenções, em escalas gigantes e com meios precários, com gigantescos esforços físicos, o artista questionava sobre a ocupação do espaço urbano e a destruição da memória das cidades, a mesma especulação imobiliária que, por exemplo, até hoje faz tudo para destruir o Rio de Janeiro.<br />
Uma arte política, uma atuação política. Em 1971 o artista boicotou a Bienal de São Paulo, e assinou manifesto contra a ditadura brasileira que respaldava a mostra.<br />
Além das intervenções urbanas, Matta-Clark atuou em experiências culinárias, estudos de Alquimia, dança, performance, desenho e fotografia; e sempre dentro deste espírito questionador sobre os espaços, a urbanização, a inserção, os moradores de rua, o desperdício, a sustentabilidade, a arte.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg3LeQ33ixtqJhDNhhi5V7qWlRS0SupH8sth5IP8KkVpESTZ4ifMbG4WilflBNjwxJHFVxIrjzBrRMT9Q-k2WM1JiA7mLcimtWODDD4MW3D512SU1yby6Ak2a5mg5AOWIHHorW/s1600/rh1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg3LeQ33ixtqJhDNhhi5V7qWlRS0SupH8sth5IP8KkVpESTZ4ifMbG4WilflBNjwxJHFVxIrjzBrRMT9Q-k2WM1JiA7mLcimtWODDD4MW3D512SU1yby6Ak2a5mg5AOWIHHorW/s200/rh1.jpg" width="200" /></a></div><b><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;">A rebelião de </span><a href="http://www.rebecca-horn.de/index.html">Rebecca Horn</a><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"> se faz em silêncio, em sutilezas, um trabalho que apresenta questões ao espectador, que é levado a um mundo de dualidades, de pequeno/grande, dentro/fora, amor/ódio, lirismo/máquina, de repetições e de inesperado.</span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"></span></b>Nascida em 1944, apenas um ano depois de Matta-Clark, a artista foi uma das pioneiras na utilização da tecnologia em arte, nos anos1970. Seus primeiros trabalhos consistiam de performances com máscaras, próteses e objetos feitos com penas de aves; que evoluíram para impressionantes instalações e esculturas cinéticas, feitas em e para lugares carregados com grande importância histórica e política. Assim foi em 1994, em Viena, com a <i>Torre dos Sem-nome</i>, quando a artista cria um monumento para os refugiados das guerras da <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1lc%C3%A3s">península balcânica</a>, uma torre com violinos mecânicos.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbdWjiA7xIO6C3rfU-zzdsP_Un31rFqmMKez3haBwFx7TLJ5lcJtpsK4XIRpFSAGOZdTpEzOO32Aq99_zaDEv-vUoUKqNND-eUGlQC2_uwNQL_fb6Uaaq6pw4su-5zKuUmqFZO/s1600/rh2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbdWjiA7xIO6C3rfU-zzdsP_Un31rFqmMKez3haBwFx7TLJ5lcJtpsK4XIRpFSAGOZdTpEzOO32Aq99_zaDEv-vUoUKqNND-eUGlQC2_uwNQL_fb6Uaaq6pw4su-5zKuUmqFZO/s200/rh2.jpg" width="167" /></a></div>A partir de filmagens feitas para documentar suas performances, Rebecca passou a utilizar também a linguagem do vídeo, e daí ao cinema, chegando em 1990 a criar e dirigir um longa-metragem, <i>Buster’s Bedroom</i>, com recursos de cinema profissional e a participação dos atores Donald Sutherland e Geraldine Chaplin. Este filme e vários outros da obra cinematográfica da artista podem ser vistos nesta exposição.<br />
Na magnífica rotunda do CCBB, O <i>Universo em uma Pérola</i>, uma enorme escultura em movimento, construída por dois espelhos separados por funis de ouro. Ao olharmos nossa imagem no jogo de reflexos, paradoxalmente o que parece se mover não são os espelhos, não é nossa consciência, e sim as paredes do prédio, provocando estranheza ou mesmo causando vertigem.<br />
É uma exposição para ser vista com tempo, com vagar, não é uma exposição para uma leitura dinâmica (pensando bem, que exposição seria adequada para uma leitura dinâmica?).<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwHT668kzQcRNaA4Vd_bHo62EjUOlNqQhNnUT2CNewbXSG3B41U4rtAPEy9vdpTWJMb4nUKEVbvwkbgGfkbMdMDWeVFTg-Ehf6pLpD2SVeZC-TfUfhzw7Hc1h7Ht0v156jvszT/s1600/rh3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="158" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwHT668kzQcRNaA4Vd_bHo62EjUOlNqQhNnUT2CNewbXSG3B41U4rtAPEy9vdpTWJMb4nUKEVbvwkbgGfkbMdMDWeVFTg-Ehf6pLpD2SVeZC-TfUfhzw7Hc1h7Ht0v156jvszT/s200/rh3.jpg" width="200" /></a></div>Tempo para poder ver todos os filmes, e também para "espreitar" os objetos da artista, que "acordam" e funcionam aleatoriamente, de tempos em tempos. De repente, uma máquina-borboleta enclausurada em uma redoma de vidro faz um pequeno voo; um leque de penas se abre; um piano pendurado do teto, com as pernas para cima, começa a ser tocado mecanicamente; uma "máquina de pintar" joga manchas de tinta em uma parede... Espreitar, ser surpreendido; pensar sobre.<br />
E também para pensar sobre os muitos pontos em comum e os muitos pontos divergentes entre os trabalhos dos dois artistas, trabalhos totalmente contemporâneos. Como o trabalho político tão radical do Matta-Clark nos anos 1970 foi interrompido por sua morte; enquanto que a maior longevidade da artista alemã possibilitou um desenvolvimento do trabalho, utilizando recursos do sistema; como hoje o sistema aceita, e até incorpora, procedimentos outrora visto como radicais e contestadores; talvez até diluindo sua força de contestação.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyidgTjBqdePC2rqmQF-sA_nhEASPlYeNtBtQ9GxP3tzHnEUA184Jx87GzvOd8eW24WmNEx62lf_fVMRQ_e6eIYiraPX2Sktt7DZx3xlMA4sAGjTOxrmaWPn1VuiZ1b2Sf5MK7/s1600/rh4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyidgTjBqdePC2rqmQF-sA_nhEASPlYeNtBtQ9GxP3tzHnEUA184Jx87GzvOd8eW24WmNEx62lf_fVMRQ_e6eIYiraPX2Sktt7DZx3xlMA4sAGjTOxrmaWPn1VuiZ1b2Sf5MK7/s200/rh4.jpg" width="200" /></a>O precário dos filmes em Super 8 do artista americano e a super-produção do longa-metragem de Rebecca Horn falam talvez da mesma coisa; mas a contundência é bem diversa. Mesmo como peça de museu, como documentário apenas, as experiências de Matta-Clark remetem a um momento de mudança; talvez esta mudança, a possível, tenha ocorrido; e talvez só nos reste olhar o mundo globalizado se balançando como dois espelhos separados por funis de ouro.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-555948543836698112010-07-08T03:30:00.003-03:002010-07-08T03:52:03.377-03:00Sobre escrever um blog<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDmmp6-u9PvP-WKfRej6EvBATXDo1eP3YaZvfdjdtazlHKocyZhPlJoXiolJP6M4xaWD9dpXRiK_7pGTYudYhmqBr5fWvk9UiuE7E1txXUCwTkOFpM536N-KtdVLwSLgWkLLlI/s1600/07072010(002).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDmmp6-u9PvP-WKfRej6EvBATXDo1eP3YaZvfdjdtazlHKocyZhPlJoXiolJP6M4xaWD9dpXRiK_7pGTYudYhmqBr5fWvk9UiuE7E1txXUCwTkOFpM536N-KtdVLwSLgWkLLlI/s320/07072010(002).jpg" /></a></div>Escrever um blog é como mandar mensagens ao mar dentro de garrafas.<br />
Quem me lê, alguém me lê, hoje ou em 20, 30 anos, alguém algum dia lerá meu pedido de socorro, minha súplica, alguém algum dia lerá (mais que isso, entenderá) a mensagem do náufrago solitário?<br />
Mas os náufragos solitários não se apertam, eles escrevem mensagens para eles mesmos. Eles tem que fazer isso, ou descer à animalidade, à selvageria, à vitória da entropia.<br />
Nada mais nobre do que a rotina de um náufrago. Acorda, toma um banho de água, salgada mesmo, que jeito; fazer a barba é impossível; sair para trabalhar pode ser escrever nos restos de papel e nas tintas improvisadas alguma mensagem, as garrafas um dia se acabam, é preciso ser preciso, não desperdiçar textos, usar as poucas garrafas para textos significativos; jogá-las ao mar pode ser um ritual, imagino que o final do expediente do náufrago; depois disso uma <i>happy-hour</i>, um brinde ao dia de trabalho, meio difícil o álcool, os poucos barris de amontilado que vieram no naufrágio também se acabam; mas o náufrago sobrevive dia após dia mesmo sem o papel sem a tinta sem as garrafas vazias sem o álcool; as mensagens vão rareando pela falta do meio físico e se tornando mensagens telepáticas no ar. A desmaterialização do suporte, diria um crítico de arte.<br />
A internet é maravilhosa, além de nos dar (a nós, os náufragos solitários) a tribuna, o espaço para mandar nossas mensagens, ela nos possibilita acompanhar o andamento das garrafas flutuantes em um mar de <i>megabytes</i>.<br />
Eu consulto e vejo: quantos visitantes novos em meu blog, quantas páginas lidas, como chegaram lá; gráficos, histogramas, tendências, é bom para acompanhar um blog de milhões de acessos, para um blog que se propõe a ser jornalistico. Para mim, a média diária de 40, 50 acessos é fantástica, eu tento pensar em 50 pessoas, em cada uma delas, entrando em meu blog e lendo o que eu escrevo; algumas delas gostam, poucas delas deixam comentários, outras odeiam, revoltadas, mas a maioria simplesmente navega (como eu navego em muitos outros blogs), lê um pedaço do texto, divaga nos links, curte (ou não) as imagens.<br />
<b>O texto:</b> uma opção que eu fiz é por um texto anti-internet. Sempre que alguém revisa meu texto diz, em canetas vermelhas: parágrafos muito longos, muitos adjetivos, reduzir. Eu sei. Eu sei. Eu sei e não acredito nisso. Meu texto é chato mas é meu.<br />
As poucas vezes em que tive que submeter meu texto a restrições de "no máximo 2000 caracteres incluindo espaços" eu pude ver como sou prolixo (palavra que tem lixo em seu radical).<br />
Eu escrevia e escrevia, aí usava o "contar palavras" do Word e via que tinha ultrapassado, muito, muito, meu limite; e saía cortando. Fácil, mata adjetivos (uso muito), mata as divagações (uso muito), tenta ser um <a href="mailto:gusthavomiguel@iol.pt">Hemingway </a>com as frases curtas, conciso, eu heim, tou fora, não quero ser um E.H., ele se matou e eu espero sobreviver à ruína, à depressão e às caipivodkas.<br />
OK, vamos manter o texto, e os leitores enfadados?<br />
Minha leitora preferencial é minha mãe. Claro. Nos seus 83 anos de vida ativíssima, ela me cobra se eu deixo de escrever um tempo, ela se refere ao meu blog como a minha "coluna", lembrança talvez de um tempo de jornalismo de resistência, quando ela assinava colunas em jornais e presidia sindicatos de jornalistas lutando contra a ditadura. Ela me cobra detalhes, eu falei da ajudante dela, Dona Deusa, para exemplificar os 6 graus de separação; ela me falou da outra ajudante, irmã de D.Deusa, a Dona Loura, que ficou triste por não ter sido citada. OK, falamos sobre a D. Loura também. Parênteses.<br />
(<i>Dona Loura, em Teresina Piauí Brasil também tem 6 graus de separação entre ela e a Madonna, sim a cantora performer multimidia em London e agora em NYC, a saber: <b>Madonna -- Jesus Luz -- D.Christiane mãe de Jesus Luz -- Virginia Paiva pintora e que tinturava seus cabelos com Christiane -- minha mãe D.Genu --- D.Deusa --- D.Loura, irmã de D.Deusa</b>. </i>OK. D.Loura, that's it.)<br />
O texto flui e eu tenho muitas personalidades, uma delas é o <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Bukowski">Bukowski</a></b>, bebendo e escrevendo, escrevendo e bebendo, ao invés do Jozias Benedicto sou o Jozias Bukowski e meus textos cobertos de álcool e cheirando a suor vão direto para a editora. <i>Bullshit</i>.<br />
É uma de minhas personalidades fakes. Não a real. Sim, e tenho outras personalidades <i>fakes</i>.<br />
Eu na verdade não curto o Bukowski, deus o tenha, curto a personalidade do B. mas ler seus textos é triste. São chatos, muito chatos. Como não curto alguns outros representantes da estética do "<i>loco demais</i>", o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/William_S._Burroughs">Williams Burroughs</a>, por exemplo; ele, a vida dele, o máximo; a voz rouca dele em um CD com a <a href="http://www.laurieanderson.com/">Laurie Anderson</a>, também o máximo; mas ler o <i><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Naked_Lunch">Naked Lunch</a></i> (ou ver o filme do <a href="http://www.imdb.com/name/nm0000343/">Cronenberg</a>) é totalmente <i>boring</i>. Talvez eu seja um leitor careta e tenha parado nos escritores do absinto.<br />
Parece que eu sou um louco, talvez seja, ou um <i>naif </i>sobre o blog, mas isso eu não sou. Penso sobre isso, sobre o que é ser um blogueiro, sobre o formato blog em comparação a outras formas de veiculação de pensamentos, e penso em ser de uma certa forma, o anti-blog.<br />
Minha referência é Proust, não é Hemingway, não são os jornais on-line. Um louco eu sou, mas OK, meus 40-50 leitores diários podem nem concordar mas pelo menos clicam no meu blog, no meu texto chato e com parágrafos enormes.<br />
Como eu acompanho meus leitores, acho gratificante os que vem ler minhas mensagens nestas garrafas virtuais de <b>http:</b>. E acho muito engraçado os que vem enganados.<br />
Vejo nos gráficos de acompanhamento do blog que um <i>best-seller</i> para meu blog são pesquisas sobre "churrasqueira". Engraçado, mesmo.<br />
Uma pessoa que se beneficiou da recente ascensão da classe C ou D, com a bolsa família, subsídios para construção, resolve fazer uma churrasqueira; com a internet subsidiada, ele procura no Google, digita a chave de pesquisa "projetos de churrasqueira" ou algo assim. Claro; ele quer apenas construir uma churrasqueira na sua laje ou em seu quintal para os chopps de sábado; e aí é direcionado para meu blog, onde comento as fotografias de churrrasqueiras, um trabalho do artista <b>Leonardo Videla</b>; tudo a ver ou nada a ver; imagino o carinha da classe C dizendo nada a ver mas ao mesmo tempo exposto à arte do Leo Videla, vendo nas fotos do Leo que talvez churrasqueiras em lages talvez possam ser arte, que talvez arte possa ser vida e que vida talvez possa ser arte; talvez aos poucos impregnado com a arte que se esconde a cada encruzilhada de um Googele para assaltar o visitante incauto.<br />
Outro <i>best-seller</i> de meu blog é o texto sobre as aquarelas da <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Mee">Margaret Mee</a>. Provavelmente os leitores vão em busca de reforço para a sensação de que elas (as aquarelas) são o máximo. São sim, como aquarelas, ilustração botânica; eu mesmo acho que fui fundo demais em meu texto em dizer que sim, ok, bonitas, mas não são arte, são ilustração; aí, imagino os leitores decepcionados, xingando o Google e me xingando também.<br />
Arte é isso, pela margem, pelas bordas. Faço arte ao driblar o Google. Faço arte em meu blog, tosco, barroco, pós-moderno, mostro que na internet é possivel se manter uma linguagem pré-internet. Enfim.<br />
Quem são meus leitores, além de minha mãe? Acho o máximo quando estou em um lugar, exemplo, o MAM na abertura da exposição da Cristina Canale, e pessoas me dizem que leram meu blog. Pode até ser mentira, mas se elas se sentem compelidas a mentir ao invés de ignorar, para mim o resultado é positivo. Isso me basta. Acho o máximo quando pessoas me tratam como se meu blog fosse formador de opinião, como se fosse um validador, como se eu não gostei de uma exposição sobre a qual eu não falei. Nada disso.<br />
Vejo muita coisa, gosto de muita coisa, vivo muita coisa em minha rotina de náufrago; mas não sou um jornalista, não sou um crítico, não sou um historiador, não sou um cronista.<br />
Algumas das coisas que vejo, apenas algumas, independente da qualidade, da permanência, da viabilidade, da procedencia... despertam em mim a vontade, a ansia de escrever... poucas, apenas algumas, me levam a este teclar que adentra a madrugada ate a conclusao de um texto publicado enfim.<br />
Saber que estou jogando garrafinhas com mensagens neste mar da internet, e que, como o custo de armazenamento dos gigabytes diminui a cada momento (há teorias para isso, dizem que a cada ano a capacidade dobra com o mesmo custo, ou seja, o custo cai à metade), estas garrafinhas virtuais ficarão muito muito tempo circulando em um mar de bits e bytes, que envolve nossa vida e mudou o mundo, dos relacionamentos aos conceitos sobre o que é a Arte.<br />
Isso é bom, uma revolução, e quero estar vivo na pequena ilha e poder continuar mandando as mensagens de náufrago em outras mídias, em outros contextos, em outros universos.<br />
<i>(casos documentados de náufragos que, após anos de mensagens em garrafas, foram encontrados - não por causa das garrafas mas de acasos que fazem as navegações, todos os tipos de navegações - e não quiseram deixar a ilha, a solidão, pediram apenas mais tinta, papel, garrafas, barris de amontilado... e continuaram suas rotinas de acordar, banho, escrever mensagens, jogá-las ao mar em garrafas).</i><br />
Como viver.Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7018368.post-80973230448761288842010-07-02T00:02:00.136-03:002010-07-03T22:09:30.217-03:00O céu da pintura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5kMvhfei1ILSiWe2HQh-qUiiXCsajESofObhrsbcOb0HgWRlaLccAgzjOs-vUKAnWxYL7F5Q3KchPYqia-ZpmJFKsRUwhKVVusps3ft_gh04BymrpW0qzj0cEuqv5_VFccDxq/s1600/cristina+canale.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5kMvhfei1ILSiWe2HQh-qUiiXCsajESofObhrsbcOb0HgWRlaLccAgzjOs-vUKAnWxYL7F5Q3KchPYqia-ZpmJFKsRUwhKVVusps3ft_gh04BymrpW0qzj0cEuqv5_VFccDxq/s400/cristina+canale.jpg" width="286" /></a></div>Pintor gosta de pintura.<br />
Eu sou pintor, além de blogueiro obsessivo, mas não sou sectário. Adoro exposições como a do <b><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Gordon_Matta-Clark">Gordon Matta-Clark</a></b> e a da <b><a href="http://www.rebecca-horn.de/index.html">Rebecca Horn</a></b>, as esculturas do <a href="http://www.thomas-schuette.de/website_content.php"><b>Thomas Schütte</b></a> que vi em maio no <b><a href="http://www.museoreinasofia.es/index.html">Reina Sofia</a></b>, a coleção de 140 pequenas esculturas do Amilcar de Castro que vi no CCBB-BSB e depois na <a href="http://www.silviacintra.com.br/site/">Silvia Cintra</a>, os parangolés do Hélio Oiticica, os desenhos da série trágica do Flávio de Carvalho.<br />
Mas exposições de pintura lavam minha alma, a minha e a de muitos pintores amigos meus, ficamos babando diante de pinturas boas comentando, só entre nós, como o dialeto de alguma seita, entre dentes, frases do tipo: "que brancos...", "óleo ou acrílica?", "essa pequena mancha magenta escorrida", "os lilases...", enfim. Os que passam por perto não devem entender nada, mas nós nos entendemos, em nosso dialeto e no roer das unhas sempre com um pouco de tinta, nós, os pintores, os que adoram pintura.<br />
Principalmente quando o MAM abre seus salões para uma individual da <b>Cristina Canale</b> (<i>Arredores e Rastros</i>) e para uma exposição chamada "<i>Se a pintura morreu o MAM é um céu</i>", ambas com curadoria do <b>Luiz Camillo Osorio</b>, a coletiva com pinturas de <b>Daniel Senise</b>, <b>Luiz Zerbini</b>, <b>Adriana Varejão</b>, <b>Jarbas Lopes</b>, <b>Vania Mignone</b>, <b>Eduardo Berliner</b> e <b>Gustavo Speridião</b>.<br />
Eu não ia à inauguração, juro que não ia, estava em casa, em meu ateliê provisório, fazendo o que? pintando, todo sujo com as tintas que vão para a tela mas teimam em escorrer em mim e na cerâmica branca, com gosto de gesso-cré e de pigmento na boca, com telas e telas secando indefinidamente ao sol que já se pôs. Mas o convite veio e foi irresistível.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxTEM14AsNbuxCPg5KYovZS20V7p5NnCLayyXkkddQmZECOCRf_iJR6uI3FLLQ8ckuNsQwDmNgWDePgplWYy40n2R4AJG54VHPyjCOEYcmga-ObJEMl5RRMzyfObjc3-s9VegJ/s1600/Politico_Jarbas_Lopes_VOLTA_web.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxTEM14AsNbuxCPg5KYovZS20V7p5NnCLayyXkkddQmZECOCRf_iJR6uI3FLLQ8ckuNsQwDmNgWDePgplWYy40n2R4AJG54VHPyjCOEYcmga-ObJEMl5RRMzyfObjc3-s9VegJ/s320/Politico_Jarbas_Lopes_VOLTA_web.jpg" width="243" /></a></div>Escreve Luiz Camillo, na apresentação da coletiva: "<i>A morte da pintura é um tema recorrente. Quase tanto como sua insistente sobrevivência, suas muitas metamorfoses e reinvenções contemporâneas. Nossa memória visual está marcada pela história da pintura. Cada gesto de um pintor-artista recria e repotencializa sua tradição. Enquanto formos capazes de nos surpreender diante de uma pintura ela existirá e incorporará sua morte como estímulo vital. (...) O nosso objetivo é o de por em foco os vários caminhos da pintura contemporânea, com ênfase nos desdobramentos da figuração depois de incorporada a abstração no imaginário pictórico. Uma pintura na qual a figura cria vínculos improváveis e alimenta nossa capacidade de fabulação visual. Uma figura intoxicada pelas muitas formas de produção de imagens contemporânea – fotografia, HQ, cinema e, como não poderia deixar de ser, a própria história da arte – e que sem duplicá-las nos faz pensar sobre o visível, nos faz parar para olhar e perder tempo, em um mundo cada vez mais acelerado visualmente.</i>"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8k73_BSSckg_iOLCv0YZoj5mKfkuUz0v2_uxIWwhGES6RmyJ73RTKIe86g1QiFgGB-Xubs6JuUM95VYGwFrKwOA67M-nwIHZfORfSEjVUyMxMnnW3ulGnWdGkfV95hmSyguQm/s1600/1214349795539_f.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8k73_BSSckg_iOLCv0YZoj5mKfkuUz0v2_uxIWwhGES6RmyJ73RTKIe86g1QiFgGB-Xubs6JuUM95VYGwFrKwOA67M-nwIHZfORfSEjVUyMxMnnW3ulGnWdGkfV95hmSyguQm/s320/1214349795539_f.jpg" width="264" /></a></div>E a exposição está assim, forte, impecável. Claro que não esgota o assunto, poderia se fazer muitos e muitos outros recortes, incluir outros pintores da cena atual (muitos deles estavam lá, presentes, na abertura da exposição), mas o objetivo nem é o de fazer uma antologia completa; e sim fazer uma boa exposição; conseguiu; me faz parar a cada obra, maravilhado. Algumas pinturas eu só conhecia em reprodução, pequenas, e vê-las ao vivo, imensas, faz toda a diferença, é o caso de duas das telas do Zerbini ("<i>O Hamlet Contemporâneo não segura a caveirinha</i>" e o retrato do Barrão). E é bom, sempre é bom rever as fantásticas pinturas dos anos 1980 do Daniel Senise, como também ser envolvido pela força dos azulejos craquelados, manchados de sangue, da Adriana Varejão. Ver como o Berliner é o mesmo e é sempre diferente a cada tela, e como pinta bem! Gustavo Speridião também impressiona, gosto especialmente das apropriações dos cartazes da Casa Cruz; e o clima de mistério das pinturas da Vania Mignone tem histórias não contadas e um emprego de cor que acerta, pela sobriedade, ao realçar o mistério. E para mostrar que pintura não se faz só com tintas e tela, as enormes colagens, tramas, trançados, com rostos de <i>banners </i>de propaganda eleitoral do Jarbas Lopes são pintura, da boa; brincam com a percepção do espectador com sua dubiedade, deixando também um mistério, de outro tipo.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCpFGkY8lhpkE5mUbrMtgZT5VhlOkwTXyfnRfKY0b9uZMAUFR6hJfB09ClOVBajHT1C_H1bwev40VVUkq4IPGTnFpFD_1SS6OPyypbbswtxAizZylJubuODngkZtTYzzRop90L/s1600/cristina+canale+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="121" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCpFGkY8lhpkE5mUbrMtgZT5VhlOkwTXyfnRfKY0b9uZMAUFR6hJfB09ClOVBajHT1C_H1bwev40VVUkq4IPGTnFpFD_1SS6OPyypbbswtxAizZylJubuODngkZtTYzzRop90L/s200/cristina+canale+1.jpg" width="200" /></a></div>Gosto da pintura da Cristina Canale desde o tempo de Geração 80, e é muito bom ver nestas obras recentes (de 7 ou 8 anos para cá) como sua pintura cresceu, como sua técnica se aprimorou e sua narrativa se tornou mais densa e também mais misteriosa.<br />
Poética, nas sugestões de plantas, nos animais, nas imagens de fotografias que são como memórias de infância se desvanecendo.<br />
Ousada, nas cores, no sobrepor de imagens, no fazer e destruir. Pintura é isso, é abdicar de posições conquistadas, é ter a humildade de destruir "partes boas" em função de um todo que só existe na cabeça do pintor; é criar, do nada, Universos.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Jp4YUHqdstoeQtJWNT1r_JVHoDjKMbnF3s1dq4AzUpptmnD4PFEdj0rNhQx8IjzjEf1ELFgToJ3C3Qsiyk21Pg6LKb0OyBSjD92y3x7bpEPAMQWzOC_zv9fTi6JFoeGHVRCc/s1600/cristina+canale+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Jp4YUHqdstoeQtJWNT1r_JVHoDjKMbnF3s1dq4AzUpptmnD4PFEdj0rNhQx8IjzjEf1ELFgToJ3C3Qsiyk21Pg6LKb0OyBSjD92y3x7bpEPAMQWzOC_zv9fTi6JFoeGHVRCc/s200/cristina+canale+2.jpg" width="200" /></a></div>Um amigo meu (pintor, claro) comenta algo sobre uma tela em "feios verdes", que só a Cristina tem coragem de usar; e que com ela os verdes feios ficam maravilhosos; dialogam com uma pequena área laranja na borda superior da tela; é a "conversa de pintor", eu respondo falando sobre outra tela onde os brancos são tão diferentes, são várias áreas de brancos, só que cada branco é completamente individual, diferente dos demais; depois falamos sobre as áreas em violeta claro em outra tela, são espessas, o óleo tem volume e brilho como de esmalte, de asas de um besouro adorado como um deus no antigo Egito.<br />
A boa pintura é assim, nos faz viajar até a infância, até um mítico Egito, até o Jardim primeiro, até o futuro mais impensado, tudo, simples assim, como mágica, a partir de manchas de cor sobre uma superfície. Simples. E tão difícil.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9fyQnEVbYlLwZN2drM1p1Lkesijtjxmx-4CJEuLH0ki7xfG42rlu9ubazuAtyhcE2XTpQj-S62Xj9coc1F9HsxGaxiqToA35pN4MoCyM7Ihp_ktonJdLNh2K0jT9CC5gcXy05/s1600/gangbang.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9fyQnEVbYlLwZN2drM1p1Lkesijtjxmx-4CJEuLH0ki7xfG42rlu9ubazuAtyhcE2XTpQj-S62Xj9coc1F9HsxGaxiqToA35pN4MoCyM7Ihp_ktonJdLNh2K0jT9CC5gcXy05/s320/gangbang.jpg" /></a>Mas a noite estava apenas começando.<br />
Um <i>pit-stop</i> na <b>Cobal do Humaitá</b>, mais bebidas (sim, o coquetel do MAM tinha caipivodkas deliciosas e, sinal de sucesso, lá estava D.Graça, a penetra oficial que chancela os bons eventos), comida <i>tex-mex</i>. Bom, todos riram quando eu disse que era a primeira vez que eu ia à Cobal do Humaitá, de que mundo este blogueiro veio? Mas é verdade pura, e foi bom contar com guias fabulosos que destrincharam o cardápio e me aconselharam com as bebidas e comidas. Voltaram a rir quando eu falei que também nunca tinha ido a nossa próxima parada, o Bar/Clube Fosfobox. Pois é, onde eu estava, em que mundo? mesmo descontando o tempo que morei em Brasília, aqui no Rio eu trabalhava demais, estava sempre cansado ou casado ou mergulhado em pintura ou em livros, não necessariamente nesta ordem.<br />
Enfim, o <b><a href="http://www.fosfobox.com.br/">Fosfobox</a></b>, para a 10a. edição da festa <a href="http://www.letsgangbang.com/news/">GANG BANG</a>, do Saulo Laudares, que desta vez convidou o artista <a href="http://www.raulmourao.blogspot.com/">Raul Mourão</a> para mostrar vídeos (300 vídeos!) e o DJ Diogo Reis.<br />
A cada semana, sempre às quartas-feiras ("a quarta-feira é o novo sábado"), a cada edição com um DJ e um artista convidados, esta festa se transformou em um <i>point </i>de encontro dos artistas, em especial artistas visuais.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidx-rxkHaOWqpXtk60OnQ9u8C_G2wxPeSLxpyWnyzHfK6uK4r8y13MEXaTxK6l_Ynzokn4QIcMcV6mhKje018w2UckUb2Z6durBMpwFOmeqAWQNurxubkinuuVvJy7hnslOYFt/s1600/01072010.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidx-rxkHaOWqpXtk60OnQ9u8C_G2wxPeSLxpyWnyzHfK6uK4r8y13MEXaTxK6l_Ynzokn4QIcMcV6mhKje018w2UckUb2Z6durBMpwFOmeqAWQNurxubkinuuVvJy7hnslOYFt/s200/01072010.jpeg" width="200" /></a>Esta edição, então, foi excepcional, uma festa, em todos os sentidos, para todos os sentidos.<br />
Como a boa pintura, que é uma festa para o olhar e que por <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinestesia">sinestesia</a> se transforma em uma festa para todos os sentidos.<br />
Podemos sentir o cheiro das flores gigantescas na tela da Cristina Canale, dos abricós de macaco do Zerbini; podemos ouvir ruídos estranhos das figuras estranhas do Eduardo Berliner; podemos sentir na pele a aspereza ou o liso da tinta que se acumula em camadas e camadas da pinturas da Cristina; e mesmo sentir na boca o gosto doce do sangue e enjoativo das carnes cruas que brotam dos azulejos da Adriana Varejão.<br />
Eu gosto de pintura.<br />
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<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; line-height: 22px;">Fotos da inauguração em registro do Fotógrafo Odir Almeida no</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><a href="http://www.soartecontemporanea.com/" style="color: #aa55a0; text-decoration: none;">www.soartecontemporanea.com</a></span>Jozias Benedictohttp://www.blogger.com/profile/18265192745468202391noreply@blogger.com1