Na Caixa Cultural do Rio, a exposição
"Rubem Grilo xilográfico (1985 a 2009)" apresenta 167 gravuras em madeira e 13 matrizes de gravuras do artista, que tem quase um porte de uma retrospectiva. Entre 1973 a 1985 fez trabalhos em ilustração em importante jornais brasileiros, dentre eles: Opinião, Movimento, Pasquim, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo. As gravuras de viés expressionistas, meticulosamente trabalhadas na madeira, fugiam ao paradigma da "ilustração de jornal", o que de uma certa forma também representava, além da opção estética, uma opção existencial e política, coerente com a linha editorial das publicações, de contestação à ditadura militar. Com a abertura, Grilo abandona a ilustração (embora ainda faça algumas ilustrações, como exemplo a ilustração na Folha de São Paulo acompanhando os artigos de Ferreira Gullar), e em seu trabalho experimenta soluções mais formais, com discussão sobre a linha na construção do espaço gráfico. As linhas adquirem autonomia, geometrizando-se ou em arabescos, que impressionam ao se saber que feitos não ao pincel, à mão livre; e sim no paciente trabalho com a goiva desbastando as matrizes de madeira.
Cria séries de pequenas gravuras, miniaturas de objetos com toques de ironia e estranheza; algumas, também em pequeno formato, com toques construtivistas mas ainda dentro das questões existenciais do expressionismo.
Muito interessante, e didático, é complementar a mostra das gravuras com a mostra de algumas matrizes, de maiores dimensões, desenhadas e gravadas. São as placas de madeira (cedro) que são trabalhadas pelo artista e através da qual são feitas as cópias xilográficas. Como as matrizes da mostra ainda não foram entintadas, nesse nível do processo, o espectador pode ver a feitura da gravura e o acurado trabalho de desenho e gravação na madeira.
Rubem Grilo também foi um dos participantes, como eu, Eduardo Barreto, João Magalhães, Luísa Interlenghi, Enéas Valle e outros, do ciclo
"2a. sim 2a. não", na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na gestão do Diretor
Rubem Breitman , em 1981, com curadoria do artista
Gastão Manoel Henrique.
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