segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Diarios de NYC - 5 ("monday monday")

Lindo dia de sol, temperatura agradavel, programação bem light para as despedidas.
Hoje, uma novidade para mim: programei uma ida até Long Island, conhecer o PS-1, o centro de artes contemporâneas associado ao MoMA que funciona em uma antiga escola desativada. Super-fácil, no MoMA estão as instruções, a partir da estação de metrô na 53rd St logo em frente ao MoMA, duas estações e uma andada de 4 quarteirões; o ingresso do MoMA vale, até o dia seguinte, para a entrada no PS-1.
O clima é meio de escola antiga, como se vê no cinema, ampla, funcional, grandes escadarias, paredes de tijolinho e piso de tábuas de madeira ou de concreto; mesmo os seguranças tem um jeito de inspetores escolares; e o coffee shop tem cara de um refeitório de high-school ou universidade de filmes (almocei lá, um chili con carne e tacos, delicioso, baratinho). Alguns problemas: falta de refrigeração nas salas, com isso algumas obras do próprio MoMA não podem ser exibidas, mas eles contornam as restrições com criatividade, falarei disso mais abaixo.
1- No pátio de entrada, uma gigantesca instalação é a mostra deste ano do Programa de Jovens Arquitetos (YAP), competição que tem por objetivo, trabalhando com um orçamento restrito, criar uma área de recreação aberta à população durante o verão, onde acontecem concertos de música popular, música experimental, bandas ao vivo e DJs. Este ano, na décima edição do programa, o grupo de arquitetos MOS projetou e construiu afterparty, um "abrigo urbano", o visual tem algo de tendas ou cabanas africanas, e houve uma preocupação no uso dos materiais e ventilação cruzada para oferecer um microclima mais agradável nos dias quentes do verão (quem já viu Marilyn Monroe se refrescando com o vento causado pela passagem do metrô sabe do que estou falando).
2- Já no interior do prédio, uma visita às exposições temporárias, e algumas obras de arte espalhadas pela construção, integradas ao ambiente; entre elas um mural de Cecily Brown, feito na parede das escadas de acesso ao 2o andar, incorpora descascados da pintura, e as sugestões eróticas da pintura da artista tem a ver com o tipo de graffiti que eventualmente se encontra em lugares como uma escada deserta de uma escola (na verdade há alguns acréscimos mais explícitos provavelmente de algum visitante que desconhece o trabalho de Cecily B. mas ficou pertrurbado por sua força). Logo na entrada, o folder registra uma obra da artista Papilotti Rist, que eu não consigo localizar; ouço, ao longe, uns gemidos, gritos abafados, pedidos de socorro? mas não consigo ver de onde; até que, dentro de um pequeno buraco em uma tábua do assoalho, parte do desgaste natural da madeira, uma minúscula tela mostra um vídeo, uma peformance, a artista presa pede ajuda "para cima", para o espectador desavisado que quase pisa na obra...
3- Swimming Pool, instalação do artista argentino Leandro Erlich, ocupa uma galeria de pé direito duplo. Sobe-se a um deck de madeira, chega-se uma piscina "real", com água; no fundo, vêem-se pessoas, ou sombras, estranhamente caminhando; talvez projeções de video? Desce-se para baixo do deck; a borda lateral da piscina tem passagens e por elas uma luz estranhamente azulada; entramos e nos transformamos nas pessoas que agora são vistas como sombras pelos espectadores que estão no andar superior do deck; e entendemos a mágica: a piscina, que vista de cima parece ser profunda e cheia de água, na verdade tem um fundo falso de vidro, com pequena profundidade abaixo do nível de água, abaixo do qual estão as paredes e o fundo, pintados em azul, que pensamos ser o fundo real da piscina. Fantástico.
4- 1969: Exposição que comemora os 80 anos do MoMA (que foi aberto ao público em 07/11/1929, apenas 9 dias após o crash da Bolsa de New York), recuperando o que foi um ano essencial para o Museu, o ano dos seus 40 anos, 1969; um ano de efervescência política, social, cultural; para as artes um momento de esgotamento de linguagens e descoberta de novas.
Um ponto central de 1969 é a "exposição dentro da exposição", onde é recriada uma exposição do próprio MoMA em 1969, Five Recent Acquisitions, organizada na época pelo curador Kynaston McShine, e com obras recém-adquiridas de Larry Bell, Ron Davis, Robert Irwin, Craig Kauffman e John McCracken. O espaço de meditação do cubo-branco da exposição original é colocado dentro do espaço informal, super-contemporâneo do PS-1, refletindo os conceitos de expansão dos artistas da época, que abriram novos caminho para o contemporâneo.
Em paralelo, um grupo de jovens artistas trabalhou com intervenções nas galerias para reforçar, dialogar ou interferir com as obras expostas, da coleção do Museu, falando de temas presentes ou ausentes da exposição, como a chegada do homem à Lua, Guerra no Vietnam, Woodstock, o movimento de Direitos Civis e outros. Estes artistas são Base, The Bruce High Quality Foundation, Mathew Day Jackson and David Tompkins,  e Hank Willis Thomas.
Algumas obras importantes não puderam ser trazidas da reserva técnica do MoMA, uma vez que, como comentei antes, PS-1 tem problemas em relação a climatização: são peças com feltro e outros materiais sensíveis (um Robert Morris de parede, um trenó do Beuys). Uma solução seria fazer réplicas, foi o que o PS-1 fez; porém não são "simples" réplicas, foram feitas por Stephanie Syjuco, uma artista que se utiliza das táticas de reapropriação/bootlegging para criar "réplicas" reinterpretadas, propositalmente imperfeitas, com materiasi baratos, que ao se apropriar de objetos icônicos de arte/design, exploram a fricção entre os altos ideais e os materiais do dia-a-dia...
Entre os artistas: Vito Acconci, Carl Andre, Richard Artschwager, Richard Avedon, Larry Bell, Mel Bochner, Marcel Broodthaers, James Lee Byars, John Cage, Vija Celmins, Walter De Maria, Jan Dibbets, Fluxus, Helen Frankenthaler, Lee Friedlander, Gego, Guerrilla Art Action Group, Philip Guston, Art Workers Coalition and Peter Brandt, Richard Hamilton, Strike Poster Workshop, Jasper Johns, Ray Johnson, Donald Judd, Joseph Kosuth, Sol LeWitt, George Maciunas, John McCracken, Bruce Nauman, Claes Oldenburg, Dennis Oppenheim, Nam June Paik, Richard Pettibone, Arnulf Rainer, Robert Rauschenberg, Gerhard Richter, Dieter Roth, Edward Rusha, Richard Serra, Joel Shapiro, Andy Warhol, Lawrence Weiner, John Wesley.
(em construção)




(em construção)

Um comentário:

Anônimo disse...

thanks for posting this.