sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos


Ontem, 5a.feira, inauguração da exposição da dupla de artistas Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos, na Galeria Movimento. A Galeria agora conta com o artista Walton Hoffmann como sócio e curador, o que sem dúvida é um up-grade, já que Walton, além de artista firmado pelo trabalho bom e consistente, possui conhecimento e capacidade agregadora que certamente vão impulsionar a programação da Galeria e seus resultados nesta nova fase.
Fernanda e Eduardo são jovens artistas paulistas. Fernanda começou a trabalhar, ainda na Faculdade (FAAP) com a própria pele como suporte, e logo chegou ao batom como "lápis" para seus desenhos, como tatuagens descartáveis, eternizadas através de fotos. Já Eduardo é formado em Cinema, também pela FAAP, e logo o que era simples colaboração entre o casal (ela desenha e ele fotografa) passou a ser mais, um verdadeiro trabalho em dupla, desde a concepção até o produto final.
E que produto final! As fotos são fantásticas, o batom entra como traço e tinta mas também como sangue e carne, como brilho e âncora para as tonalidades usadas, para o claro-escuro de pintura renascentista.
O erotismo aparece de forma extremamente refinada, a dualidade dos sexos é explorada nos símbolos desenhados (soldados com armas em riste espreitam uma mulher, casais que parecem ter saído de um Carlos Zéfiro pós-moderno, mãos que se procuram e se tocam...) mas principalmente no suporte dos desenhos, a pele; e nos membros femininos que se agigantam, em closes que revelam os poros e a pequena penugem alourada, em olhares e gestos que unem fotos isoladas em dípticos, em instalações.
Ainda, em 8 desenhos sobre papel de Fernanda, um registro das tatuagens (permanentes) do casal, desenhos que também cativam pela delicadeza e precisão.
Ao contrapor a permanência da tatuagem à volatilidade do batom, e ao registrar as efêmeras tatuagens utilizando fotos em uma linguagem tão clássica, os momentos se eternizam, e o erotismo se mostra como é, como transcendência, como eternizar o momento do gozo, que prenuncia a morte (como as vanitas que, pelos desenhos, sabemos que Fernanda tem tatuadas sobre os pés) mas que a vence, quando o homem é deus por ser criador. Como na arte.

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