sábado, 10 de outubro de 2009

Diários de Inhotim (1)


Rio de Janeiro, sexta-feira, 9 de outubro de 2009. Muita chuva desde ontem, hoje é véspera de feriadão (12 de outubro na 2a.feira), a combinação perfeita para um caos no trânsito da cidade que vai receber uma Olimpíada em 7 anos. Nenhuma confirmação da Cooperativa de táxis sobre o táxi que agendei desde ontem. O que salva é que eu sou ansioso e agendei com muita antecedência em relação ao horário do meu voo. Os telefones da Cooperativa também estão todos ocupados, e quando consigo falar com eles, 10 minutos após o horário agendado, "senhor, ainda não temos confirmação sobre o seu taxi, o senhor aguarda?" Não, minha filha, pode cancelar. Na rua, com chuva, todos os táxis passam cheios, até que depois do que me parecem horas, consigo um, e para minha sorte (sou mesmo um sortudo, além de ansioso) não é um dos muitos táxi pirata, é um táxi de Cooperativa (outra), o que no Rio é um bônus.
A Lagoa e o Rebouças, impraticáveis, claro. Orla: Vieira Souto, Atlântica, Aterro, lindos mesmo sob a chuva, e uma corrida de cerca de R$30,00 vira uma corrida de mais de R$50,00. Tudo bem, pelo menos estou aqui, neste Aeroporto sucateado que chamam de Antonio Carlos Jobim (Beth Jobim deveria protestar).
Aeroporto cheio, claro, filas desorganizadas, atendentes loucas. Como sempre o que me salva é a ansiedade, tenho tempo, fiz o check-in online e a maleta de mão que quero despachar pode perfeitamente ir comigo dentro do avião. Sim, pois a chamada fila ágil para os idiotas que fizeram check-in online e querem só despachar suas bagagens é a única que absolutamente não anda.
Meus vizinhos de fila estão estressados com a situação, afinal eles não são tão ansiosos como eu e para eles o tempo urge. OK, para mim é fácil dar uma de chato, elevo a voz, chamo as atendentes, insisto, e abrem mais um P.A. (rsrsrsrsr Posto de Atendimento, jargão de tele-marketing rasteiro), "senhor?" Não para mim, que eu tenho tempo, para este casal que vai para Natal e para esta moça de Florianópolis. Divertido.
Só uma hora de atraso, outro bônus, realmente sou um sortudo, chego em Confins bem e não tão atrasado.
Aeroporto Internacional, este, they might be joking. Muito simpáticos sim, todos, e o pão de queijo bem gostoso. Meu grupo, que veria do Rio no voo logo após o meu, está sem nenhuma confirmação de chegada. Eles ficarão como o Flying Dutchman para sempre flutuando entre Rio e BH? não sei, não esperarei por eles, investigo o ônibus de Confins para o Centro de BH, super-fácil, o Hotel também perto do ponto final do ônibus, tudo simples, estou na Capital das Minas, outra cidade construída (como Brasília), outra utopia, eu adoro ver as utopias se esgraçarem na presença da realidade, enfim...
BH é isso, o que Milton (Nascimento) já disse (ele disse tudo, não serei redundante): um tal de desce ladeira...
Uma cidade ainda bonita (no centro e bairros nobres, a periferia é horrível), um traçado de tabuleiro de xadrez, as paralelas e perpendiculares, com as infernais diagonais; no plano, tudo bem; só que as ladeiras, com as diagonais, dificultam a orientação, o ir é sempre ir-e-vir, o caminho mais curto entre dois pontos tem que levar em conta o subir ladeiras... mas tudo bem bonito, bem cuidado, casas se sucedem a edifícios altíssimos, shoppings, escritórios, mas ainda se pode ver a cidade agradável de antigamente nas ladeiras de Lourdes... Claro que os ricos devem ter ido para longe, e as casas só esperam a morte da velhinha proprietária para se transformarem em prédios, mas esta região da cidade ainda respira e se mantém fiel ao projeto inicial.
Enfim, encontro o grupo; apesar de tudo, todos conseguiram chegar em Belo Horizonte; jantamos em um restaurante típico, um pouco de cada coisa da mineiridade encerrando nos doces maravilhosos, e não dormir tarde, pois temos que acordar cedo: amanhã vamos a Inhotim.

Nenhum comentário: