quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Exposições no MAM-Rio


No Rio para o final de semana, como não podia deixar de ser, visito ateliês de artistas, vejo exposições e também, no meu ateliê de frente para o São Sebastião, trabalho em pinturas da série do Exército de Mim, tudo isto me rende material para alguns posts no blog.
No MAM, além do acervo da Coleção Gilberto Chateaubriand (Do Modernismo à Abstração Informal / Nova Figuração), que já vi e que sempre é bom rever:
1- Cumplicidade, 35 fotos que registram o cotidiano de Frida Kahlo e Diego Rivera. A pequena exposição comemora o 199 aniversário do início da Guerra da Indepenência do México.
2- Raul Seixas, Prisioneiro do Rock - 13 fotos de Ivan Cardoso, selecionadas de um ensaio fotográfico de 1977. As mais engraçadas, e um retrato da época, mostram um Raul sem a cara do Raul que ficou gravada em nossa memória coletiva: sem barba, rosto juvenil, de camisa aberta amarrada na barriga, sapato mocassim com meias escuras 3/4... porém com uma sunguinha incrível, estampada, na verdade uma cuequinha minúscula muito utilizada para loucos banhos de mar no Pier de Ipanema, um olhar meio sexy e a mão , quase em exibição explícita...

3- David Cury, duas instalações ("Há vagas de coveiros para trabalhadores sem-terra", feita com 2.500 capachos de fibra de coco reciclado, e "Antonio Conselheiro não seguiu o conselho") e uma intervenção ("Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás"), um site-specific sobre a grande parede lateral de 263m2, formando ondas com 4 milhões de etiquetas adesivas vermelhas; a parede vibra e o olho se movimenta, interrompido pelo bloco escuro da instalação. Um trabalho cerebral e politizado, tomando como temas os conflitos fundiários brasileiros, uma boa exposição.
(a bonita foto da exposição do David Cury é do coletivo de fotógrafos DSOUZALEITEcoletivo)

4- Revista Revista, de Orlando Mollica. O artista questiona a arte, a pintura, como objeto decorativo; e expõe, em um ambiente de alta decoração (sofás, mesas, luminárias, dispostos como uma decoração minimalista de casa de ricos com o luxo de muito espaço), posters, feitos a partir da digitalização de pinturas abstratas feitas sobre páginas de revistas de decoração, onde as legendas meio que aparecem (do tipo "esta é a melhor pintura de Joan Mitchell...").
5- Enquanto Mollica faz, ao meu ver, uma crítica sobre a pintura como objeto de decoração, a exposição logo ao lado, o Belo Caos do artista Jorge Guinle mostra uma outra coisa:  uma pintura viva, vibrante, que nunca poderá ser confundida com um objeto de decoração. Pintura pintura. Já comentei aqui no blog a minha impressão da exposição, que vi no MAM-SP, e tenho a acrescentar que a montagem carioca, apesar de contar com mais obras, está mais bem resolvida em termos de espaço que a montagem paulista, as dimensões do nosso MAM são mais generosas (sim, ele foi bem projetado para isso) do que as do Museu paulista (que afinal é um improviso em forma de corredor sob a marquise projetada pelo Niemeyer), com isto há espaço para respiração entre as obras, e o espectador ganha. Volto a dizer: uma grande exposição. Um grande artista.

E mais:
Fotos das inaugurações em registro do Fotógrafo Odir Almeida no www.soartecontemporanea.com

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