
No MAM, além do acervo da Coleção Gilberto Chateaubriand (Do Modernismo à Abstração Informal / Nova Figuração), que já vi e que sempre é bom rever:

2- Raul Seixas, Prisioneiro do Rock - 13 fotos de Ivan Cardoso, selecionadas de um ensaio fotográfico de 1977. As mais engraçadas, e um retrato da época, mostram um Raul sem a cara do Raul que ficou gravada em nossa memória coletiva: sem barba, rosto juvenil, de camisa aberta amarrada na barriga, sapato mocassim com meias escuras 3/4... porém com uma sunguinha incrível, estampada, na verdade uma cuequinha minúscula muito utilizada para loucos banhos de mar no Pier de Ipanema, um olhar meio sexy e a mão lá, quase em exibição explícita...
3- David Cury, duas instalações ("Há vagas de coveiros para trabalhadores sem-terra", feita com 2.500 capachos de fibra de coco reciclado, e "Antonio Conselheiro não seguiu o conselho") e uma intervenção ("Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás"), um site-specific sobre a grande parede lateral de 263m2, formando ondas com 4 milhões de etiquetas adesivas vermelhas; a parede vibra e o olho se movimenta, interrompido pelo bloco escuro da instalação. Um trabalho cerebral e politizado, tomando como temas os conflitos fundiários brasileiros, uma boa exposição.
(a bonita foto da exposição do David Cury é do coletivo de fotógrafos DSOUZALEITEcoletivo)
(a bonita foto da exposição do David Cury é do coletivo de fotógrafos DSOUZALEITEcoletivo)
4- Revista Revista, de Orlando Mollica. O artista questiona a arte, a pintura, como objeto decorativo; e expõe, em um ambiente de alta decoração (sofás, mesas, luminárias, dispostos como uma decoração minimalista de casa de ricos com o luxo de muito espaço), posters, feitos a partir da digitalização de pinturas abstratas feitas sobre páginas de revistas de decoração, onde as legendas meio que aparecem (do tipo "esta é a melhor pintura de Joan Mitchell...").
5- Enquanto Mollica faz, ao meu ver, uma crítica sobre a pintura como objeto de decoração, a exposição logo ao lado, o Belo Caos do artista Jorge Guinle mostra uma outra coisa: uma pintura viva, vibrante, que nunca poderá ser confundida com um objeto de decoração. Pintura pintura. Já comentei aqui no blog a minha impressão da exposição, que vi no MAM-SP, e tenho a acrescentar que a montagem carioca, apesar de contar com mais obras, está mais bem resolvida em termos de espaço que a montagem paulista, as dimensões do nosso MAM são mais generosas (sim, ele foi bem projetado para isso) do que as do Museu paulista (que afinal é um improviso em forma de corredor sob a marquise projetada pelo Niemeyer), com isto há espaço para respiração entre as obras, e o espectador ganha. Volto a dizer: uma grande exposição. Um grande artista.
E mais:
Fotos das inaugurações em registro do Fotógrafo Odir Almeida no www.soartecontemporanea.com
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