Aeroporto Santos Dumont, manhã chuvosa de 3a.feira, a dúvida se teremos ou não teto para os voos, compro um livro: Purgatório, o novo livro do escritor argentino Tomás Eloy Martinez. Meu I-Pod na função shuffle começa a tocar nada mais nada menos que Bajofondo, e isso é um bom prognóstico, nada como o tango eletrônico do conjunto portenho para acompanhar a leitura que tenho certeza que será muito interessante.
Tomás Eloy Martinez nasceu em 1934 em Tucumán (Argentina), e em 1975, perseguido pelo Triple A, foi forçado a buscar o exílio em Paris e depois em Caracas, onde viveu e trabalhou como jornalista entre 1975 e 1983. O Triple A, Aliança Anticomunista Argentina, foi um grupo armado de extrema direita, de extermínio, comandado secretamente por López Rega, El Brujo, Ministro de Bem Estar Social e guru da Presidenta Isabel Perón, a Isabelita.
Em paralelo ao trabalho como escritor e jornalista, Martínez desenvolveu uma carreira acadêmica, lecionando entre 1984 e 1987 na Universidade de Maryland (USA) e, desde 1995, na Rutgers University, em New Jersey, onde dirige o Programa de Estudos Latino-Americanos.
O que me leva a uma boa expectativa sobre Purgatório são os livros anteriores do autor, publicados no Brasil, e que já li, com prazer e interesse: tramas bem urdidas, surpresas e desfechos inesperados, personagens inesquecíveis, bem descritos, profundidade psicológica e contexto político, uma Argentina de cantores de tango, da ditadura e dos desaparecidos, de Perón e do cadáver de Evita, as calles de Buenos Ayres e as províncias, o pampa.
Em paralelo ao trabalho como escritor e jornalista, Martínez desenvolveu uma carreira acadêmica, lecionando entre 1984 e 1987 na Universidade de Maryland (USA) e, desde 1995, na Rutgers University, em New Jersey, onde dirige o Programa de Estudos Latino-Americanos.
O que me leva a uma boa expectativa sobre Purgatório são os livros anteriores do autor, publicados no Brasil, e que já li, com prazer e interesse: tramas bem urdidas, surpresas e desfechos inesperados, personagens inesquecíveis, bem descritos, profundidade psicológica e contexto político, uma Argentina de cantores de tango, da ditadura e dos desaparecidos, de Perón e do cadáver de Evita, as calles de Buenos Ayres e as províncias, o pampa.
Santa Evita, talvez o livro mais lido do autor, traduzido para 32 idiomas e publicado em 50 países, conta a fantástica história real do cadáver da primeira-dama argentina, que, após um trabalho magistral do embalsamador, foi seqüestrado, escondido em sótãos e lugares desertos, violentado, teve réplicas, viajou continentes, até o descanso final (final?) no jazigo do Cemitério da Recoleta.
Outros livros publicados no Brasil são O Romance de Perón (segundo o autor, “narro uma investigação muito séria de uma forma romanceada”); O Cantor de Tango (procura obsessiva por um obscuro cantor de tango que teria uma voz e interpretações celestiais mas que silenciara), A Mão do Amo (uma história edipiana, um cantor com uma voz perfeita “absoluta” desde menino prodígio mas que, preso a uma mãe castradora, não consegue chegar à gloria que merecia, já que para a mãe a voz maravilhosa era apenas um objeto de satisfação dos seus caprichos).
O Vôo da Rainha, que foi laureado com o importante prêmio espanhol Alfaguara e publicado no Brasil como o volume final da coleção Plenos Pecados, representando a Soberba, ficção e realidade se confundem em tragédia, ao narrar a história de um influente jornalista que se apaixona obsessivamente por uma repórter em início de carreira, tendo como pano de fundo a ditadura militar, a corrupção dos políticos e o poder da imprensa. Com boa parte do livro escrito, o escritor tomou conhecimento que seu amigo de longa data, o , influente jornalista Pimenta Neves, havia assassinado a namorada, a também jornalista Sandra Gomide. Ao perceber as coincidências macabras entre o real e o livro que escrevia, Martínez mudou a história e no processo de reescrita, foi atropelado com a mulher, que não sobreviveu. É um livro visceral, sofrido, sobre a Soberba, “a abelha-rainha de todos os vícios e pecados”.
Enfim, Purgatório.
Já no voo, ouvindo mais Bajofondo, começo a ler a história de uma mulher argentina, Emilia, que presa com o marido, pela ditadura militar, procura o marido desaparecido por mais de trinta anos, até encontrar o morto bem vivo e, mais estranhamente ainda, sem ter envelhecido, com a mesma aparência que tinha aos 25 anos, enquanto Emilia se tornou uma sessentona, em sua solitária procura. O que acontecerá nesta história que mistura violência policial, romance, busca existencial?
Leia mais:
Matéria sobre o caso Pimenta Neves
Nenhum comentário:
Postar um comentário