domingo, 31 de maio de 2009

Fim de semana em Brasília

Fim de semana em Brasília, o tempo rende, além de pintar vi algumas exposições:
1- No CCBB, "Virada Russa - A Vanguarda na Coleção do Museu Estatal Russo de São Petersburgo". Está na última semana aqui em Brasília, depois irá para o CCBB do Rio. Uma exposição importante, bom catálogo.
2- Na Caixa Cultural, "O Gravador Roberto Burle Marx no Atelier Ymagos", com quase 90 trabalhos do artistas, entre desenhos e gravuras, em metal e litos, bonita exposição. "Lágrimas de São Pedro - Acalento ao Sertão Nordestino", uma instalação do artista bahiano Vinícius S.A. e "Quem tem medo de olhar para cima", exposição de fotografias de Silvio Zambonide, com fotos do céu em vários lugares do mundo emoldurado por detalhes de arquitetura, tiradas exatamente de baixo para cima.
Ah, sim, e volta a polêmica da Praça da Soberania, o arquiteto Oscar Niemeyer refez o projeto diminuindo o obelisco e dividindo a construção em dois prédios mais baixos nas laterais da Praça, portanto desobstruíndo, em parte, a visão da Esplanada a partir da Rodoviária. É melhor que o projeto anterior, porém continua ocupando uma área que, pelo Plano Urbanístico do Lucio Costa, não poderia ser ocupada; compete com a Rodoviária, e além disso é outro imenso chão de concreto, sem árvores. O IPHAN já se manifestou contrário, e o Governador Arruda diz que não o fará em seu governo, por falta de recursos.

Novas telas (série das vanitas)






Pintei ontem, um sábado tranquilo em Brasília, estas cinco novas telas(50x60cm), da série dos estudos sobre a vanitas do pintor Philippe de Champaigne. São as de numeros XLII e XLIII, XLIV, XLV e XLVI. Este mês de maio, com a sequência de muitas viagens, passei um bom tempo sem pintar, e assim retomo a pintura com prazer renovado; hoje, domingo, já estou trabalhando em mais telas da série, que postarei ao terminar.

sábado, 30 de maio de 2009

Leonard Cohen, a quintessência do cult


Este sim, é o máximo de cult. Leonard Cohen. Poeta, escritor, compositor, cantor, judeu, canadense, budista, ativista; suas músicas, na sua voz rascante ou na voz de inúmeros intérpretes, embalaram os sonhos da geração politizada dos 1960-1970; e continuam vivas, não só nas memórias dos que viveram aquelas gerações como nas dos mais jovens; a cada lançamento (espaçados): surpresas, nostalgia, renovação, e um perfil apontando para o futuro. Nascido em 1934 (21 de setembro, um bom libriano), hoje então com 74 anos; mas com fôlego e inquietude de um jovem. Pois é, e ainda: em 1996, Leonard Cohen foi ordenado monge zen, recebendo o nome dharma de Jikan ("silencioso"), o que é um paradoxo para um cantor.
O CD que não paro de ouvir é o "Live in London", recém lançado, um CD duplo com 26 músicas, os clássicos: Hallelujah, Suzanne, I'm your man, First We Take Manhattan ... com a voz inconfundível que canta e faz comentários; um backing-vocal que contribui; uma boa e discreta banda acompanhando; palmas (gravado ao vivo) e participação da platéia; impossível resistir, impossível ouvir uma vez só, impossível deixar de se render à magia do cantor que mais recita do que exatamente canta, à beleza das melodias, à poesia; ao vento de rebeldia dos anos 1960 ainda soprando no terceiro milênio. Isto é cult.
Ah sim, além disso tudo: segundo uma tradiçao em minha família, o ramo que deu origem ao meu pai, os Moraes Correia, são cristão-novos vindos para o Brasil que trocaram o sobrenome Cohen pelo mais aceitável Correia. Assim, é interessante pensar, mesmo que só uma fantasia ou lenda familiar, que ele e eu podemos ter uma raiz comum; e que a voz áspera e ao mesmo tempo suave (que ouço sem parar enquanto pinto minhas variações para as vanitas ) e as minhas pinturas, são aparentadas, vieram desta raiz, desta sensibilidade de exilado, desta preocupação com o transcendente e com o material, desta sensação de estranheza, de diferente.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um encontro improvável


Domingo de sol no Rio, temperatura amena, em um 8º andar na Av.Atlântica, um apartamento com decoração clean e nos janelões o visual mais lindo do Planeta: céu de um puro azul, praia sem o movimento feio dos dias de verão, o mar com pequenas ondas: céu de brigadeiro, mar de almirante... e um espumante geladinho...
O motivo do encontro: a inauguração de uma pintura (o vernissage, a comemoração do último verniz que os pintores davam nos quadros, como que uma "festa de cumieira", quando se conclui uma construção).
Improvável, diria eu, estamos em 2009 no Rio ou na Itália no Renascimento, ou em Paris do início do século XIX?
Ainda mais, a pintura objeto da inauguração é um retrato, isso em pleno fastígio das câmaras digitais, dos onipresentes celulares que fotografam e filmam, do fluxo crescente de imagens que são feitas, despejadas na internet e morrem, incessantemente, como uma metástase de imagens, de retratos, e que com isso se transformam em commodities e perdem o valor que tinha um retrato da senhora Lisa del Giocondo ou do senhor Felipe II ou do próprio pintor com a orelha cortada.
Como commmodities, as imagens, os retratos, hoje, no terceiro milênio, tem outras características: podem ser adquiridas a preço vil; o possível trabalho escravo que as possibilitou não é levado em conta, na verdade é um fator positivo pois reduz o preço, e o preço é o único critério na sua compra. Sim, e são perecíveis, morrem a cada crash de um HD ou a cada upgrade na tecnologia (o que faço com as minhas imagens guardadas em disquetes que nenhum notebook mais lê?).
Mas o encontro improvável aconteceu, e lá, como em eventos equivalentes na Renascença, estão as figuras mais importantes: O Mecenas. O Artista. Ah, sim, O Curador e a Comunidade, perante a qual se dá o ritual, e que o valida.
O Mecenas: meu amigo de longa data, Marco Antonio, inteligente, vivaz, culto e com muita personalidade. Não é exatamente um colecionador de arte, embora tenha boas obras (entre outros, dois lindíssimos bambus da Ione Saldanha, uma linda tela da Wilma Martins e até mesmo um desenho e uma pequena tela do Jozias Benedicto, eu, artista que escrevo este blog). Em meu entendimento ele procura "a obra certa" não para completar uma coleção, como o faz O Colecionador, e sim para completar o seu ambiente, no caso o ambiente do apartamento que ele vem "desenhando" e completando nestes anos, como fez os outros ambientes que eu acompanhei, o apartamento anterior em uma rua interna e silenciosa de Copacabana e também a hospitaleira casa em Arraial do Cabo.
O Artista: o jovem artista Daniel Lannes, que conheci nas aulas do Chico Cunha no Parque Lage e que hoje consolida sua carreira como pintor, trabalha com a Galeria da Laura Marsiaj e também estava na SP-arte com um bom trabalho no stand de uma Galeria de SP, a Choque Cultural.
O Motivo: Marco Antonio é muito afeiçoado a um afilhado, João Victor, que hoje é um pré-adolescente; gosta muito de uma foto do afilhado quando este tinha seus 5, 6 anos; alguém menos antenado faria um poster ou multiplicaria a imagem da foto em chaveiros, camisetas, papel de parede; mas Marco quer mais que isso.
O Curador: Se o Marco Antonio tivesse perguntado a mim eu não saberia a quem indicar; mas ele se informou com um amigo comum, também artista, o pintor Mário Reis, que indicou o Daniel Lannes como um possível executor para a visão do Mecenas. Foi uma indicação correta, perfeita, precisa. Com isso, excluiu possíveis acadêmicos, eventuais oportunistas, e indicou um artista de muito provável futura valorização; além do aspecto artístico, estético, que é impecável. Neste ponto o Curador, ao meu ver, foi também uma estrela do encontro improvável.
O produto deste encontro: Mecenas + Artista + Curador, foi enfim apresentado a nós, amigos, e à família do retratado, neste lindo domingo de sol em Copacabana. E, em minha avaliação, os resultados foram muito positivos.
A tela, 50x60cm, é linda. Daniel conseguiu, se atendo aos contornos impostos pela encomenda, um resultado que respira, brilha, e que mostra muito da personalidade do retratado; um certo clima retro, como uma criança saída das ilustrações de um livro antigo; um ar de melancolia que o João Victor sempre teve, desde muito criança; e um brilho de pintura que mostra bem como o artista domina a técnica e viaja além desta para criar um universo todo seu.
Os amigos presentes gostaram, a família gostou, até mesmo o irmãozinho mais novo disse que também quer um retrato. O retratado, meio indiferente a tudo, não deixava os seus videogames; mas ele não sabe; foi perpetuado; daqui a anos, quando ele deixar de ser um pré-adolescente e for um homem, um adulto, depois um velho; como as crianças retratadas pelo Guignard; ele tem, ele terá, para sempre - o seu retrato que o eternizará, não mais como um espelho e sim como uma pintura; um espelho eterno; uma imagem do que há de eterno, de verdadeiro, no retratado; o melhor presente que o padrinho poderia ter oferecido, a eternidade; e também um objeto com a sua valorização própria, submetido às leis do mercado, como na Bolsa.
E o encontro improvável se tornou realidade.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Celina Portella e Elisa Pessoa (de morar) - Rio


"de morar", videoinstalação de Celina Portella e Elisa Pessoa, no SESC Copacabana. A inauguração é hoje, mas fica até 12 de julho, e também vale a pena ir conferir. O trabalho das duas artistas, que fazem um mix de artes visuais, video e dança, é muito interessante, e estava na exposição Nova Arte Nova, no CCBB.

Nelson Leirner no Itaú Cultural (SP)


Convite da exposição do artista Nelson Leirner no Itaú Cultural, SP. Não posso ir no dia da inauguração, mas já está na minha lista de coisas a ver...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Exposições no Rio

No Rio, tempo bom, semana de promoções em um ótimo circuito de restaurantes (Rio Restaurant Week, que acaba domingo), e boas exposições com predominância de pintura (boa pintura):
1- Na Caixa Cultural, Doida Disciplina, exposição de pinturas da Gabriela Machado. As pinturas são lindas, cores em tinta espessa, uma pintura de pele, como diz a artista, falando do processo de seu trabalho em um interessante video que acompanha a exposição. Em duas pinturas sobre papel, grandes, a tinta a óleo dá lugar à tinta acrílica, com tratamento de aquarela, também com ótimos resultados.
2- Na Lurixs, Downtown, pinturas do artista português Manuel Caieiro. Não o conhecia, vi seu trabalho na SP-arte e me chamou a atenção, e esta exposição está muito boa. São pinturas de estruturas, detalhes de construções em perspectiva, em um vermelho forte, com um trabalho de pintura que incorpora o acaso, os erros, o apagar, o recobrir, o escorrer, o descascar, tornando vivas as estruturas precisamente desenhadas.
3- Na Cândido Mendes de Ipanema, pinturas e instalações do Lauro Müller. O artista pinta, com cores fortes, em lona preparada para pintura e recorta o suporte em pequenos pedaços, que são combinados para formar cascatas de fios, "borboletas" revoantes em móbiles, ou colocados como "grama" sobre telas.
4- Na Laura Alvim, Melantrópicos, de Janaina Tschäpe. As formas orgânicas tem algo a ver com as formas de flores, as cascas, as jacas, os "pendurados" da Gabriela Machado; mas Janaína trabalha com fotografias e vídeos: pessoas vestidas com roupas estranhas, balões, tubos; em performances e instalações. Um mundo estranho, dinâmico, "depois da chuva" (penso na Hard Rain do Bob Dylan), uma chuva que é uma renovação; um sonho, onde um balão sobre uma cama infla e infal até explodir em outra chuva, uma torrente, uma cascata; e uma mulher que gira e gira até cair desfalecida. Uma bela exposição, e o bonito espaço a Laura Alvim que se renovou com uma boa programação, iniciada pela exposição do José Damasceno.
5- Na Galeria 90, Gabinete de Leitura do Amador Perez. Trabalhando a partir de obras-primas da pintura que estão no imaginário coletivo, o artista faz um primoroso trabalho, integrando o manual com a computação gráfica. São "desenho, pintura, mascaramento, colagem, raspagem, descamação, rebatimento, inversão de cores, relação positivo-negativo, tonalização,superposição, filtragem e fusão...", utilizado para construir histórias, sequencias, e mostrar outro lado das imagens já tão conhecidas. Um trabalho que tem a marca de cuidado, beleza e perfeccionismo de toda a trajetória d artista.
6- Na Anna Maria Niemeyer, Edmilson Nunes, em Deus, um trabalho muito colorido, com uma vertente carnavalesca, onde o kitsch é um ponto de partida para a celebração de um prazer para os olhos.
7- Ainda, rever, de passagem, em seus últimos dias, a Gisele Camargo na Amarelonegro e o Carlos Mélo na Laura Marsiaj.
8- E um surpreendente "disco voador", uma proposta artística, que sobrevoa as praias do Rio... A obra do artista plástico norte-americano Peter Coffin (pendurada a um helicóptero como a cruz do Dolce Vita), começou a sobrevoar as praias do Rio a partir das 19h30 deste sábado. O disco voador tem sete metros de diâmetro, e com a telões instalados em sua estrutura, projeta visualizações e imagens luminosas. O Rio é a segunda cidade no mundo a receber esta obra, já exibida na Polônia, em 2008, e vetada em NYC, devido ao trauma do 11/setembro.
(Pesquisando na internet, descobri um vídeo que transforma o MAC em um disco-voador que sobrevoa a linda paisagem do Rio, comandando por um Niemeyer transformado em uma figura mítica, um xamã... clique aqui para ver este video)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bob Dylan


"I love e-mail, but I miss the postman", diz Bob Dylan no CD que é um "programa de rádio", com o cantor falando coisas interessantes e tocando músicas que chegam até a inesquecível Carole King ("You've Got a Friend"..., what else?), e que, junto com músicas inéditas, compõem o novo álbum "Together Through Life", recem-lançado... Quando eu pensei que já tinha ouvido tudo do Bob Dylan, desde o início, o "Highway 61", os hard country ("John Wesley Hardin", "Nashville Skyline"), os religiosos, os dançantes, o show na Apoteose do Sambódromo (onde eu fiquei na beira do palco e vi de perto o suor do menestrel cantando "Blowing in the Wind" com back vocals)... quando eu pensei que tinha visto e ouvido tudo, ele me lança, em 2006, o "Modern Times", maravilhoso, contemporâneo, terceiro milênio; e não satisfeito com isso tudo, lança agora este novo CD que é também isso tudo: maravilhoso, contemporâneo, terceiro milênio... Muito bom de ouvir, e de pensar em como ele se renova, se redescobre, se atualiza, com um pé no passado e os olhos sempre no futuro: "... but I miss the postman...". Me too, Mr.D., I also miss the postman...

sábado, 16 de maio de 2009

SP: outros (on-line)

Outras programações em SP, além da SP-arte. Como na minha outra vinda a SP, há duas semanas, já vi as principais exposições (MAM, Pinacoteca, Tomie Ohtake e outros), sobraram poucas coisas a ver, mas sempre há:
1- MASP: 1 Século de Pintura Francesa (1860-1960). A exposição tem como título (estranho) "O Realismo"(poderia ser "Do Realismo" o que talvez fosse mais preciso), e não apresenta somente pintores franceses (também brasileiros, de alguma forma ligados à França; belgas etc.). São os quadros do acervo do MASP, e também do Museu Berardo (Lisboa) e instituições francesas. É interessante, em especial pelos quadros vindos de fora, que são novidade para mim; mas não é de modo algum uma exposição excepcional.

"Terra em Transe", trabalhos do fotógrafo espanhol Manuel Vilariño (nada a ver com o filme do Gláuber), fotografias muito bonitas: pássaros mortos, tabuleiros de xadrez, crânios, velas, um clima de mistério, vânitas contemporâneas, e uma técnica bem precisa, uma surpresa para mim. E rever a retrospectiva do Vik Muniz, que eu já havia visto no MAM-Rio (e pensar mais sobre a discussão que tivemos, eu e os artistas Rubem Grilo e Adriana Maciel, sobre a obra do Vik, descendo de Petrópolis em um dia de Carnaval).

2- Museu Lasar Segall, minha primeira ida a este Museu, na Vila Mariana, numa rua muito simpática. O Museu funciona na antiga casa e atelier de Segall, em uma vila de casas projetadas pelo importante arquiteto modernista Gregori Warchavchik, concunhado do artista, e tanto a rua como o Museu conservam um ambiente bem agradável de uma São Paulo dos anos 1930. No Museu, uma exposição sobre o quadro, obra-prima de Segall, Navio de Emigrantes, com dezenas de estudos, desenhos rápidos feitos em navios, capturando cenas, pessoas, rostos, marinheiros... se consegue como que acompanhar o processo criativo do artista, de das dezenas, centenas de estudos que convergem a uma tela onde: "está tudo lá".

E uma interessante exposição sobre fotomontagens da fotógrafa Grete Stern, alemã radicada na Argentina, nascida em 1904 e falecida em 1999. São trabalhos feitos como ilustração para uma coluna sobre psicanálise em uma revista argentina (Revista Idilio, da Editora Abril); e transcendem a ilustração para se colocar como autênticos trabalhos surrealistas. Interessante é a descrição da técnica, feita pela artista e reproduzida no folder da exposição; e pensar em que hoje em dia tudo isso é feito na foto digital com um Photoshop ou algo que valha...

3- projeto APT 181. A princípio pensei ser algo semelhante ao projeto ApArtamento, que o Jonas Aisengart e outros artistas estão fazendo no Rio, e sobre o qual já escrevi em meu blog, mas é bem diferente. Não há a proposta de interferir no espaço do apartamento e na vida dos moradores; na proposta paulista, apartamentos remodelados, localizados no Centro da Cidade (este é um lindo e amplo apartamento, na Av.São Luís 141/181, com um terraço com vista para os edifícios e luzes desta região tão bonita; e a reforma valorizou os espaços e detalhes originais da construção; a maior intervenção talvez tenha sido na cozinha/copa/área/terraço, que se transformaram em um espaço contínuo com chão de cimento cru), utilizados como esapaço expositivo. Nesta edição doprojeto, trabalhos dos artistas Cris Bierrenbach, Célio Braga e Marcelo Solá (gosto muito deste último). Hoje, abertura, uma festa; e durante a semana por agendamento. Provavelmente alén de funcionar como galeria alternativa para os artistas,é uma forma de também mostrar o apartamento à venda para o público alternativo que irá ver os trabalhos e poderá se interessar em comprar o imóvel (eu gostei muito, poderia tranquilamente me mudar e viverem um apartamento tão gostoso e tão perto de tudo, inclusive do metrô - Estação República - e do ônibus para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, ou seja, para novas viagens e aventuras...).
Sampa, como sempre, bombando... e ao passear pelo centro, impossível esquecer a voz do Caetano Veloso em um de seus momentos mais inspirados: "só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João"...
Sampa é assim. No metrô, linha verde, me sento ao lado de um rapaz de seus 30 e poucos anos, todo paramentado de tenista, com as raquetes, shorts brancos, tênis, agasalhos, pernas descobertas apesar do frio; ele lê um livro, compenetrado; aos poucos (curioso) eu consigo ver o título: a Crítica da Razão Pura, do Kant, ainda por cima em francês; inacreditável. Saltamos na mesma estação (Consolação), ele vem do jogo de tênis e vai para a filosofia, e eu flutuo pela arte, só para dizer que: isto é Sampa, na sua mais perfeita traduçao!

SP-arte (on-line)

Volto à SP-arte, em plena 6a.feira a tarde o público comparece em massa, imagino como não estará no final de semana... mas consigo rever tudo e realmente "ver" os trabalhos expostos, sem o burburinho da festa de inauguração. Para arrematar, retorno no sábado, e vejo então mais uma vez como os eventos culturais em SP "bombam": fila na bilheteria, famílias inteiras, muitas crianças, grupos de terceira idade, de estudantes...
Cito algumas coisas que me despertam a atenção:
A primeira delas, sem dúvida, é uma versão de 1940 que a Tarsila fez para sua obra-prima "A Negra" (de 1923), eu nunca soube que existia esta versão onde a Negra na verdade é uma mulata-clara, e o fundo tem listas em tons pastel com destaques em magenta e azul turquesa. Muito linda, e certamente uma raridade (nem perguntei o valor da avaliação), no stand do Ricardo Camargo.
Beatriz Milhazes: Uma linda tela, grande ("Menino Pescando", de 1997), da coleção do Banco Itaú/Unibanco, no stand dos bancos para clientes VIP; no stand da galeria Almeida & Dale (SP), uma gravura grande (das edições feitas no USA, a mesma imagem que está no acervo da Pinacoteca) e uma grande colagem, ladeiam uma linda tela com tons escuros e uma surpreendente rosácea em cores claras contrastantes (cian/magenta) que adquirem um tom de neon, de fosforencência de corais; preços: US$80.000 a gravura, US$380.000 a colagem e US$400.000 a tela, e valem cada centavo. Em outro stand, uma tela grande dos anos 1980, com as colunas e o anjo barroco em dourado (esta, uma pechincha, ao meu ver: 200.000 reais); e na Pinakotheke, um pequeno desenho, de no máximo 20x25cm, papel, um esboço de arabescos como um azulejo, cuja avaliação é de US$50.000
Os trabalhos novos do Alvaro Seixas, no stand da Amarelonegro, são telas pequenas com elementos geométricos (listas, círculos) e uma forte fatura de tinta e de cor; e também uma tela maior (talvez 80x100cm), em cinzas e pretos, muito bonita, gosto muito. Ainda no stand desta Galeria, o Rafael Alonso que partiu das suas colagens de fitas que formam como que paisagens e pinturas das paisagens feitas de fitas, para pinturas realmente de paisagens, com tinta forte e boa qualidade pictórica, uma boa evolução. E também, para mim, a oportunidade de poder comparar os trabalhos mais antigos da Gisele Camargo com os mais recentes, e ver que minha memória não me traiu e acertei em minha análise, publicada aqui no blog ao falar da exposição individual, sobre o crescimento do trabalho.

A Gentil Carioca trouxe o trabalho do artista Pedro Varela em uma parede, na rampa, uma delícia para os olhos e principalmente para as crianças que, no sabado, não se cansavam em brincar nos mundos fantasticos do artista.
No stand da Galeria Mezanino, trabalhos bem interessantes e acessíveis de artistas jovens; com esta proposta, o stand fica sempre cheio, e crianças e adolescentes são atraídos pelos trabalhos bem contemporâneos e com linguagem de comics. Pequenas pinturas e xilos do Ulysses Bôscolo, bem interessantes... embora eu saiba que o artista se destaca mais à gravura, as pinturas são demais, as telas de dimensões pequenas se somam em dípticos, trípticos, colocados assimetricamente; sei reconhecer uma boa pintura, e assim não resisti a um tríptico com cenas de mar, em azul escuro, um Castagneto do terceiro milênio (embora tenha ficado balançado com uma árvore que parecia uma cachoeira, e com um díptico de um cachorro e sua carrocinha...)
Mercedes Viegas e Laura Marsiaj juntaram as forças compartilhando um stand, com muitas surpresas além dos trabalhos que já vi ultimamente nas Galerias. No sábado, "aparece" uma linda pintura da Lucia Laguna, e "desaparece" um múltiplo do Ângelo Venosa (Borboletas que na verdade são vanitas) que eu namoro há um bom tempo... outra vantagem das Feiras sobre as Bienais, o dinamismo, as obras são vendidas e é interessante ver a equipe de apoio embalando um Krajcberg, um Nuno Ramos, e o galerista rapidamente repondo com outra boa obra do acervo...
No stand de Galeria pernambucana Mariana Moura, ver duas lindas telas de artistas que eu só conhecia pela força do desenho: Gil Vicente e Carlos Mélo (este, expondo no Rio na Galeria da Luara Marsiaj). Os desenhos dos artistas são fortes, mas a pintura (embora bem diferente, já que do desenho expressionista e misterioso eles foram a uma pintura abstrata - no caso do Gil Vicente mais comportada, concreta; e no Carlos Mélo mais expressionismo abstrato) é boa e causa impacto.
Uma interessante performance da artista Ana Teixeira, "Outras Identidades"; o espectador escolhe entre diversas frases de impacto qual seria a da sua nova identidade (eu escolhi, claro, AINDA TENHO TEMPO); a artista registra em um livro a frase com a digital do espectador, e ambas vão para uma cédula de identidade que é entregue, em plástico, tudo como uma verdadeira identidade; um bom trabalho, e uma artista cortez e que pensa em tudo, até no álcool para limpar o dedo após a captura da digital. Ninguém lembra mais, mas nos anos 1970 em um salão de arte, o com mais visibilidade (acho que o Salão de Verão, com curadoria do crítico Roberto Pontual, apoio do então prestigiado Jornal do Brasil e exposição no MAM-Rio), a jovem artista Margareth Dunham Maciel ganhou o prêmio principal com trabalhos em xerox sobre a sua carteira de identidade; talvez tenha sido muito cedo; ou outro motivo que leva os artistas a buscarem o silêncio; mas não houve continuidade no seu trabalho; e ao ser identificado, colhida minha digital, em plena SP-arte em 2009, me lembro do trabalho da Margareth e penso em como o tempo voa.
Na Galeria do Murilo Castro (MG), um destaque para o trabalho do Daniel Murgel, as maquetes e os projetos das gaiolas; mas desta vez o artista "embaralha" tudo, os projetos e as maquetes divergem, e o resultado: um caos (comentei com o artista sobre o aspecto "atulhado" da instalação, e ele me retornou que esta era mesmo a proposta).
Na Galeria Nara Roesler, uma escultura/instalação incrível da Laura Vinci, uma "escultura" em gelo, com um texto: O.BRANCO.DO.RIO.PASSA. A tecnologia soft, dominada pela poesia, como é o trabalho da artista.
Duas lindas telas do Jorge Guinle, na Athena Studio e no Ricardo Camargo ("A Mulher do Marinheiro", 2x2m, de 1986, deslumbrante).
Debora Bolsoni, a das pipocas de ceramica na Paralela à Bienal, em varios stands; na Silvia Cintra com bonitos trabalhos de papel enclausurado em acrilico, e na Galeria Marilia Razuk, com uma instalação ("Sentinela") que, discreta, se confunde com o ambiente (um carrinho com um garrafão de água mineral e uma cesta de lixo, algo provável, e para o qual os visitantes em geral nem davam atenção, jogando seu lixo na cesta de lixo, e talvez, nao vi mas é bem possível, tenham mesmo bebido da água do garrafão)...
Na Galeria Gustavo Rebelo, do Rio, um reencontro com meu amigo de muito tempo, o artista Chico Fortunato; e um lindo Daniel Senise da fase de 1980-90; pequeno, talvez 110x80cm; mas um monumento. E um lindissimo Ivan Serpa da Fase Negra, uma raridade.
Na Casa Triângulo, algumas surpresas para um aficcionado de pintura como eu: Uma lindissima pintura da Vania Mignoni ("Meio Dia"); Eduardo Berliner, com "Placenta", que foi adquirida por um dos patrocinadores e doada ao MAM-Rio (uau!!!), uma linda pintura, com detalhes que se veem aos poucos no decorrer da apreciação; e o Felipe Barbosa: com as montagens de casinhas de cachorro, casinhas de pássaros etc., ele chegou a um Volpi pós-moderno; e agora investiga a pintura que esta por trás ou pela frente destes movimentos; boa pintura, interessantes jogos de transparência e opacidade, de painterly e chapado... a fatura com o pincel bem aparente, como é a do Volpi que é a presença oculta em todos os trabalhos; e ao mesmo tempo a tinta acrílica, o contemporâneo, um diálogo entre presente e passado no campo da tinta e do pictórico... Mas: uma ressalva em relação a esta Galeria, que tantas obras importantes nos apresentou: fumantes!!! dentro do ambiente fechado da SP-arte!!! lamentável...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

SP-arte: inauguração

Ontem, festa de inauguração da SP-arte, com o Pavilhão Bienal no Ibirapuera cheio, um público bonito e alegre, prosecco e uísque bem servidos, e o mais importante: arte, muita arte, para todos os gostos. Em 2007 escrevi que ir a SP-arte era melhor que ir à Bienal, e escrevi isso antes da "Bienal do Vazio", que terminou de esvaziar a Bienal... Hoje a SP-arte cresceu e minha máxima (compartilhada por vários artistas com os quais discuti o assunto) ficou mais próxima da (triste) realidade. A presença das galerias do Rio é importante, nos espaços maiores e bem situados, bem como no mezanino, ala da Arte Nova, onde stands pouco menores possibilitam a presença de galerias mais novas e mais voltadas para a arte jovem e contemporânea, uma boa solução da organização do evento. A noite de inauguração é ideal para "fazer uma social", mas mesmo assim já deu para ver obras primas, algumas raridades, muitas descobertas e também sentir algumas ausências, entre as obras apresentadas. Voltarei à exposição ainda nos demais dias, até seu encerramento no domingo, para realmente ver com calma, e volto a escrever minhas impressões.

domingo, 10 de maio de 2009

Rio, on-line, 2

Sábado de sol e praia no Rio, e visita a exposições no entorno da Praça General Osório:

1- Galeria Amarelonegro, exposição da pintora Gisele Camargo. Tenho acompanhado a evolução do trabalho de Gisele, de um trabalho bem gráfico já mostrado na mesma galeria, o tratamento se torma mais painterly, contrastando os elementos quase chapados que poderiam ser saídos de telas do concretismo ou de uma Wanda Pimentel (mas que olhando melhor se percebe a marca sutil do pincel) com os elementos (árvores, nuvens) com tratamento carregado em óleo; mesmo a marca oleosa das partes tratadas com tinta a óleo, que avança sobre o quase chapado é bem aproveitada, funciona como uma sombra ou aura; e a mudança dos painéis "flutuantes" para os painéis tridimensionais, quase "caixas", como formato para o suporte esclhido também fortalece o trabalho. São centenas de pequenas caixas, com os elementos (as árvores, nuvens, construções, escadas...) e cores (cinzas, preto, vermelho) característicos do trabalho da artista, agrupadas em conjuntos; as pinturas funcionariam individualmente, mas quando a artista as agrupa, os conjuntos passam a ter força própria; e ao dispor os conjuntos pelas paredes, com uma dinâmica nova (dobrando nas quinas das paredes, deixando um eloquente vazio entre eles), a exposição toda cresce, torna-se uma instalação, com uma potência maior do que cada conjunto ou cada tela individual. Em sua exposição, Gisele prova que o todo pode ser bem maior que a soma das partes.
2- Na Galeria Silvia Cintra, rever a exposição da Cristina Canale, que já comentei aqui no blog, sempre um prazer para os olhos.

3- Na Galeria Laura Marsiaj, A Cura, exposição individual do artista pernambucano Carlos Mélo , com desenhos a grafite muito bonitos; elementos díspares se misturam (ossos e esqueletos, flores, microfones, cortinas, cabelos...) em tratamentos de desenho em grafite fortemente traçado ou em linhas leves, flutuando no papel; bons desenhos, com uma aura de mistério. Diz o artista: "Os desenhos são uma espécie de assunto. Às vezes, figuras. Às vezes, manchas, marcas fortes, restos apagados. E neste ‘gesto simples’ eles se revelam como ‘abismos’: que salto político é esse que me garante a apreensão de uma imagem? Retida na pele, deslizando e planando dentro de mim? Bruta, a ponto de querer sair a qualquer custo?". No Anexo da Galeria, Clare Andrews,artista escocesa, com uma série composta por 9 pinturas em pequenos formatos, chamada "Engage Your Shadow", bem interessante.
4- Na Galeria da Bolsa de Arte, exposição do Leilão de maio. Sempre é bom ver as exposições de leilão, em especial as da Bolsa, com catálogos primorosos, e ver: obras maravilhosas, outras apenas interessantes, coisas curiosas (exemplo, uma coleção de xilogravuras do Goeldi, coloridas, tendo como temas... flores), pintores pouco vistos a não ser em coleções particulares ou em leilões (exemplo, a fantástica pintora Maria Polo, que eu só consigo ver, em quantidade, na coleção de um amigo pintor; ou peças isoladas nos leilões), ou obras primas que estão ocultas em coleções particulares e "saem à luz" apenas para a exposição de um Leilão onde rapidamente voltam a se ocultar em outra coleção...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Rio, on-line, 1

No Rio, artistas e galerias em preparação para suas participações na SP-arte que vai acontecer na semana que vem. Desta vez iniciarei minha visita à Feira na festa de abertura, dia 13/05, por convite de uma já consolidada galeria carioca com foco em arte contemporânea. Uma conversa com o artista Daniel Murgel, que estará expondo na SP-arte, e que está sensibilizando o meio artístico do Rio para que se lance uma feira análoga, uma "Rio-arte" (talvez outro nome, para evitar confusões com a Rioarte), não concorrendo com o evento paulista mas somando esforços, em períodos diferentes. Uma boa proposta, o Rio merece isso, e não uma Cidade da Música super-faturada e mal acabada, como mostram os jornais cariocas nesta semana.
1- Abertura da exposição do Paulo Vivacqua, na Galeria Artur Fidalgo: instalações sonoras, desenhos e fotografias. Os desenhos/fotografias são projetos ou registros para as instalações sonoras, e menos conhecidos que aquelas, mas muito bons; em alguns desenhos lembrei de aquarelas com notas musicais do saudoso amigo Paulo Garcez; com os traços delicados e expontâneos, são desenhos também "musicais". E as instalações sonoras são sempre um prazer sinestésico; mesmo com o relativo tumulto de uma vernissage concorrida, dá para se viajar nas ondas sonoras; uma delas, um "aquario" com pequenos auto-falantes apoiados em montes de areia preta, me carregou a um mar lindo com areias monazíticas que é como uma Guarapari que conheci nos anos 1970...
2- No Cinema Glória, Vitrine#1, é a primeira de uma série de ocupações da arte contemporânea no local, que fica no subsolo do horrendo monumento a Getúlio Vargas, na Praça do Russell. Desta vez são obras de seis artistas - Adriano Melhem, Alexandre Vogler, Arjan Martins, Geraldo Marcolini, Guga Ferraz e Leonardo Videla, além de um cinejornal com fotos do Leo Videla dedicadas ao processo de criação da própria exposição. A abertura, ontem, foi uma festa com DJs André Amaral e DJ H.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Detalhes









São apenas detalhes, de algumas das pinturas que fiz neste final de semana, e que já postei na íntegra neste blog, da série das vanitas. Nos detalhes, pinturas abstratas, sobreposições, escorridos, monotipias, tinta espessa ou aguada, dourados, os traços gestuais- o painterly que é tão gostoso de fazer na medida em que os exercícios, os estudos, me fazem gostar mais do meio utilizado, a pinta acrílica e o carvão.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Novas pequenas pinturas






Cinco novas pinturas, pequenas telas (30x40cm), da série dos estudos sobre a vanitas do pintor Philippe de Champaigne. Pintei estas ontem, um domingo tranquilo, de um só fôlego. São as de numeros XXXVII, XXXVIII, XXXIX, XL e XLI. É interessante fazer estas variações em escala: as telas 50x60cm, 70x100cm e agora estas menores apresentam questões diferentes, são novos desafios. E a série, chegando às casa das quarenta telas, está longe de se esgotar, do trabalho surgem as novas ideias, que geram outras...

domingo, 3 de maio de 2009

Novas pinturas






Continuando os estudos sobre a vanitas de Philippe de Champaigne, as minhas cinco últimas pinturas da série, feitas ontem. São as de número XXXII, XXXIII, XXXIV, XXXV e XXXVI, todas no tamanho 50x60cm. Ainda não coloquei no blog a imagem da XXXI, pintada em minha última ida ao atelier do Rio, que ainda não foi fotografada.

sábado, 2 de maio de 2009

Braco Dimitrijevic ("O Louvre é meu estúdio, a rua meu Museu")


Braco Dimitrijevic, nascido em Sarajevo em 1948, é um dos pioneiros da arte conceitual, já que em 1963 fez seu primeiro trabalho conceitual, a Bandeira do Mundo, onde criou uma bandeira alternativa para a bandeira nacional (hoje temos um artista carioca, Marcos Abreu, que trabalha em criar bandeiras alternativas para países não existentes - a bandeira da Antártida, por exemplo).
No anos 1970, Dimitrijevic trabalhou com o contraste entre anonimato e notoriedade. Em sua série "Casual passer-by", gigantescas fotos de pessoas anonimas eram mostradas em proeminentes fachadas e outdoors em várias cidades da Europa e USA; o artista também criou monumento aos passantes e instalou placas memoriais em honra de cidadões anonimos.



Foi quando começou a trabalhar em instalações que incorporavam pinturas originais de coleções de museus, os "Triptychos Post Historicus", que uniam em uma síntese harmoniosa: a Grande Arte, objetos de dia-a-dia, e frutas... A declaração feita pelo artista - "Louvre is my studio, street is my museum" - expressa a natureza dialética e transgressiva de sua obra. Nestes ultimos 30 anos, Dimitrijevic mostrou cerca de 500 destes tríticos, com pinturas de uma Madonna de Leonardo até um Quadrado Vermelho de Malevitch... em vários museus como a Tate, o Louvre, o Musée d'Orsay, o Centre Pompidou, o Guggenheim Museum New York e o Museu de São Petersburgo.
No início dos anos 1980, Braco Dimitrijevic trabalhou em instalações onde animais selvagens aparecem lado a lado com artefatos e obras de arte, assim colocando em confronto dois modelos culturais - o modelo ocidental e o modelo de outras culturas que vivem em harmonia com a natureza (ou pelo menos os ocidentais assim o acham). O artista diz que "If one looks down at the Earth from the Moon there are virtually no distance between the Louvre and Zoo", propondo uma visão harmonica da realidade, livre de rígidas classificações científicas.
O artista está com a sua primeira retrospectiva na França, no Museu de Arte Moderna de Saint-Étienne, exibindo cerca de 90 obras de todas as suas fases, iniciando com A Bandeira do Mundo, de 1963, até os trabalhos mais recentes, instalações combinando objetos quotidianos com fotografias de Kafka, Malevitch, Tesla etc.
Ah sim, eu não estou lá... gostaria de estar e ver, pois o trabalho do Braco Dimitrijevic é muito interessante.