Este sim, é o máximo de cult.
Leonard Cohen. Poeta, escritor, compositor, cantor, judeu, canadense, budista, ativista; suas músicas, na sua voz rascante ou na voz de inúmeros intérpretes, embalaram os sonhos da geração politizada dos 1960-1970; e continuam vivas, não só nas memórias dos que viveram aquelas gerações como nas dos mais jovens; a cada lançamento (espaçados): surpresas, nostalgia, renovação, e um perfil apontando para o futuro. Nascido em 1934 (21 de setembro, um bom libriano), hoje então com 74 anos; mas com fôlego e inquietude de um jovem. Pois é, e ainda: em 1996, Leonard Cohen foi ordenado monge zen, recebendo o nome dharma de Jikan ("silencioso"), o que é um paradoxo para um cantor.
O CD que não paro de ouvir é o "
Live in London", recém lançado, um CD duplo com 26 músicas, os clássicos:
Hallelujah,
Suzanne,
I'm your man,
First We Take Manhattan ... com a voz inconfundível que canta e faz comentários; um backing-vocal que contribui; uma boa e discreta banda acompanhando; palmas (gravado ao vivo) e participação da platéia; impossível resistir, impossível ouvir uma vez só, impossível deixar de se render à magia do cantor que mais recita do que exatamente canta, à beleza das melodias, à poesia; ao vento de rebeldia dos anos 1960 ainda soprando no terceiro milênio. Isto é cult.
Ah sim, além disso tudo: segundo uma tradiçao em minha família, o ramo que deu origem ao meu pai, os Moraes Correia, são cristão-novos vindos para o Brasil que trocaram o sobrenome Cohen pelo mais aceitável Correia. Assim, é interessante pensar, mesmo que só uma fantasia ou lenda familiar, que ele e eu podemos ter uma raiz comum; e que a voz áspera e ao mesmo tempo suave (que ouço sem parar enquanto pinto minhas variações para as
vanitas ) e as minhas pinturas, são aparentadas, vieram desta raiz, desta sensibilidade de exilado, desta preocupação com o transcendente e com o material, desta sensação de estranheza, de diferente.
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