Sábado de sol e praia no Rio, e visita a exposições no entorno da Praça General Osório:
1- Galeria Amarelonegro, exposição da pintora Gisele Camargo. Tenho acompanhado a evolução do trabalho de Gisele, de um trabalho bem gráfico já mostrado na mesma galeria, o tratamento se torma mais painterly, contrastando os elementos quase chapados que poderiam ser saídos de telas do concretismo ou de uma Wanda Pimentel (mas que olhando melhor se percebe a marca sutil do pincel) com os elementos (árvores, nuvens) com tratamento carregado em óleo; mesmo a marca oleosa das partes tratadas com tinta a óleo, que avança sobre o quase chapado é bem aproveitada, funciona como uma sombra ou aura; e a mudança dos painéis "flutuantes" para os painéis tridimensionais, quase "caixas", como formato para o suporte esclhido também fortalece o trabalho. São centenas de pequenas caixas, com os elementos (as árvores, nuvens, construções, escadas...) e cores (cinzas, preto, vermelho) característicos do trabalho da artista, agrupadas em conjuntos; as pinturas funcionariam individualmente, mas quando a artista as agrupa, os conjuntos passam a ter força própria; e ao dispor os conjuntos pelas paredes, com uma dinâmica nova (dobrando nas quinas das paredes, deixando um eloquente vazio entre eles), a exposição toda cresce, torna-se uma instalação, com uma potência maior do que cada conjunto ou cada tela individual. Em sua exposição, Gisele prova que o todo pode ser bem maior que a soma das partes.
2- Na Galeria Silvia Cintra, rever a exposição da Cristina Canale, que já comentei aqui no blog, sempre um prazer para os olhos.
3- Na Galeria Laura Marsiaj, A Cura, exposição individual do artista pernambucano Carlos Mélo , com desenhos a grafite muito bonitos; elementos díspares se misturam (ossos e esqueletos, flores, microfones, cortinas, cabelos...) em tratamentos de desenho em grafite fortemente traçado ou em linhas leves, flutuando no papel; bons desenhos, com uma aura de mistério. Diz o artista: "Os desenhos são uma espécie de assunto. Às vezes, figuras. Às vezes, manchas, marcas fortes, restos apagados. E neste ‘gesto simples’ eles se revelam como ‘abismos’: que salto político é esse que me garante a apreensão de uma imagem? Retida na pele, deslizando e planando dentro de mim? Bruta, a ponto de querer sair a qualquer custo?". No Anexo da Galeria, Clare Andrews,artista escocesa, com uma série composta por 9 pinturas em pequenos formatos, chamada "Engage Your Shadow", bem interessante.
4- Na Galeria da Bolsa de Arte, exposição do Leilão de maio. Sempre é bom ver as exposições de leilão, em especial as da Bolsa, com catálogos primorosos, e ver: obras maravilhosas, outras apenas interessantes, coisas curiosas (exemplo, uma coleção de xilogravuras do Goeldi, coloridas, tendo como temas... flores), pintores pouco vistos a não ser em coleções particulares ou em leilões (exemplo, a fantástica pintora Maria Polo, que eu só consigo ver, em quantidade, na coleção de um amigo pintor; ou peças isoladas nos leilões), ou obras primas que estão ocultas em coleções particulares e "saem à luz" apenas para a exposição de um Leilão onde rapidamente voltam a se ocultar em outra coleção...
domingo, 10 de maio de 2009
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