Outras programações em SP, além da SP-arte. Como na minha outra vinda a SP, há duas semanas, já vi as principais exposições (MAM, Pinacoteca, Tomie Ohtake e outros), sobraram poucas coisas a ver, mas sempre há:
1- MASP: 1 Século de Pintura Francesa (1860-1960). A exposição tem como título (estranho) "O Realismo"(poderia ser "Do Realismo" o que talvez fosse mais preciso), e não apresenta somente pintores franceses (também brasileiros, de alguma forma ligados à França; belgas etc.). São os quadros do acervo do MASP, e também do Museu Berardo (Lisboa) e instituições francesas. É interessante, em especial pelos quadros vindos de fora, que são novidade para mim; mas não é de modo algum uma exposição excepcional.
"Terra em Transe", trabalhos do fotógrafo espanhol Manuel Vilariño (nada a ver com o filme do Gláuber), fotografias muito bonitas: pássaros mortos, tabuleiros de xadrez, crânios, velas, um clima de mistério, vânitas contemporâneas, e uma técnica bem precisa, uma surpresa para mim. E rever a retrospectiva do Vik Muniz, que eu já havia visto no MAM-Rio (e pensar mais sobre a discussão que tivemos, eu e os artistas Rubem Grilo e Adriana Maciel, sobre a obra do Vik, descendo de Petrópolis em um dia de Carnaval).
2- Museu Lasar Segall, minha primeira ida a este Museu, na Vila Mariana, numa rua muito simpática. O Museu funciona na antiga casa e atelier de Segall, em uma vila de casas projetadas pelo importante arquiteto modernista Gregori Warchavchik, concunhado do artista, e tanto a rua como o Museu conservam um ambiente bem agradável de uma São Paulo dos anos 1930. No Museu, uma exposição sobre o quadro, obra-prima de Segall, Navio de Emigrantes, com dezenas de estudos, desenhos rápidos feitos em navios, capturando cenas, pessoas, rostos, marinheiros... se consegue como que acompanhar o processo criativo do artista, de das dezenas, centenas de estudos que convergem a uma tela onde: "está tudo lá".
E uma interessante exposição sobre fotomontagens da fotógrafa Grete Stern, alemã radicada na Argentina, nascida em 1904 e falecida em 1999. São trabalhos feitos como ilustração para uma coluna sobre psicanálise em uma revista argentina (Revista Idilio, da Editora Abril); e transcendem a ilustração para se colocar como autênticos trabalhos surrealistas. Interessante é a descrição da técnica, feita pela artista e reproduzida no folder da exposição; e pensar em que hoje em dia tudo isso é feito na foto digital com um Photoshop ou algo que valha...
3- projeto APT 181. A princípio pensei ser algo semelhante ao projeto ApArtamento, que o Jonas Aisengart e outros artistas estão fazendo no Rio, e sobre o qual já escrevi em meu blog, mas é bem diferente. Não há a proposta de interferir no espaço do apartamento e na vida dos moradores; na proposta paulista, apartamentos remodelados, localizados no Centro da Cidade (este é um lindo e amplo apartamento, na Av.São Luís 141/181, com um terraço com vista para os edifícios e luzes desta região tão bonita; e a reforma valorizou os espaços e detalhes originais da construção; a maior intervenção talvez tenha sido na cozinha/copa/área/terraço, que se transformaram em um espaço contínuo com chão de cimento cru), utilizados como esapaço expositivo. Nesta edição doprojeto, trabalhos dos artistas Cris Bierrenbach, Célio Braga e Marcelo Solá (gosto muito deste último). Hoje, abertura, uma festa; e durante a semana por agendamento. Provavelmente alén de funcionar como galeria alternativa para os artistas,é uma forma de também mostrar o apartamento à venda para o público alternativo que irá ver os trabalhos e poderá se interessar em comprar o imóvel (eu gostei muito, poderia tranquilamente me mudar e viverem um apartamento tão gostoso e tão perto de tudo, inclusive do metrô - Estação República - e do ônibus para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, ou seja, para novas viagens e aventuras...).
Sampa, como sempre, bombando... e ao passear pelo centro, impossível esquecer a voz do Caetano Veloso em um de seus momentos mais inspirados: "só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João"...
Sampa é assim. No metrô, linha verde, me sento ao lado de um rapaz de seus 30 e poucos anos, todo paramentado de tenista, com as raquetes, shorts brancos, tênis, agasalhos, pernas descobertas apesar do frio; ele lê um livro, compenetrado; aos poucos (curioso) eu consigo ver o título: a Crítica da Razão Pura, do Kant, ainda por cima em francês; inacreditável. Saltamos na mesma estação (Consolação), ele vem do jogo de tênis e vai para a filosofia, e eu flutuo pela arte, só para dizer que: isto é Sampa, na sua mais perfeita traduçao!
sábado, 16 de maio de 2009
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