sábado, 29 de agosto de 2009

Maria Leontina, Desenho em Risco, Rio


No Rio, um lindo sábado, a descida no Santos Dumont é um maravilhoso visual sempre renovado, depois o Aterro e a Atlântica em dia de praia me fazem nem prestar atenção na conversa chata do motorista do táxi.
À tarde, na Caixa Cultural, um compromisso agendado: visita guiada com Sérgio Pizoli, o curador da belíssima exposição da artista Maria Leontina, Desenho em Risco. E finalmente conhecer minha amiga virtual, do Facebook, Alexandra Archer, produtora executiva da exposição. Com direito ao lançamento do catálogo e, principalmente, poder ver o tesouro que estava há 25 anos guardado em uma mapoteca e que veio ao público a partir da iniciativa de Alexandra e Sérgio, com o apoio do artista Alexandre Dacosta (filho da Maria Leontina e do Milton Dacosta).
Sim, um tesouro.

Música de câmara. Poesia. A placidez de roupas secando em um varal. A religiosidade de estandartes, de mulheres contritas, de santos. Cor, cor, cor, gesto.
Um vídeo feito pelo Alexandre Dacosta registra, com amor filial e sensibilidade de artista, as formas precisas e as cores sutis ou audaciosas, do trabalho de Maria Leontina.
A montagem da exposição é muito bem resolvida, as obras fluem nas paredes, no espaço, se consegue mostrar cerca de 250 desenhos sem ficar pesado, cansativo, pelo contrário, uma narrativa leve e plena de significados. Em duas mesas/vitrines, uma amostra do que seriam as gavetas da mapoteca ao primeiro olhar do curador; e a réplica de 3 dos cadernos expostos, que permitem ao espectador o manuseio, a descoberta, página a página, do processo da artista: alguns desenhos, simples anotações, outros, desenhos prontos, outros, apontamentos que vemos realizados depois, em pinturas majestosas.



A narrativa do curador flui, na visita guiada, ao falar sobre o impacto de descobrir aquele material tão importante, tão bem preservado pelo Alexandre Dacosta; ao falar sobre a Bienal de 1955 quando Leontina enviou, não obras espetaculares de estética-Bienal, e sim pequenos desenhos com linhas delicadas, conseguindo aclamação da crítica; as ousadias de cor da artista (azuis e lilazes, laranjas e amarelos.); e muito mais.
Uma exposição de primeira, focada em um aspecto da obra da Maria Leontina, o desenho; e mostrando obras inéditas; com um bom catálogo. Uma exposição para se ver e rever.
Ah sim, e finalmente conheci minha amiga virtual e pude parabenizá-la e ao curador por tão linda exposição. Os pais de Alexandra e meus pais foram amigos, militaram juntos na luta contra a ditadura militar, eu me lembro de tê-la visto ainda um bebê, e agora nos encontramos neste mundo virtual maravilhoso que é o Facebook.

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