quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Contraluz, Raul Leal


Chego ao Santos Dumont, as luzes do Rio me esperam. Ir para casa quando se chega pelo Galeão nos dá sempre o impacto de beleza da Lagoa ao se sair do Rebouças, mas a partir do Santos Dumont recebo nas retinas a beleza do Aterro, da Praia de Botafogo (Santa Lota!) e da Atlântica...
...e como se isto não me bastasse, deixo a mochila em casa e vou à Galeria Amarelonegro, onde está sendo a abertura de Contraluz, a exposição do Raul Leal: mais beleza para minhas retinas.
Não vem como surpresa, pois já tinha visto, em minha última estadia no Rio, uma prévia da exposição (a dúvida é como fizeram para selecionar, entre as 10 telas que vi na prévia, as 5 da exposição, como deixar de fora, sem dor no coração, trabalhos tão bons quanto os expostos, mas claro que as limitações de espaço obrigaram a este corte).
A pintura do artista parte de imagens que são registros fotográficos onde a nitidez se dissolve, a luz vela as formas e as reduz a manchas; o que seriam pessoas ou árvores se transformam em Rorschach, em camuflados, campos de informação dúbia em meio a espaços monocromáticos, e a retina do espectador é tensionada entre a percepção e a fruição.
Mas não são fotografias solarizadas ou estouradas, nem são trabalhos gráficos que mimetizam fotografias; são pinturas, e isso fica claro nos espaços monocromáticos, que não são chapados e sim espaços pictóricos onde a cor escorre, a tinta aparece, o painterly se faz presente, humanizando o trabalho que em chapados, ao meu ver, tenderia para o frio.
Ainda, gravuras e um belo catálogo, lúdico, feito de cartões postais em um envelope negro lacrado. A produção da exposição é da Belvedere, que tem acertado na produção de boas exposições recentes, como a do João Magalhães e a do BobN, ambas no MAM, e a arte3 e a do Alessandro Sartore, na Anna Maria Niemeyer.

Um comentário:

danielle carcav disse...

muito bom o texto, Jozias! Acertou na mosca!bjossss!