quarta-feira, 8 de julho de 2009

Noite no Rio

O dia de ontem foi muito agradável para mim, cercado pela beleza do sol sobre um céu de puro azul e da paisagem do Rio e a noite, felizmente, trouxe a continuidade desta alegria e fruição do belo, além do espírito alegre e informal do carioca, em três eventos relacionados a arte:
1- Abertura da exposição Alcova, na Galeria Laura Marsiaj: ao receber o convite, com a relação de 20 artistas participantes da mostra, imaginei uma galeria muito cheia de trabalhos. Mas o curador Marcelo Campos acertou em cheio: a seleção é ótima e os trabalhos fluem no espaço da Galeria, se integram e dialogam, sem nunca dar a sensação de aglomeração. Muita gente sim, na abertura, que foi um sucesso. Os artistas:
- Ana Miguel, com miniaturas de camas e malas com trabalhos em linha;
- Barrão, um conjunto de bibelôs interligados, um de meus sonhos de consumo;
- Brígida Baltar, com uma pequena parede de tijolos nus, montada como um quadro; e, no chão, em um canto, uma delicada renda traçada em pó de tijolo, uma instalação tão efêmera quanto forte em sua poética;
- Daniel Lannes, uma bela pintura com uma pin-up sensual e um sambista;
- Daniel Murgel, uma pintura que pode ser um projeto de maquete da recente serie de gaiolas/casas do artista;
- Efrain Almeida, um pássaro que voa como se emergisse da parede; de madeira entalhada, tem uma simplicidade e uma leveza marcantes; uma visão detalhista desvenda o perfeccionismo da execução.
- Erika Verzutti, Café Morandi, peças em cerâmica com aparência bruta, de inacabado, e tão fortes, são o anti-Morandi em sua contemporaneidade ruidosa, o belo que vem do incômodo e da vertigem;
- Fábio Morais, Escombro, uma máquina de escrever que, pela obsolescência, se transforma em um objeto misterioso, um ready-made de um futuro passado.
- James Kudo apresenta uma estrutura de casa, em perspectiva perfeita, feita de colagem sobre a parede com adesivos imitando madeira; e o toque final, um "escorrido" da estrutura pela parede, formando "poças" no chão, uma referência à pintura? irônica, pois o escorrido e as poças são do mesmo material adesivo;
- José Rufino trouxe uma cama e a coloca na parede, desconstruída; o tridimensional da cama se transforma em uma instalação quase bidimensional; mas com a perspectiva o olho se engana e vê a cama em três dimensões;
- Lenora de Barros, com uma sequencia de fotos, línguas sobre máquina de escrever, sobre palavras intuídas;
- Leo Videla,uma planta-baixa de arquitetura se transforma em um brinquedo dobrável, uma caixa, um objeto para manipular, construir e desconstruir; um belo trabalho;
- Lucas Bambozzi, um relógio que "altera a sequencialidade das horas, marcando a passagem do tempo";
- Marcia X, um grande momento da sempre saudosa artista, um kamasutrinha, dois bonecos em uma cama se movimentam, engajados em misteriosos e infindáveis movimentos eróticos;
- Pedro Varela, uma maquete das cidades desconhecidas do trabalho do artista, planos que flutuam no ar repletos de pequenos prédios, estradas, material urbano e da natureza, um universo lúdico e vibrante;
- Regina Parra, uma pintura de uma cena de interior, vista de câmara de observação; o tratamento dado pela artista transforma a cena trivial em em algo misterioso, uma expectativa de desconhecido, um presente congelado;
- Renato Bezerra de Mello, trabalhos feitos com folhas de papel carbono montados em uma caixa de acrílico; vêem-se marcas de algo escrito, como que um braille; são cartas; mas não se consegue ler as palavras desta escrita; e um desenho com nanquim branco em camadas de papel transparente; em ambos os trabalhos o artista joga de forma poética com a dificuldade da percepção, a arte como mistério;
- Tiago Carneiro da Cunha, com uma pequena escultura de mesa, em cerâmica colorida, que é um cinzeiro e é também uma vanitas;
- Waléria Américo, com o vídeo Des-limite, onde, em clima onírico, um personagem foge e retorna a uma prisão que é uma cúpula de uma construção de arquitetura eclética;
- Walmor Corrêa, Você vai ficar na saudade, minha senhora, esqueleto de um pássaro dentro de uma redoma com mecanismo de caixa de música.
2- Abertura de exposição coletiva na Galeria Amarelonegro. A galeria optou por um soft-opening, sem badalação; mas fez uma boa exposição que ficará em cartaz um mês, e merece ser vista. Artistas:
Alê Souto, Alvaro Seixas, Bernardo Damasceno, Elvis Almeida, Futoshi Yoshisawa, Geraldo Marcolini, Marina Freire Weffort, Sidney Philocreon, Vânia Mignone, Yasushi Taniguchi
3- Na Via Manzoni, também em Ipanema, lançamento do catálogo da recente exposição do BobN no MAM, e de trabalhos em back-light do artista, com as imagens que revestiam o lounge da exposição. Já comentei aqui no blog a exposição, muito interessante; e os back-lights ficaram bem bonitos; e o evento foi todo um sucesso, com DJ e muita gente bonita e animada, uma boa finalização de uma noite no Rio.

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