domingo, 26 de abril de 2009

SP, on-line, 2

Domingo de sol gostoso e temperatura amena em São Paulo, continuo minhas visitas às exposições:
1- No "anexo" da exposição Rumos no Itaú Cultural, um sobrado simples perto abriga duas instalações "site specific", dos artistas Kilian Glasner e Tiago Carvalho ("Galeria Boliche"), interessantes.
2- Na FIESP, "1961: A Arte Argentina na Encruzilhada: Informalismo e Nova Figuração". No geral, conhecemos muito mais da arte européia ou americana do que da arte de nosso vizinhos latino-americanos, assim esta exposição é uma ótima ocasião para suprir um pouco desta lacuna. O interessante é que a exposição foca na produção de arte de apenas 1 ano, 1961, no qual a arte argentina teria passado por esta inflexão da arte abstrata à nova figuração. Um destaque para mim é a pintura do artista Luis Felipe Noé, que eu não conhecia, e que me deixou fascinado: uma pintura espessa, no limiar entre abstração e figura, cores escuras e vermelhos fortíssimos, e uma prova de se pode fazer uma pintura abstrata política ou engajada, sem ter que cair na figuração kitsch.
3- No Instituto Tomie Ohtake, boas exposições. "O Corpo Denso das Imagens", uma pequena retrospectiva do escultor e pintor Sérgio Romagnolo, com esculturas que são a marca registrada do artista (série Os Profetas, os Fuscas Vermelhos...) e pinturas desde o início da carreira nos anos 1980 até recentes, enormes pinturas de stills desfocados da série de TV A Feiticeira; o catálogo é resumido, mas à venda há um lindo múltiplo, réplica em miniatura dos dois fuscas vermelhos. Roberto Magalhães, A Outra Margem, exposição que se concentra na produção desenhos e pinturas) mais recente do artista; eu vi parte destes trabalhos, acompanhados de obras de outras fases, na Caixa Cultural de Brasília; ao meu ver, no confronto com as obras antigas, estas pinturas mais novas (onde o artista deixa o "hiperrealismo" no tratamento da pintura por um tratamento mais chapado, gráfico) perdem um pouco; porém ao vê-las em um conjunto homogêneo adquirem outra vida. Bob Nugent, Amazônia, uma pintura que se estende por várias salas; um bom catálogo também; o artista é excelente colorista, domina com maestria as diferentes técnicas que utiliza e os efeitos que consegue, com base nas suas muitas viagens ao Brasil e especialmente à Amazônia, são belíssimos, embora (eu acho) um tanto frios, distanciados (como um olhar apolíneo sobre uma Amazônia que é mais dionisíaca). Gravuras recentes de Tomie Ohtake, muito bonitas, e o mais importante ao meu ver é o dinamismo e a vida da artista, ainda produzindo, e muito, e bem, em sua idade.

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