A inauguração da 15a. edição do Projeto Acervo, no Espaço Bananeiras, foi na segunda-feira dia 08. Como nas outras edições, uma festa, com trabalhos de qualidade e também, perfeito para o calor do Rio, deliciosas batidas de frutas (a de frutas vermelhas é o máximo!).
Os artistas participantes são:
Adriano Melhem, com uma bonita pintura em pequeno formato, um rosto de criança quase monocromático, com obliterações em branco;
Alexandre Vogler, interferência (auto-retrato) em uma cédula de R$2,00, um trabalho irônico e tecnicamente perfeito;
Anna Linnemann, um objeto (garrafa de plástico de Coca-Cola) com os cortes em fatias, característicos da pesquisa desenvolvida pela artista, O Mundo como uma Laranja, que submete objetos do quotidiano a tratamentos de corte semelhantes aos feitos na preparação de alimentos em cozinha;
Cadu, com a gravura feita pelas marcas de uma caixinha de música que toca Pour Elise, de Beethoven, um conceito perfeito, execução impecável e resultado muito bonito;
Gustavo Speridião, bonita pintura, em pequeno formato, no tema da nuvem, um dos temas constantes do artista;
Gisele Camargo apresenta uma variação da série Panavision, desta vez um díptico, com telas em dimensões diferentes, inclusive a espessura do suporte, montadas sem intervalo entre elas. Com isto a sensação de fragmentação da paisagem em infinitas partes, uma característica da série, dá lugar a uma composição mais maciça e com outro ritmo, menos regular, ao explorar esta terceira dimensão que vem das diferenças nos suportes;
João Modé, uma bonita fotografia, linhas marcadas com giz ligando pontos no chão que me remetem às stoppages do Duchamp;
Leonardo Videla, uma fotografia da série das plantas arquitetônicas que se transformam em caixas, uma pesquisa do artista que sempre apresenta evolução, como vimos na exposição do artista na Galeria Laura Marsiaj;
Maria Lynch, em sua primeira participação no Projeto, uma pintura com cores fortes e tinta espessa, trabalho de impacto e bem característico da artista;
Marcos Chaves, com uma imagem que é a capa do livro sobre sua obra, enormes letreiros sobre um edifício expõem, monumentais, a palavra Chaves, provavelmente uma marca ou empresa mas também sobrenome do artista. Bem característica da pesquisa feita pelo artista ao descobrir e fotografar situações inusitadas em cenas do quotidiano aparentemente banal, como as fotos dos esfregões que estiveram em Retratos, recente exposição na Galeria Artur Fidalgo.
A montagem, do Leo Videla (idealizador e curador do Projeto), flui bem, em um white cube com janelões de vidro, surpreendentes, dando visão para a paisagem de enormes bananeiras. E constato que. em cada nova edição do Projeto, se mantém e se consolida o nível de qualidade. Leo sempre consegue incorporar artistas novos, e os artistas que participam de mais de uma edição tem sempre a preocupação de apresentar trabalhos/propostas diferentes.
É uma grande realização chegar a esta 15a. edição, 2 anos de trabalho, sem apoio de nenhuma instituição, apenas com a vontade do Leo e dos artistas em divulgar seu trabalho e em ampliar o circuito de arte, possibilitando que novos colecionadores tenham acesso a trabalhos de qualidade.
Uma sugestão é aproveitar este marco para pensar em registrar o passado, as 15 edições, em um catálogo, afinal são 150 trabalhos, 15 colecionadores, grande número de artistas, e um registro permite preservar esta memória, rever o já feito e pensar o futuro.
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malga | Santa Helena
Há 4 dias
Um comentário:
Muito bom Jozias. Dá gosto ler suas informações sobre artistas, exposições e museus. O projeto acervo é uma coletânea de grandes artistas. Não vi, mas fiquei muito motivado. Abraço Marcio
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