quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A arquitetura fantástica de Pedro Varela


Minhas observações sobre a exposição do artista cubano Garaicoa, no CCBB-BSB, me remeteram a abordar neste blog o assunto de artistas que utilizam a arquitetura como tema e referência. Assim, ontem escrevi sobre o artista Leonardo Videla, e hoje escrevo sobre outro artista carioca que desenvolve um trabalho forte e coeso sobre cidades fantásticas, é o Pedro Varela.
Com um desenho preciso e sutil, e grande apuro técnico, Pedro cria espaços amplos, paisagens panorâmicas onde se espalham visões de cidades flutuantes, de uma arquitetura fantástica: futurista, de comics, modernista; cabanas, torres mouriscas, prédios ecléticos, bizantinos, sci-fi, iglus, castelos; florestas psicodélicas topicais e pujantes; palafitas e guindastes... São aglomerados de prédios formando ilhas entre uma névoa apenas sugerida pelo branco-transparente do papel de arroz utilizado como suporte; ou seriam campos de gelo ou de vazio? Os aglomerados desta urbanização delirante deixam para o espectador imaginar a presença de habitantes e de uma vida que talvez pulse escondida nos interiores ou que esteja extinta.

Em trabalhos mais recentes, o artista constrói maquetes de papel, leves e sólidas ao mesmo tempo, algumas flutuam em suspensão no espaço real da galeria, transfigurando-o, criando um novo espaço, fantástico e infinito. Também em trabalhos recentes o desenho se transforma em pintura, as canetas coloridas são acompanhadas de aquarela, o linear se torna mais e mais pictórico, e Pedro utiliza também tinta acrílica sobre tela ou sobre delicados cortes de cambraia montados em bastidores de costura.

É imenso o prazer que temos em seguir com o olhar as paisagens e cidades flutuantes do artista. O olho passeia incansávelmente pelos detalhes arquitetônicos, pelas ruas e viadutos de cidades mágicas, retorna a uma visão de conjunto e volta aos minúsculos pedaços coloridos da cidade ou da floresta, a cada momento descobrindo novos detalhes e novas belezas; e o espectador se transporta irreversivelmente ao cenário fantástico, sente-se alado e poderoso, volta a ser a criança que voava para mundos secretos usando apenas sua imaginação...

Mais: MySpace do Pedro Varela

2 comentários:

Pedro Varela disse...

Jozias,
Adorei o texto! Adorei também a relacao com Carlos Garaicoa, que é um artista que gosto muito.

Um grande abraco!!!

Anônimo disse...

Grata pela visita ao Teleobjetiva. Parabéns pelo seu blog e interessante trabalho artístico.