sexta-feira, 20 de novembro de 2009

No Rio, outro viño, e pensamentos


É, mas a boa surpresa de ontem não se repetiu. O Chablis Denis Race 2003 (bem, não é um Chablis Grand Cru ou 1er Cru, dificilmente iria resistir tanto tempo, mesmo na adega climatizada, é um Chablis simples, comprado no supermercado Zona Sul) estava irremediavelmente passado. Uma pena. Ainda uma boa cor, não escureceu; e ao abrir, ainda um bom aroma, o metálico característico dos Chablis, o que me encheu de esperança; mas na boca sinto que a acidez se foi, está completamente chato, pesado. Que pena. Jogar fora, abrir outro vinho, e prometer a mim mesmo nunca mais ser negligente com o tempo. Senhor da razão, sim, o tempo, mas também o senhor da decadência, do perdido, do destruído, do irrecuperável. Prometer a mim mesmo sempre lembrar que, assim como os vinhos, como tudo, às vezes não adianta esperar demais. O que acumulamos para o futuro talvez não veja nunca este futuro, ou ao vê-lo talvez ele esteja chato como este Chablis. Bebido na época certa, divino; depois da época certa, um cadáver. Prometer a mim  mesmo isso: não esperar demais, não esticar a corda, gozar na hora certa; e: quando se é jovem, a hora certa pode ser o agora e pode ser o depois, o bem depois, a gente tem todo o tempo do mundo; mas quando se é maduro, a hora certa é sempre o agora, quando ainda se esta no auge ou se tem uma lembrança deste auge; pois o futuro pode ser um vinho que virou vinagre.
Prometer a mim mesmo não virar vinagre.
Feliz aniversário, Sr. J.

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