sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Auto-retratos como Cardeal Richelieu


Nos primeiros meses de 2009, a imagem de uma pintura - a Natureza Morta com um Crânio, uma vanitas do pintor francês do Século XVII Philippe de Champaigne - me perseguiu, e com isso eu trabalhei em pinturas, estudos sobre aquela imagem, uma série que chegou esta semana a 53 telas, de diversas dimensões (de 30x40 a 80x100cm).
Há pouco mais de um mês, outra imagem do pintor começou a me perseguir: o Retrato Triplo do Cardeal Richelieu, de 1642, que está na National Gallery em Londres. Não é o único retrato-múltiplo da época, vários outros artistas usaram o retrato duplo, inclusive usando o recurso de reflexo da imagem em um espelho ou superfície espelhada, o que também dá margem para virtuosismo na pintura; e a Royal Art Collection, também em Londres, tem um lindo Retrato Triplo do Rei Carlos I, de Anton Van Dyck.
A função dos retratos triplos, provavelmente, era a de captar vários ângulos da mesma pessoa, juntando-os na mesma tela, para dar uma visão mais completa do retratado, em uma época onde a pintura, o desenho, eram os únicos instrumentos para o registro de imagens; este registro poderia ser utilizado, por exemplo, pelo próprio pintor para fazer novos retratos da pessoa, freguês habitual, claro, sem ter que submetê-lo a posar em novas e tediosas sessões. Com o cubismo, o futurismo, o expressionismo e outros movimentos modernos, estes duplos e triplos adquirem novos sentidos, pictóricos e psicológicos, que certamente não tinham ao serem pintados; penso nos retratos em trípticos do Francis Bacon, por exemplo. Por estes novos sentidos, além, é claro, da beleza do colorido, da sobriedade associada ao luxo, da composição concisa, e talvez por outros motivos inconscientes, o retrato do Cardeal Richelieu me colocou a compulsão de nova série de pinturas.
São os Tríplices Auto-retratos como Cardeal Richelieu, a série de pinturas que está apenas no início; e como nas minhas outras séries, uso o tema e a composição apenas como  um motivo, uma desculpa, para viajar: em cor, em novas formas, em pintura, em misturas com outras imagens de meu trabalho, da História da Arte ou de midia, da arte urbana... Principalmente, pinturas que me dão muito prazer ao fazer.
Estas séries de pintura estão completas em álbuns no meu Facebook, que podem ser vistos (mesmo por quem não tem FB) nos links:
Estudos sobre Vanitas de Philippe de Champaigne
Tríplices Auto-retratos como Cardeal Richelieu

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