É uma tendência bem atual. Apesar, ou mesmo por causa, do sucesso de eventos do circuito tradicional de artes (galerias, leilões, feiras de arte), os artistas buscam novas alternativas para veicular seus trabalhos.
Uma destas iniciativas, no Rio, é o Projeto Acervo (já escrevi aqui no blog sobre este projeto algumas vezes), que foi inspiração para galerias comerciais em projetos com formato semelhante, como a Galeria Arte em Dobro, já na 3ª. edição de sua Coleção.
Outras iniciativas bem interessantes, e com bom retorno, estão baseadas na internet e nas redes de relacionamento, conceitos e realidades bem contemporâneas.
Um exemplo é o da Galeria Motor, uma galeria virtual de arte que, lançada no início de 2010, funciona acoplada ao site de compras Submarino, a partir de iniciativa da Galeria Nara Roesler (SP), com apoio de dez outras galerias do Rio e São Paulo. Na SP-arte esta galeria estava presente com um stand, com vendas, fazendo uma bem sucedida passagem do ciberespaço para o espaço real da feira. Mas a Motor não é, como vimos, uma iniciativa dos artistas e sim de empresas já consolidadas (o Submarino e as galerias) no sentido de busca de novos consumidores de arte, através da internet.
Já no Rio, a utilização das redes de relacionamento para veicular o trabalho de artistas e promover vendas de arte surgiu a partir da iniciativa dos próprios artistas, com a criação da FaceArte, que funciona como um “perfil” no Facebook. Os portfólios dos artistas ficam armazenados como álbuns do Facebook, a divulgação segue o formato de mensagens e eventos do site, e as vendas são negociadas por email.
Além das atividades de divulgação de obras e artistas, FaceArte também se mobiliza em situações de comoção (terremoto no Haiti, chuvas no Rio), na forma de “leilões” virtuais de trabalhos de arte com a renda revertida para as campanhas de doação.
E agora, FaceArte também faz uma passagem bem sucedida para o mundo real, com a exposição Formatos, que abriu ontem no Espaço Crânio, no Rio. É a chance de ver “ao vivo” as obras que estão expostas no espaço virtual do Facebook, conversar com os artistas e organizadores, e o público reagiu bem, enchendo a galeria e comprando. O sucesso no mundo real certamente vai alavancar a atuação virtual de FaceArte.
Utilizando sistemas pré-existentes (todo o software e infra-estrutura do Facebook, já disponível gratuitamente), sistemáticas próprias leves (contato com clientes por email, remessa de trabalhos por Sedex, captação de novos fornecedores/artistas e consumidores/colecionadores através da própria rede de relacionamento), e criando uma imagem virtual positiva (bom gosto, contemporaneidade, preocupação social), FaceArte pode ser descrito como um case de sucesso em e-commerce.
Apesar do crescimento e consolidação do mercado de arte no Brasil nas últimas décadas, ele ainda é muito fechado, com muito personalismo e jogos de poder e de interesses. Desta forma, estas iniciativas são importantes para os artistas que conseguem, sem entrar em guerra com as instituições, como era usual nos anos 1970, ampliar suas alternativas.
O link para FaceArte é: http://www.facebook.com/facearte
Fotos do vernissage da exposição estão no site Só Arte Contemporânea
malga | Santa Helena
Há 4 dias
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