O Itaú Cultural, na Av. Paulista 149 (metrô Estação Brigadeiro) é um espaço imponente, instalações modernas e uma programação cultural importante. A única ressalva que eu faço (especialmente para um viajante que chegou direto do Aeroporto com uma valise no peso máximo para bagagem de mão e uma pasta cheia de papéis) é não ter um guarda-volumes. “Nem um lugar onde deixar as bagagens? Nem mesmo para clientes 5 estrelas (eu sou) ?” Não, não tinha. E o principal problema em relação a isso, ao meu ver, não é nem a comodidade do viajante, e sim o fato de que, nos dias de hoje, entrar com bolsas, sacolas e bagagens em salas de exposição vai contra todas as normas museológicas. Enfim. A exposição
Itaú Contemporâneo: Arte no Brasil 1981-2006 apresenta as obras do acervo do Banco Itaú, com curadoria de Teixeira Coelho, crítico de arte e curador-coordenador do Masp, e projeto cenográfico de Bia Lessa. Bom, mais uma exposição cenográfica.
O acervo tem obras de peso, que estão apresentadas com um foco sobre a produção contemporânea. Em cada núcleo, um vídeo onde o curador fala sobre as obras exibidas e a concepção do conjunto, de forma bem didática, muito interessante. Como é interessante pensar na importância que assumiu no circuito de arte esta figura relativamente recente, o curador, que nesta exposição sai da obscuridade da coxia para se mostrar como uma obra exposta, o vídeo não apenas comenta mas está em pé de igualdade com o Tunga, o Senise, o Beatriz Milhazes, o...
Em um dos núcleos, uma surpresa que causou polêmica: as obras, em sua maioria pinturas sobre telas, estão expostas não nas paredes mas no chão. Do chão ou sobre “pontes” montadas na sala o espectador passearia entre as obras, apreendendo-as com uma visão nova, diferente da janela renascentista. O fato cenográfico teria desagradado aos artistas. É interessante sim, mas é como aquela coisa da Grande Tela na Bienal de SP de 1980 e antigamente, que reduziu as grandes telas da Geração 80 a um corredor onde estaria uma Grande Tela, esta sim obra da curadora. Claro que os artistas reagem. Ao domínio da cenografia e da curadoria. O grande público aparentemente gosta, como gosta da arte-espetáculo, como faz fila na Oca ou na Bienal o que não parece ser muito diferente do Salão do Automóvel ou da UD. E seria diferente? Difícil entender esta polêmica, pensando no "fim da arte" e em outras análises.
Polêmicas e pirotecnias cenográficas a parte, a exposição é importante e vale à pena ser vista e curtida. Um bom acervo, o do Itaú, e mostrado de uma maneira inovadora. Mas o que eu realmente registrei, em minhas pupilas cansadas após uma Ponte Aérea como sempre atrasada (e também carregando minhas bagagens como uma instalação em toda a exposição) foi uma tela, pequena, do Jorge Guinle. Sei que a exposição teve outras coisas, talvez melhores, mas, meu Deus, onde estava o Jorginho quando pintou aquela pequena tela? em que céu de Matisses, de Delacroixes, onde? um acervo que tem esta tela, e tem também um lindo João Câmara, uma linda Milhazes, um bom Tunga, uma forte Nazarteh, Varejão e outros... Bom, talvez em uma visão conservadora minha o acervo possa falar por si só...