sábado, 6 de outubro de 2007

Ponte JK

Somente estes dias eu descobri que a Ponte JK, em Brasília, não é um projeto do Niemeyer (que alias faz críticas a este projeto) e sim do arquiteto Alexandre Chan, também autor do projeto do Piscinão de Ramos...
A Ponte é monumental, e domina a paisagem deste trecho do Lago Paranoá. Minha primeira sensação ao vê-la foi a de que as pontes sempre foram tradicionalmente estruturas quase bidimensionais, "chatas", e que esta era a primeira ponte pensada tridimensionalmente, como uma escultura...
Foi inaugurada no final de 2002, portanto a mais nova das três pontes sobre o Lago Paranoá, o que faz com que os moradores a chamem também de Terceira Ponte (isto me causou uma gafe, logo que cheguei em Brasília, quando fui visitar um amigo, Léo, que me deu por telefone a indicação de que, de onde eu estava, deveria pegar a L4 e a Terceira Ponte. Para mim o conceito de terceira não seria nunca um conceito cronológico, afinal eu não havia visto a construção da primeira, da segunda e da terceira... e sim um conceito espacial, e lá fui eu pela L4 contando: primeira, segunda, terceira... e fui parar no extremo oposto do Lago, exatamente na chamada "primeira" - cronologicamente - ponte, a Ponte das Garças, ou Ponte Presidente Médici. Entre JK e Médici está a Ponte Presidente Costa e Silva - homônima da Ponte Rio-Niterói - esta sim um discreto projeto do Niemeyer).
É hoje um cartão-postal e um dos símbolos de Brasília, miniaturizado em lembranças de lojas de turistas ao lado de bibelôs de outras obras criadas pelos modernistas Niemeyer (Catedral, cúpulas do Congresso, colunas do Alvorada...), Lúcio Costa (o traço de avião do Plano Piloto), Bruno Giorgi (os Candangos, o Meteoro)... E o fato de Brasília ter este novo símbolo não mais modernista mas ao meu ver totalmente pós-moderno, uma apropriação do traço livre do Niemeyer, tão coerentemente Niemeyer que me enganou... isso mostra que Brasília cresceu além do modernismo, para o bem ou para o mal (para desgosto dos puristas) e adquiriu uma personalidade própria, diferente do planejado... Além disso, a Ponte JK possibilita o acesso a uma nova Brasília que, tembém além do planejado, vem introduzindo uma nova forma de morar para a classe média, os condomínios irregulares ou em fase de legalização, mas isso já é outra história...

terça-feira, 29 de maio de 2007

Fotos do Jardim do Poder, no CCBB/BSB




A instalação de Regina Silveira (Mundus Admirabilis) no Pavilhão de Vidro, Sergio Romagnollo e eu, e uma foto ruim da maravilhosa instalação da Laura Lima (Galinhas de Gala, que ao meu ver é a obra que melhor capta as "razões por que Brasília foi historicamente comparada a Versalhes"...)

Jardim do Poder, no CCBB/BSB



A exposição, segundo seu curador, Felipe Chaimovich, "está ordenada como um jardim simétrico, consagrado como 'jardim à francesa' a partir do século XVII. O principal exemplo dessa espécie de paisagismo é o parque de Versalhes. O Eixo Monumental de Brasília espelha a mesma concepção paisagística do jardim à francesa, uma das razões por que Brasília foi historicamente comparada a Versalhes". Participam da exposição: Chelpa Ferro, Gê Orthof, Iran do Espírito Santo, Laura Lima, Lia Chiara, Marcelo Cidade, Marepe, Paulo Bruscky, Regina Silveira (com uma instalação no Pavilhão de Vidro) e Sérgio Romagnollo. O projeto expográfico é de Felipe Tassara. Uma boa exposição. Na foto, o casal entra no espaço da instalação de Gê Orthof.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Em Brasília


Em Brasília, exposição da coleção de Lily de Carvalho, no Museu Nacional, os quadros meio perdidos na arquitetura majestosa do Niemeyer. Um lindo Mabe.
No Museu de Brasília, parte do excelente acervo confinada em uma sala pequena, enquanto os artistas de Brasília ocupam a maior parte do espaço com instalações etc.
No CCBB, que faz a diferença em BSB, rever o Jardim do Poder.
Lindo sábado, sol, temperatura amena, ainda não tão seco. Acredito que haja algum movimento de artes visuais nesta cidade, talvez ligado à UNB, mas ainda não consegui descobrir, um dia talvez eu ache.
Um lindo Museu, o do Niemeyer, porém sem nenhum acervo e de difícil adequação a exposições.
Um simpático Museu, o de Brasília, pouquíssima visitação, excelente acervo, instalações mal conservadas e prováveis falhas em segurança. Tremo de pensar que a linda tela de Iberê Camargo deve dormir no prédio mal viagiado e com infiltrações. A tela da Beatriz Milhazes tem um decascado justo em um campo cor de rosa forte.
Enfim.

domingo, 13 de maio de 2007

No Rio...

Fim de semana no Rio.
Exposições: Nelson Leiner na Silvia Cintra, Cinthia Marcelle na Box 4, Mollica (Ressonâncias) na Galeria 90, Gastão Manoel Henrique na Anna Maria Niemeyer, acervo na Filial da Anna Maria Niemeyer da Praça Santos Dumont (o destaque é para uma pintura óleo sobre tela, grande, do Rodrigo Andrade, O Cubo Preto) e Marcos Veloso na Mercedes Viegas.
No MAM, Caetano de Almeida e as novas aquisições da Coleção Gilberto Chateubriand.
Espero ter tempo, depois, de escrever um pouco sobre cada uma delas.
E... lindos dias, frio, sol, como só o Rio de Janeiro (que continua lindo) tem...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Virada Cultural e outros

Um bom final de semana em SP. A Virada Cultural, sem dúvida um sucesso, mesmo com o quebra-quebra do show dos Racionais (não sei o que está na cabeça de organizadores de eventos que imaginam que show dos Racionais possa transcorrer sem problemas...). O Centro de SP cheio de gente de todas as tribos, policiamento na medida, tudo muito civilizado... Vi os shows da Praça da Sé (Alceu Valença, Andrey Tosh e Nação Zumbi) e nos intervalos belisquei os DJs do Pátio do Colégio. Domingo fiz uma programação mais light, mas a programação continuou, espalhada pela cidade, bem diversificada e com ótima audiência. Um sucesso. Ainda na programação da Virada Cultural, uma exposição no SESC Cultural sobre Mulheres e a abertura, na Pinacoteca, de uma retrospectiva da Niobe Xandó, com a presença simpática da artista, bem velhinha mas sorridente e amável... No por-de-sol do domingo, subi ao teto de um prédio altissimo nos Jardins, e de lá ficamos vendo a cidade até o horizonte, até onde a vista alcança, como se não houvesse mais natureza que não o Ibirapuera ou o paisagismo dos prédios, como se toda a natureza do mundo fosse "construída" e não "natural".

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Em Sampa novamente

Ontem, Campinas, à noite, a impressão que me deixou foi a de uma São Paulo - viadutos, auto-estradas, só que sem a verticalidade de Sampa.
Reunião em um Hotel com Centro de Convenções que parecia Dubai ou uma espaçonave. E após a reunião conversar sobre Jack The Stripper com um especialista, entre outras coisas, exatamente em Jack... e sair de Campinas e voltar a SP me sentindo precisamente como a 9ª vítima do Stripper...
Hoje, ao entrar no Metrô Consolação para ir trabalhar perto da Estação da Luz, me sentir como um morador... e também me sentir como no Metrô de New York, e pensar que estar em SP é como estar en NYC só que com a vantagem de não precisar obrigatoriamente de falar em inglês...
E assim mais um fim de semana em Sampa, com vasta programação cultural a fazer.
A Virada Cultural, shows em vários lugares do Centro na madrugada de sábado para domingo. O CCBB que ficará (com o Antonio Manuel) aberto durante toda a madrugada acompanhando a Virada. Como uma "movida" madrileña, ou como estar em NYC, mas aqui, ao alcance de uma ponte aérea, uma cidade cosmopolita e que conserva algumas coisas que o Rio está perdendo.
Em SP, de novo.
Depois conto o que vi.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Na Gentil Carioca




Em 2006 estive em uma coletiva de desenho "A Educação!" na galeria A Gentil Carioca, no Rio, com este desenho sobre folhas do Thesouro da Juventude. Os desenhos foram mostrados de uma maneira bem informal, presos na parede sem molduras, e a exposição foi bastante representativa.

Leo 50 anos



A mostra “Leo, 50” apresenta 96 desenhos de Leonilson originalmente publicados na Folha de S. Paulo, entre 1991 e 1993, na coluna de Barbara Gancia. Há ainda rascunhos, esboços, objetos, pequenas maquetes e notas do diário do artista. A mostra ocorre no momento em que Leonilson completaria 50 anos. Ele nasceu em Fortaleza (CE) em 1º de março de 1957 e morreu em São Paulo (SP) em 1993. Curadoria de Ivo Mesquita (de 31/03/07, às 11h, a 03/06/07).
Leonilson 50 anos...
Incrível, o Leonilson faria 50 anos agora... os sobreviventes da Geração 80 hoje estão nesta faixa de idade, e nos anos 1980 eramos tão jovens, achamos que íamos conquistar o mundo...
Leonilson morreu muito jovem, mas o trabalho está aí, como um testemunho da fragilidade do ser humano, dos relacionamentos, da própria vida... e o trabalho frágil, feito em material tênue como o voal, como a vida, permanece, forte, como as verdades, todas as verdades...A exposição é bonita sim mas o Leonilson merece mais, uma grande retrospectiva, que não se limitasse aos desenhos feitos para ilustração da coluna da Folha de São Paulo e dos pequenos formatos e mostrasse as grandes lonas pintadas, os bordados e bordados, as instalações, o conjunto todo...
Grande Leo, de longe continua nos ensinando...

segunda-feira, 30 de abril de 2007

A Serpente





A Serpente, o trabalho apresentado como instalação e vídeo no Parque Lage em 2006... aqui o início e o final da serpente, desenhada sobre um velho exemplar do Thesouro da Juventude... A serpente que come o próprio rabo, o horus-borus, na verdade é a mesma idéia de renovação que postei outro dia com o horóscopo... é preciso sempre se renovar, com base no acumulado no passado, e sempre do velho descobrir o novo, fazer nascer das cinzas frágeis do passado que se esvai, o novo que o icorpora e o transfigura...

Itaú Contemporâneo

O Itaú Cultural, na Av. Paulista 149 (metrô Estação Brigadeiro) é um espaço imponente, instalações modernas e uma programação cultural importante. A única ressalva que eu faço (especialmente para um viajante que chegou direto do Aeroporto com uma valise no peso máximo para bagagem de mão e uma pasta cheia de papéis) é não ter um guarda-volumes. “Nem um lugar onde deixar as bagagens? Nem mesmo para clientes 5 estrelas (eu sou) ?” Não, não tinha. E o principal problema em relação a isso, ao meu ver, não é nem a comodidade do viajante, e sim o fato de que, nos dias de hoje, entrar com bolsas, sacolas e bagagens em salas de exposição vai contra todas as normas museológicas. Enfim. A exposição Itaú Contemporâneo: Arte no Brasil 1981-2006 apresenta as obras do acervo do Banco Itaú, com curadoria de Teixeira Coelho, crítico de arte e curador-coordenador do Masp, e projeto cenográfico de Bia Lessa. Bom, mais uma exposição cenográfica.
O acervo tem obras de peso, que estão apresentadas com um foco sobre a produção contemporânea. Em cada núcleo, um vídeo onde o curador fala sobre as obras exibidas e a concepção do conjunto, de forma bem didática, muito interessante. Como é interessante pensar na importância que assumiu no circuito de arte esta figura relativamente recente, o curador, que nesta exposição sai da obscuridade da coxia para se mostrar como uma obra exposta, o vídeo não apenas comenta mas está em pé de igualdade com o Tunga, o Senise, o Beatriz Milhazes, o...
Em um dos núcleos, uma surpresa que causou polêmica: as obras, em sua maioria pinturas sobre telas, estão expostas não nas paredes mas no chão. Do chão ou sobre “pontes” montadas na sala o espectador passearia entre as obras, apreendendo-as com uma visão nova, diferente da janela renascentista. O fato cenográfico teria desagradado aos artistas. É interessante sim, mas é como aquela coisa da Grande Tela na Bienal de SP de 1980 e antigamente, que reduziu as grandes telas da Geração 80 a um corredor onde estaria uma Grande Tela, esta sim obra da curadora. Claro que os artistas reagem. Ao domínio da cenografia e da curadoria. O grande público aparentemente gosta, como gosta da arte-espetáculo, como faz fila na Oca ou na Bienal o que não parece ser muito diferente do Salão do Automóvel ou da UD. E seria diferente? Difícil entender esta polêmica, pensando no "fim da arte" e em outras análises.
Polêmicas e pirotecnias cenográficas a parte, a exposição é importante e vale à pena ser vista e curtida. Um bom acervo, o do Itaú, e mostrado de uma maneira inovadora. Mas o que eu realmente registrei, em minhas pupilas cansadas após uma Ponte Aérea como sempre atrasada (e também carregando minhas bagagens como uma instalação em toda a exposição) foi uma tela, pequena, do Jorge Guinle. Sei que a exposição teve outras coisas, talvez melhores, mas, meu Deus, onde estava o Jorginho quando pintou aquela pequena tela? em que céu de Matisses, de Delacroixes, onde? um acervo que tem esta tela, e tem também um lindo João Câmara, uma linda Milhazes, um bom Tunga, uma forte Nazarteh, Varejão e outros... Bom, talvez em uma visão conservadora minha o acervo possa falar por si só...

sábado, 28 de abril de 2007

Vendo meu horóscopo

Data estelar: Vênus e Júpiter em oposição, Marte e Urano em conjunção, Lua vazia das 16h15 às 18h46, horário de Brasília.
Escorpião:
Nada voltará a ser como antes, e apesar de isso evocar uma ponta de saudade, porque você desconhece o futuro, chegará o momento, que não durará muito a vir, em que sua alma perceberá ter sido muito melhor superar o passado.
(Oscar Quiroga, www.quiroga.net)
Vale para mim e meus colegas escorpianos, mas na verdade a mensagem de se despojar do passado e entrar sem medo no futuro vale para todos os humanos...

sexta-feira, 27 de abril de 2007

O Diário Paulistano de Jürgen Partenheimer

Exposição de desenhos de J.P., artista alemão nascido em 1947, na Pinacoteca. Em 2005 o artista foi convidado para uma permanência de um mês em SP, e instalou seu ateliê no Edifício Copan. O Diário Paulistano expressa, com os desenhos e textos produzidos neste local, a angústia causada no artista pela vivência no prédio, uma obra-prima modernista, com seus 32 andares e 5000 habitantes, bem no centro da metrópole.
Os desenhos são muito bonitos e poéticos e os textos interagem bem com o visual. A angústia de habitar o Copan, de ver a paisagem entrecortada pelos detalhes arquitetônicos, da folha de papel em branco... estão lá, não como ilustrações mas como registros de uma vivência.
Uma bela exposição.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Gonçalo Ivo em Sampa


Vernissage da exposição do Gonçalo Ivo em São Paulo, na Galeria Dan, 14 de abril. Na foto, Gonçalo e eu. A tela grande ao fundo foi vendida, juntamente com outras, já no dia do vernissage. A exposição está muito bonita, o trabalho do Gonçalo se aprimora a cada dia, é um prazer acompanhar sua carreira (e ser seu amigo) desde a década de 80.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

SP ferve!

São Paulo ferve!
Fim de semana de 14-15/abril: Estive lá na abertura da exposição do Gonçalo Ivo na Galeria Dan (http://www.dangaleria.com.br/), e ainda: abertura da expo do Luiz Zerbini na Galeria Fortes Vilaça (http://www.fortesvilaca.com.br/) . Curti muito a Feira de Antiguidades da Praça Benedito Calixto (http://www.pracabeneditocalixto.com.br/). No vernissage do Gonçalo conheci pessoas interessantes, ligadas a cinema (http://www.vaziodelicado.nu/)
Fim de semana de 21-22 de abril: Centro Cultural Itaú, mostra Itaú Contemporâneo, muito boa, bom trabalho de curadoria, com a polêmica de quadros expostos no chão (http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2132&cd_materia=2255), Pinacoteca e Estação Pinacoteca, no CCBB a abertura da exposição do Antonio Manoel. E a SP-arte, ótima, onipresente, todos e todas... (http://www.sp-arte.com/) Vale à pena ver, a cada edição fica melhor, mais organizada, mais abrangente. Uma tirada, meio chocante, meio gozação, meio verdade: "vir à SP-arte é melhor do que vir à Bienal..."
Enfim, SP ferve!