Muita coisa acontecendo. O tempo não para. Não para, mesmo, eu sei.
Uma viagem, estive pela primeira vez em uma Documenta, em Kassel, uma exposição que aponta para o futuro. E para minha surpresa vejo que a Documenta mostra coisas que me são muito familiares. Uma arte sem formalismo, sem esteticismos. A volta da narrativa, da pesquisa, do texto, da historicidade, da memória. Uma exposição política, que ousa desafiar o circuito, ousa incorporar o passado, ousa questionar o mercado, a lógica do mercado.
E está lá, até dezembro, na exposição Transperformance 2, na Oi Futuro, com curadoria da Marisa Flórido: "A dona de tudo". Na inauguração as pessoas faziam fila para ver/ouvir, 6min20seg, um texto tenso que escrevi há algum tempo e que agora vem à luz e me anima a retomar trilhas que já estavam em meus trabalhos antigos, que agora me parecem tão atuais, tão "para o futuro". Paradoxos do tempo, o verdadeiro futuro está ancorado em um verdadeiro passado, "what's past is prologue" (Will.S.).

Escreveu Walter Benjamin: "Quem escuta uma história está em companhia do narrador; mesmo quem a lê partilha dessa companhia", e é isso o que eu quero mostrar nestes meus novos trabalhos, quero ser o narrador destas histórias para cada um dos ouvintes, individualmente, na luz tremeluzente de uma fogueira, como na Grécia o fez um poeta cego.